Corrupção no Governo ucraniano leva a uma dezena de demissões
Corrupção no Governo ucraniano leva a uma dezena de demissões
Ao mesmo tempo que os aliados se preparam para enviar tanques para território ucraniano, um escândalo de corrupção está a abalar o governo do Presidente Volodymir Zelensky.
Zelensky tinha anunciado que preparava mudanças nas altas esferas do poder e proibiu os altos funcionários de viajarem para o estrangeiro. "Hoje (segunda-feira) já tomámos decisões sobre os funcionários e amanhã (terça-feira) vamos fazer alterações ao nível dos ministérios e do Governo central e em organismos regionais".
O vice-ministro da Defesa, Vyacheslav Shapovalo, e vários altos funcionários do Estado ucranianos demitiram-se esta terça-feira após notícias publicadas na imprensa ucraniana sobre alegadas compras de material logístico militar a "preços inflacionados", nomeadamente alimentos.
"Mesmo que estas acusações sejam infundadas, a saída de Shapovalov vai "preservar a confiança da sociedade e dos parceiros internacionais, assim como assegurar a objetividade" e todo os esforços para o esclarecimento do caso, disse o Ministério da Defesa em comunicado.
Entre os outros funcionários que se demitiram na sequência de supostos casos de corrupção, estão o vice-chefe da Administração Presidencial, Kyrylo Tymoshenko, e o vice-Procurador-Geral, Oleksiy Simonenko.
Os afastamentos desta terça-feira seguem-se à demissão do vice-ministro ucraniano das Infra-Estruturas, Vasyl Lozynsky, por suspeita de receber um suborno de 400 mil dólares para supostamente "facilitar" a compra de geradores a preços inflacionados, numa altura em que o país enfrenta cortes generalizados de energia na sequência dos ataques das forças russas contra as infraestruturas energéticas.
Tymoshenko é um dos poucos ajudantes do atual chefe de Estado que se mantinha no cargo desde a eleição de Zelensky, em 2019, e que supervisionou recentemente os projetos de reconstrução das instalações danificadas pelos ataques russos. Esteve envolvido em vários escândalos durante e antes da última invasão da Rússia.
Em outubro do ano passado, foi acusado de utilizar um veículo todo-o-terreno doado à Ucrânia pelo grupo norte-americano General Motors para fins humanitários. Após as revelações sobre o uso do veículo, Tymoshenko disse que estava a transferir o veículo para uma área próxima da linha da frente.
Tymoshenko confirmou a saída nas redes sociais. "Agradeço ao Presidente da Ucrânia pela confiança e oportunidade que me deu para fazer coisas boas todos os dias e a cada minuto", escreveu, agradecendo "a cada um dos chefes das administrações militares regionais pelo apoio". "Com vocês construímos a equipa mais poderosa do país. Vocês são geniais. Vocês são os verdadeiros guerreiros da luz!".
Nums outra demissão, segundo o jornal Ukrainska Pravda, o vice-Procurador-Geral, Oleksiy Symonenko, esteve recentemente de férias em Espanha, embora as viagens ao estrangeiro, exceto para fins profissionais, sejam proibidas aos ucranianos do sexo masculino com idade para combater. De acordo com a publicação, Simonenko viajou num automóvel que pertencia a um empresário ucraniano, fazendo-se acompanhar de um guarda-costas.
Tanques da Polónia quase a caminho
Para a Ucrânia, o apoio dos aliados ocidentais, tanto militar como financeiro, é crucial para fazer frente à ofensiva russa, praticamente um ano desde o início da guerra.
O Governo polaco pediu formalmente autorização à Alemanha para enviar tanques "Leopard" para a Ucrânia, anunciou o ministro da Defesa da Polónia, enquanto o seu homólogo alemão garantiu que irá responder em breve. "A Alemanha já recebeu o pedido para autorizar a transferência dos tanques Leopard 2 para a Ucrânia", disse o ministro polaco, Mariusz Blaszczak, numa mensagem hoje publicada na rede social Twitter, na qual apela a Berlim para se juntar à "coligação de países que apoiam a Ucrânia com os Leopard 2".
Segundo o ministro alemão da Defesa, Boris Pistorius, o Governo de Berlim espera resolver "nos próximos dias" as suas dúvidas sobre o envio dos Leopard 2 para a Ucrânia, referindo que o primeiro passo é preparar um inventário dos carros de combate atualmente disponíveis.
Feito esse inventário, e "se for dado o sim", a questão pode ser resolvida em dias, disse Pistorius em entrevista à estação televisiva ZDF, poucas horas antes do encontro agendado para esta terça com o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg.
Berlim prometeu também "agir com rapidez" no que diz respeito à formação de pessoal e transporte dos carros, mas esclareceu que a decisão final cabe ao chanceler, Olaf Scholz, numa referência às especulações dos últimos dias sobre uma possível divisão dentro da coligação governamental sobre a ajuda que as autoridades ucranianas têm reclamado.
A Polónia já tinha avançado, na segunda-feira, que ia pedir autorização à Alemanha para enviar os Leopard para a Ucrânia, mas o primeiro-ministro, Mateusz Morawiecki, não tinha especificado quando seria feito o pedido. "Vamos pedir a autorização, mas isso é uma questão secundária", disse Morawiecki aos jornalistas.
"Mesmo que não consigamos a autorização, daremos os nossos carros de combate à Ucrânia como parte de uma pequena coligação, mesmo que a Alemanha não faça parte desta", acrescentou.
A Polónia, que se declarou pronta para entregar 14 tanques Leopard a Kiev, sublinhou que está em conversações com cerca de 15 países sobre este assunto. A Alemanha tem estado sob crescente pressão para entregar os seus Leopard à Ucrânia, que está a pedi-los insistentemente e, no domingo, a ministra dos Negócios Estrangeiros, Annalena Baerbock, disse que o país estava pronto para entregar os carros de combate, apesar do chanceler alemão ter mostrado relutância em comentar o assunto. “Se nos colocassem o pedido, não nos oporíamos”, afirmou Annalena Baerbock.
A Polónia é obrigada a fazer um pedido oficial a Berlim antes de entregar os carros de combate, que fazem parte das reservas alemãs.
(Com Lusa)
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