França. Profissionais de saúde que recusem ser vacinados podem ser despedidos
França. Profissionais de saúde que recusem ser vacinados podem ser despedidos
Em França, todos os profissionais de saúde podem ser obrigados a vacinar-se contra a covid, a partir de 15 de setembro. Quem recusar é suspenso, fica sem salário e pode mesmo ser despedido, informa o Governo francês que quer implementar a vacinação obrigatória para médicos, enfermeiros, cuidadores e todos funcionários hospitalares, de centros de saúde, lares de terceira idade públicos e trabalhadores que contactam com pessoas deficientes ou com saúde frágil.
Esta medida está a revoltar estes profissionais, com os cuidadores a marcarem uma greve por tempo indeterminado a partir de hoje, 4 de agosto.
Amanhã, dia 5, o Conselho Constitucional irá pronunciar-se sobre esta exigência, incluída na nova lei da gestão da crise sanitária que prevê igualmente o alargamento do passe sanitário a quase todos os locais públicos em França.
Por toda o país, multiplicam-se as manifestações que levam milhares de pessoas às ruas em protesto contra o passe sanitário e a vacinação obrigatória para os profissionais de saúde. Contudo, o governo não cede na sua intenção.
A vacinação será obrigatória para todos os profissionais dos " hospitais, clínicas, centros de idosos, estabelecimentos para pessoas com deficiência, e todos os profissionais ou voluntários que trabalhem em contacto com idosos ou pessoas frágeis, inclusive em casa ”, anunciou Macron. A partir de 15 de setembro, passam a ser feitos "controlos nesses locais e serão impostas sanções”, a quem recusar a vacina, acrescentou.
O que acontece a quem recusar?
Também a ministra do Trabalho já especificou quais as sanções que incorre quem se recusar a ser vacinado, entre os profissionais de saúde e cuidadores.
" Vamos incluir na lei [...] uma disposição especial para a suspensão do contrato de trabalho, uma vez que a pessoa não está em condições de exercer a sua profissão se não tiver sido vacinada ", esclareceu Élisabeth Borne, citada pelo Le Figaro.
O profissional será suspenso ou é proposta uma licença sem vencimento para que “possa cumprir as suas obrigações de vacinação”. A suspensão pode ir de “um mês a seis semanas”, vincou a governante.
Se o profissional continuar a recusar ser vacinado contra a covid pode avançar-se para o “despedimento”, tal como acontece com a recusa das outras vacinas obrigatórias para os profissionais de saúde, vincou a ministra.
Moral e demissões
“Não somos contra a vacinação, mas deve continuar a ser uma escolha livre”, defendeu Jean-Marc Devauchelle, secretário-geral da Federação SUD Santé Social, citado pelo Le Figaro.
Esta organização sindical dos cuidadores convocou uma greve nacional em França, “por tempo indeterminado” a partir de 4 de agosto, hoje, contra a vacinação obrigatória.
“Pela minha parte decidi vacinar-me na segunda-feira passada, depois de ter hesitado durante um bom período de tempo. Mas foi uma escolha pessoal e não incentivo ninguém a fazê-lo e a nossa federação não vai impor” esta medida, vinca este dirigente sindical.
Jean-Marc Devauchelle frisou que a sua federação não se irá colocar do lado dos movimentos anti-vacinas, mas sim dos que protestam contra as medidas do passe sanitário e da vacina obrigatória.
O sindicalista revelou ainda a sua preocupação pelas consequências “a nível moral” que a obrigação da vacina pode ter entre os trabalhadores, podendo mesmo “levar a demissões”. “De certeza que tal acontecerá. Resta saber se serão pontuais ou muitas”, vincou Devauchelle. Segundo os dados do Ministério da Saúde apenas 55% dos profissionais de saúde dos centros de idosos e unidades de cuidados de longa duração em França receberam uma dose da vacina anti-covid. Razão pela qual o Governo quer avançar com a vacinação obrigatória, alegando ser uma medida de proteção necessária.
Se amanhã, o Conselho Constitucional aprovar a vacinação obrigatória e a extensão do passe sanitário em França, os protestos irão de certeza aumentar.
Além da França, também Itália e Grécia avançaram também para vacinação obrigatória dos cuidadores e respetivas sanções.
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