Forças russas transferem controlo de Chernobyl para a Ucrânia
Forças russas transferem controlo de Chernobyl para a Ucrânia
As autoridades ucranianas informaram esta quinta-feira a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) que a antiga central nuclear de Chernobyl passou a estar novamente sob controlo da Ucrânia, depois da saída das tropas russas, alegadamente por terem ficado expostas a elevados índices de radiação.
"A Ucrânia informou hoje a AIEA de que as forças russas que têm estado no controlo da Central Nuclear de Chernobyl desde 24 de fevereiro tinham, por escrito, transferido o controlo da central nuclear para pessoal ucraniano e transferido duas colunas militares para a Bielorrússia. Uma terceira coluna também tinha deixado a cidade de Slavutych, onde vive muito do pessoal da central nuclear de Chernobyl, e foi para a Bielorrússia", refere a agência em comunicado.
A AEIA adianta que as autoridades ucranianas disseram que ainda existem algumas forças russas no complexo da central nuclear, mas que essas tropas se estão a preparar para partir.
Sobre as notícias que dão conta que a saída dos russos se deveu à exposição elevada à radiação da central, a agência disse não ter sido possível confirmar essa informação. "A AIEA está à procura de mais informações a fim de fornecer uma avaliação independente da situação."
O diretor do organismo, Rafael Grossi, diz estar "em estreitas consultas com as autoridades ucranianas" para enviar uma primeira missão de assistência e apoio à central nuclear, nos próximos dias.
O responsável chegou ontem Kaliningrado - um enclave russo entre a Polónia e a Lituânia - para conversações com altos funcionários russos esta manhã, para rever as medidas concretas a tomar nos sentido de "prestar imediatamente assistência técnica urgente em matéria de segurança e salvaguardas nucleares à Ucrânia".
Esta sexta-feira à tarde está prevista uma conferência de imprensa com Rafael Grossi na sede da agência, em Viena.
Presidente do Parlamento Europeu a caminho de Kiev
A presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, anunciou hoje que está “a caminho” de Kiev, embora não tenha dado mais detalhes por questões de segurança.
Metsola, que partilhou a informação, em inglês e em ucraniano, na rede social Twitter, será a primeira representante máxima de uma instituição europeia a viajar para a Ucrânia, desde a invasão russa, a 24 de fevereiro.
O anúncio desta viagem acontece poucas horas antes de uma cimeira entre a União Europeia e a China, que decorrerá por videoconferência.
Entretanto, hoje de manhã, a Rússia acusou a Ucrânia de ter bombardeado um depósito de petróleo nos arredores da cidade russa de Belgorod, junto à fronteira russo-ucraniana e a cerca de 70 quilómetros de Kharkiv, provocando um incêndio nesse complexo.
Rússia anuncia corredor humanitário em Mariupol mas dificuldades persistem
Esta quinta-feira à noite a Rússia anunciou a abertura de um corredor humanitário para esta sexta-feira de manhã, com o intuito de retirar civis de cidade ucraniana cercada de Mariupol.
“As Forças Armadas russas vão reabrir um corredor humanitário de Mariupol a Zaporizhzhia (a 220 quilómetros a noroeste) em 01 de abril a partir das 10h, horário de Moscovo”, adiantou o Ministério da Defesa russo.
A medida foi tomada na sequência de “um pedido pessoal do Presidente francês (Emmanuel Macron) e do chanceler alemão (Olaf Scholz) ao Presidente russo, Vladimir Putin”, acrescentou o Ministério num comunicado.
“Para garantir o sucesso desta operação humanitária, propõe-se realizá-la com a participação direta de representantes do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados [ACNUR] e do Comité Internacional da Cruz Vermelha [CICV]”, prosseguiu.
A CICV disse ontem estar pronta para “liderar” as operações de evacuação em Mariupol a partir de sexta-feira, desde que tivesse garantias de segurança.
A porta-voz do Comité Internacional da Cruz Vermelha para a Ucrânia exigiu às duas partes na guerra o respeito do direito internacional nas garantias de segurança para a fuga dos civis dos locais de conflito e nos corredores para entrega de ajuda humanitária.
Em entrevista à Lusa, Lucile Marbeau afirmou que é necessário um "diálogo contínuo entre todas as partes para lhes lembrar" que a Ucrânia e a Rússia têm "as suas obrigações legais ao abrigo do direito humanitário internacional" e devem "dar uma passagem segura" aos civis.
Sem nunca referir qual das partes não está cumprir as obrigações do direito internacional, Lucile Marbeau recorda que, segundo os acordos subscritos pela Rússia e Ucrânia, os "civis que quiserem sair [dos locais de conflito] devem poder fazê-lo de uma forma segura, sem risco", algo que não está a acontecer neste momento em muitas áreas.
Esta manhã, a BBC noticiava que vários autocarros e camiões com apoio humanitário já estavam a caminho de Mariupol, mas que segundo a Cruz Vermelha Internacional, a ajuda estava ainda parada Zaporizhzhia, por falta de garantias de segurança para avançar.
Segundo a Reuters, o plano de evacuação da população que ainda se encontra retida em Mariupol, mais de 100 mil pessoas, foi decidido por autoridades de alto nível da Ucrânia e da Rússia. A operação a envolve 54 autocarros e ficou acordado que essas pessoas serão levadas para outros destinos na Ucrânia.
Kiev diz que já morreram 153 crianças desde início da invasão
As autoridades judiciais da Ucrânia avançaram esta sexta-feira que 153 crianças morreram e 245 ficaram feridas na sequência da invasão russa do país, que se iniciou no dia 24 de fevereiro.
"Quase 400 crianças foram afetados (diretamente) na Ucrânia desde o começo da agressão armada da Federação da Rússia, entre os quais 153 foram 'assassinadas' e 245 ficaram feridas", disse a Procuradoria Geral da Ucrânia numa mensagem difundida hoje pela rede social Telegram, citada pela agência Ukrinform de Kiev.
Segundo a mesma fonte, a maior parte das crianças residiam nas regiões de Kiev, na autoproclamada república de Donetsk e na cidade de Karkov no noroeste e nas regiões norte da Ucrânia particularmente atingidas pelos bombardeamentos russos.
A Procuradoria refere que ainda está a recolher dados sobre a situação relacionada com crianças na cidade portuária de Mariupol, no sul do país cercada pelas forças russas.
A mesma fonte acusa ainda a Rússia de ter provocado a destruição de 859 estabelecimentos de ensino em todo o país.
(Com Lusa)
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