França. Máscara deixa de ser obrigatória nos transportes públicos
França. Máscara deixa de ser obrigatória nos transportes públicos
A última grande restrição contra a covid vai desaparecer em breve em França. Os passageiros já não terão de usar máscaras nos transportes públicos a partir da próxima segunda-feira, 16 de maio. O anúncio foi feito pelo Governo numa altura em que a epidemia recua no país, ainda que provavelmente esteja longe de terminar.
"A partir de segunda-feira, 16 de maio, deixará de ser obrigatório o uso de máscara em todos os transportes públicos", disse o ministro da Saúde, Olivier Verán, esta quarta-feira, após o Conselho de Ministros.
Pouco depois desta declaração, a Agência Europeia para a Segurança da Aviação (EASA, na sigla inglesa) anunciou o levantamento da obrigação de usar uma máscara nos aeroportos e a bordo dos aviões em toda a União Europeia a partir de segunda-feira.
Em França, Olivier Verán insiste que o uso de uma máscara ainda é "recomendado", mas a realidade assemelhar-se-á provavelmente aos supermercados ou cinemas, onde a medida já está em vigor: a grande maioria dos rostos estará novamente a descoberto.
Infeções e hospitalizações em decréscimo contínuo
Este será o fim do último grande símbolo da epidemia da covid-19 no espaço público, uma decisão que se apoia no facto de a doença se ter tornado menos preocupante do ponto de vista sanitário e político.
"A situação está a melhorar", resumiu o ministro, uma vez que, há mais de um mês que as infeções e hospitalizações finalmente diminuem após uma vaga de inverno muito longa.
Esta vaga provou ser gerível pelos hospitais, devido à boa proteção da população pela vacinação, bem como ao perigo relativamente baixo da variante Omicron, que surgiu no final de 2021.
A média diária de novas infeções durante sete dias situava-se esta quarta-feira nos 40.299, em comparação com 47.925 na quarta-feira anterior.
O decréscimo foi também confirmado nos hospitais, onde 20.152 pacientes covid estavam hospitalizados, em comparação com 22.319 uma semana antes.
A covid-19 passou para segundo plano nas preocupações governamentais, tendo a situação sanitária sido muito pouco abordada no decorrer da campanha presidencial que levou à reeleição de Emmanuel Macron.
Neste contexto, o governo já tinha tomado várias medidas nos últimos meses, nomeadamente o fim do uso de máscaras em março, exceto nos transportes, e do passe vacinal, que exigia a vacinação contra a covid para aceder a muitos locais, tais como restaurantes e cinemas.
Especialistas alertam para sensação de segurança excessiva
Com o anunciado fim da máscara nos transportes, França, tal como vários dos seus vizinhos, terá quase regressado à sua vida pré-pandémica mais de dois anos após a chegada da pandemia à Europa.
Alguns investigadores advertem contra uma sensação de segurança excessiva, dizendo que a epidemia está sob controlo mas provavelmente não acabou, particularmente tendo em conta a ameaça de uma nova variante.
Em França, "a pandemia não terminou claramente, mesmo que possamos esperar que, dados os níveis de imunidade da população (...), possamos passar a uma fase mais transitória", salientou Sylvie van der Werf, virologista do Instituto Pasteur, numa conferência de imprensa realizada na semana passada pela Agência Nacional de Investigação sobre a SIDA e as Hepatites Virais (ANRS, na sigla francesa).
O Governo está a seguir a mesma linha. O ministro da Saúde afirma igualmente que "a pandemia não acabou", e que algumas restrições serão mantidas.
Passe sanitário para aceder a estabelecimentos de saúde continua em vigor
Um passe "sanitário" — distinto do passe vacinal porque também funciona no caso de um teste negativo recente — continuará a ser exigido para o acesso aos estabelecimentos de saúde (como hospitais, lares, etc.). A medida durará pelo menos até ao verão, segundo Olivier Véran. Além disso, o isolamento de pelo menos uma semana continuará a ser imposto após um teste positivo.
A nível hospitalar, os profissionais de saúde não vacinados, que atualmente não podem exercer a sua atividade, não serão reintegrados imediatamente, mas o Executivo francês diz que ainda está a considerar o próximo passo.
"Teremos de nos questionar regularmente", disse o ministro, anunciando a sua intenção de pedir em breve o parecer da Alta Autoridade para a Saúde (HAS, na sigla francesa) sobre o assunto.
Finalmente, o ministro mencionou a possibilidade de haver uma nova campanha de vacinação no outono, mas absteve-se de dar quaisquer pormenores, salientando que tudo dependeria do aparecimento de novas variantes e do seu perfil mais ou menos perigoso ou resistente às vacinas existentes.
