EUA mandam apreender jato luxemburguês de oligarca russo
EUA mandam apreender jato luxemburguês de oligarca russo
Desde o início do conflito na Ucrânia, têm chovido sanções contra o país de Vladimir Putin. No Luxemburgo, a ministra das Finanças Yuriko Backes (DP) explicou em junho passado que mais de 90 pessoas e 1.100 entidades legais integram esta lista de sanções só no Grão-Ducado. Tratam-se de ativos bancários e títulos no total de 4,2 mil milhões de euros que foram congelados.
Mas a última das sanções com ligação ao Grão-Ducado prende-se com um jato privado. De facto, o Departamento de Justiça dos EUA anunciou no início da semana que as autoridades americanas tinham obtido um mandato para apreender o avião privado de Skoch, no valor de mais de 90 milhões de dólares.
Os EUA justificam esta decisão com base numa violação das sanções do país relacionadas com a invasão russa da Ucrânia. Na realidade, o multimilionário era um dos últimos oligarcas russos na mira das autoridades do país. O objetivo era exercer pressão sobre Putin e a sua comitiva para pôr fim ao conflito.
De acordo com vários meios de comunicação americanos, o avião foi localizado pela última vez no Cazaquistão depois de uma viagem que fez a partir de Moscovo. No entanto, é no Grão-Ducado que o trabalho dos investigadores se tem concentrado. Com efeito, o comunicado de imprensa do Departamento de Justiça dos EUA detalha que o Airbus sujeito a um mandado de apreensão tem o número de cauda P4-MGU e o número de série 5445.
Após uma breve pesquisa, torna-se claro que oficialmente o jato pertence à Global Jet Luxembourg, conhecida companhia de táxis aéreos europeia com a sede luxemburguesa em Hesperange. No entanto, de acordo com a Procuradoria dos EUA para o Distrito Sul de Nova Iorque, citada pelos jornais americanos, a empresa serve de fachada para esconder o verdadeiro proprietário do avião, que não é outro senão o oligarca Andrei Skoch. "Skoch é o verdadeiro proprietário do Airbus através de uma série de empresas de fachada", disse o Departamento de Justiça na sua declaração, justificando a decisão.
Um terço dos oligarcas russos mais ricos tem bens no Luxemburgo
Não é segredo que a praça financeira luxemburguesa é há muito um dos destinos de eleição dos multimilionários russos. Um terço dos oligarcas russos mais ricos tem bens no Luxemburgo. É o caso de Andrei Skoch, um cidadão russo com uma fortuna de cerca de 6,2 mil milhões de dólares. A Forbes classifica-o como a 403ª pessoa mais rica do mundo.
Membro da Duma, o órgão legislativo russo, desde 1999, está alegadamente envolvido em negócios obscuros. O magnata já tinha sido sancionado pelos Estados Unidos em 2018 por "ligações de longa data com grupos do crime organizado russo", dado que o próprio tem negado até agora. Devido à guerra na Ucrânia, o seu nome foi um dos alvos das sanções da União Europeia (UE) e do Reino Unido.
Várias aeronaves ligadas a oligarcas russos
Há alguns meses, soubemos que a Global Jet Luxembourg tinha registado cerca de 15 aeronaves privadas com ligações a oligarcas russos. Ao que se sabe, estes aviões são alugados ou propriedade destas pessoas. Roman Abramovitch, proprietário do Chelsea, é dono de cinco deles.
Se, como mencionado acima, o avião ainda estiver no Cazaquistão, será muito difícil para as autoridades norte-americanas apreendê-lo. O país é um aliado da Rússia e não permitiria que a operação fosse levada a cabo.
Além deste aparelho, de acordo com o mandado de apreensão, Skoch também é proprietário de um iate, um helicóptero e uma vila no hotel Four Seasons nas Seychelles.
No entanto, estes bens não podem ser apreendidos. Para fazê-lo, as autoridades devem demonstrar que as sanções foram violadas, por exemplo, por transferência de dinheiro através do sistema bancário norte-americano.
(Este artigo foi originalmente publicado na edição francesa do Luxemburger Wort.)
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