Elite russa diz adeus a Ferraris, malas Gucci e diamantes em Antuérpia
Elite russa diz adeus a Ferraris, malas Gucci e diamantes em Antuérpia
“Diamantes em Antuérpia, malas Gucci em Milão e iates em MonteCarlo”, foi mais ou menos assim que o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, descreveu aquilo a que os oligarcas russos poderiam deixar de ter acesso caso a invasão na Ucrânia prosseguisse - num tweet de que rapidamente se arrependeu e apagou - quando foi anunciada uma das primeiras vagas de sanções contra o Kremlin e os seus apoiantes diretos.
Esta terça-feira, o Conselho Europeu anunciou uma nova vaga - a quarta - de sanções contra a Rússia, onde estão proibidas as exportações de bens de luxo, incluindo carros e jóias, produzidos em território europeu, para “atingir diretamente as elites”. Von der Leyen disse na conferência de imprensad o Conselho Europeu informal em Versalhes, no passado dia 11, que isto iria “ferir diretamente a elite russa”, ou pelo menos, o seu orgulho.
Acabar com importação de energia levaria ao desemprego na Alemanha
Haverá ainda uma proibição total de quaisquer transações com algumas empresas estatais russas em diferentes setores – e especialmente com o complexo militar industrial do Kremlin.
Uma proibição de a UE importar produtos de aço, correspondendo a cerca de 3.3 mil milhões de euros que a Rússia perde como receita. A este respeito, a Comissão refere que serão encontrados outros fornecedores que irão substituir estas matérias-primas com origem na Rússia.
Em questões de energia – o calcanhar de Aquiles da UE, porque está demasiado dependente da energia russa, para se desligar imediatamente – serão banidos novos investimentos no setor energético russo “com limitadas exceções para a energia nuclear civil e o transporte de certos produtos de energia de volta para a UE”, ou seja, o gás e o petróleo.
Apesar de alguns líderes europeus pressionarem para um imediato cessar de importações de gás, petróleo e carvão da Rússia, a Alemanha não apoia a medida. Ainda esta segunda-feira, o ministro da Energia, Robert Habeck, explicou na televisão pública que se o país “desligasse o interruptor” russo, com um boicote imediato, haveria cortes de energia e, como consequência, “desemprego em massa, pobreza, pessoas que não poderiam aquecer as suas casas e ruptura de combustível nas gasolineiras”.
A Alemanha é das economias ocidentais mais dependentes energeticamente da Rússia, com 55% do gás natural, 52% do carvão e 34% de petróleo vindos do país. Mas Habeck apoiou, no entanto, o objetivo europeu de diminuir as importações em dois terços até ao fim de 2022.
Mais entidades e oligarcas na lista dos banidos
A lista de pessoas e entidades com bens congelados na Europa e impedidas de circular livremente foi acrescentada “para incluir mais oligarcas, e elites ligadas ao Kremlin, bem como empresas ativas na área da defesa e militar, que estão logisticamente e materialmente a apoiar a invasão”, refere o documento que apresenta as novas medidas.
No conjunto, as medidas da UE já se aplicavam a 862 pessoas e 53 entidades, cujos bens foram congelados e cuja circulação em território europeu estará sob controlo. Há ainda uma nova lista de pessoas empenhadas nas campanhas de desinformação.
A Rússia e as empresas russas serão também banidas das agências de notação europeias, “o que resultará no facto de terem ainda mais dificuldade em aceder aos mercados financeiros europeus”.
Rússia já não é “nação privilegiada” na Organização Mundial do Comércio
Na sequência do anúncio dos líderes do G/7, na passada sexta-feira, dia 11, a UE e a Organização Mundial do Comércio (OMC), concordaram em negar tratamento preferencial dos produtos e serviços russos nos mercados europeus.
Segundo o comunicado, “isto suspende os benefícios significativos que a Rússia usufrui como membro da OMC”. Assim, entre os 164 países membros da OMC, a Rússia deixará de ser um parceiro que troca bens em igualdade de circunstâncias com os restantes membros do grupo. O que, na prática, abre a porta à imposição de tarifas às importações de bens russos por todos os países da OMC.
O comunicado da Comissão Europeia refere que a perda dos benefícios como “nação privilegiada” na OMC “protege os interesses de segurança da UE e dos seus parceiros à luz da agressão premeditada e injustificada contra a Ucrânia, assistida pela Bielorrússia”. E, sublinha a Comissão, a medida é “totalmente justificada ao abrigo dos estatutos da OMC”.
“Estas sanções servirão para aumentar a pressão económica sobre o Kremlin e paralisar a sua capacidade para financiar a invasão da Ucrânia”, salientou a Comissão Europeia, num comunicado. As sanções foram coordenadas com os parceiros internacionais, nomeadamente os Estados Unidos.
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