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"Foi aqui que consegui voltar a andar". Soldados ucranianos são tratados na Letónia
Mundo 4 3 min. 14.03.2023
Visita de Estado do Grão-duque

"Foi aqui que consegui voltar a andar". Soldados ucranianos são tratados na Letónia

Ivan Lipynskyi, 31 anos (de t-shirt cinzenta, na imagem), decidiu transformar-se soldado pouco depois da invasão russa. “Queria salvar a minha família e os meus filhos”, diz.
Visita de Estado do Grão-duque

"Foi aqui que consegui voltar a andar". Soldados ucranianos são tratados na Letónia

Ivan Lipynskyi, 31 anos (de t-shirt cinzenta, na imagem), decidiu transformar-se soldado pouco depois da invasão russa. “Queria salvar a minha família e os meus filhos”, diz.
Foto: SIP
Mundo 4 3 min. 14.03.2023
Visita de Estado do Grão-duque

"Foi aqui que consegui voltar a andar". Soldados ucranianos são tratados na Letónia

Madalena QUEIRÓS
Madalena QUEIRÓS
Ivan está contente por falar com jornalistas do Luxemburgo e espera que a reportagem possa ser vista pelos seus familiares que vivem no Grão-Ducado. O Centro Nacional de Reabilitação de Vaivari já recebeu cerca de 140 soldados ucranianos vítimas de ferimentos de guerra.

Quase não consegue esconder as lágrimas enquanto fala. Inese Svarca, chefe do departamento médico do maior centro de reabilitação da Letónia conta a história trágica de uma família, que chegou de Mariupol na Ucrânia. “A mulher teve que ser amputada das duas pernas, o marido perdeu um dos braços e os dois perderam a única filha de sete anos”. Esta são apenas duas das muitas vítimas da guerra na Ucrânia que acabaram por ser tratadas no Centro Nacional de Reabilitação de Vaivari na Letónia.   

Ivan Lipynskyi, 31 anos, é outro dos casos. Decidiu transformar-se soldado pouco depois da invasão da Ucrânia. “Queria salvar a minha família e os meus filhos”, relata. Habitante de uma pequena cidade perto de Kiev, depois de meses de treino foi para a frente da guerra e acabou por ser ferido gravemente na perna e mão esquerdas. Depois de ser operado na Ucrânia por médicos lituanos que lhe salvaram a mão acabou por ser enviado para o centro de reabilitação.

“Depois de meses numa cama foi aqui que consegui voltar a andar, o que foi uma grande alegria”, conta. Em breve deverá regressar à Ucrânia para lutar e para reencontrar a sua família que não vê há meses. Conhece muitos outros homens transformados em soldados para “lutar pela Ucrânia” e muitos precisavam da assistência que teve neste centro que fica localizado a dois minutos (a pé) do mar. Está contente por falar com jornalistas do Luxemburgo e espera que a reportagem possa ser vista pelos seus familiares que vivem no Grão-Ducado.

  “Todos estão traumatizados"  

Ivan é um dos 140 soldados ucranianos que já passaram por este centro. “Recebemos pacientes vítimas de explosão de minas, de amputações com múltiplas fraturas”, revela a responsável do departamento médico. “Todos estão traumatizados. O que começamos a ver como um problema é que todos têm síndrome pós-traumático e alguns deles têm diferentes adições de todo o tipo de drogas ou do álcool”, confessa. “Para os tratar temos que envolver psiquiatras, psicólogos  e psicólogos militares”, acrescenta.

Mas há outros desafios como a comunicação. “Muitos de nós falamos russo, língua que também falam na Ucrânia. Mas, no início, alguns soldados mais jovens não queriam falar russo”, por ser a língua do agressor, conta a médica. “Só depois de alguns dias começaram a falar russo”, relata.

O centro, fundado pouco depois da declaração da independência da Letónia, em 1992, tem um acordo de cooperação com a Ucrânia, desde a ocupação da Crimeia em 2015. Desde então começaram a receber militares veteranos da Ucrânia. O ministério da Saúde ucraniano escolhe os pacientes que são depois enviados para o centro. Em média ficam dois a três meses, ma a estadia pode durar mais, se em causa estiver uma amputação.

A guerra não está longe

O centro foi visitado pelo Grão-Duque Henri na visita de Estado que está a fazer à Letónia.

“Foi muito impressionante ver concretamente a guerra e o sofrimento das pessoas. Eles têm esta oportunidade de poder fazer a sua reeducação física depois de perderem uma perna, terem os braços feridos, depois de terem sido atingidos por bombas... Agradecemos tudo o que fizeram porque estão a defender não apenas a Ucrânia, mas todos os valores que representamos na Europa, porque é a democracia que está em jogo”, afirmou o Grão-Duque Henri.

“Sentimos as coisas de uma forma mais concreta por estarmos perto da fronteira com a Rússia e Bielorrússia. Sentimos que a guerra não está longe. Os letões porque sofreram muito durante a 2° Guerra Mundial e depois no regime soviético, compreendem a mentalidade russa melhor do que nós. Esta proximidade faz com que queiram guardar a paz e tranquilidade e por isso esta solidariedade que sentem da União Europeia e da NATO dá-lhes alguma segurança e eles agradecem a solidariedade", disse o chefe de Estado luxemburguês, numa espécie de balanço da visita à Letónia.

 

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