Como um cartão português me salvou na Coreia do Sul
Como um cartão português me salvou na Coreia do Sul
Eu sei que estava a nove mil quilómetros de distância. Que fiz cerca de 13 horas de avião para chegar ao outro lado do mundo. Que o taxista não percebia nada do que eu dizia. Que eu não percebia nada do que ele me dizia. Mas bastou parar à porta do meu destino, um hotel, numa das muitas avenidas de Seul e virar-se para trás, para perceber que estava na hora de pagar a conta de não sei quantos mil wons coreanos. Instintivamente abri a carteira e, orgulhosa, tirei o meu cartão bancário luxemburguês. Voltado para trás o taxista rapidamente me estendeu uma pequena máquina branca que parecia tirada da série Espaço1999. E lá passou o cartão. Na primeira tentativa. Nada. Deve ser do aparelhinho, pensei eu. Voltei a estender o cartão. E ele lá voltou a tentar passá-lo. Nada. Vamos lá tentar com um segundo cartão luxemburguês. Depois de mais duas tentativas nada. E o senhor da entrada do hotel onde me encontrava a abrir-me a porta do táxi. E o taxista a olhar para mim com um ar desconfiado. E eu a imaginar-me já interpelada pela polícia sul-coreana, detida numa esquadra do outro lado do mundo porque não tinha conseguido pagar a conta. Quando… lembrei-me do meu cartão de um banco português que quase nunca utilizo. Sem muita esperança que funcionasse estendi-o ao taxista. E para minha surpresa…funcionou!
É um dos mistérios que há muito tempo me assalta. Porque é que o país mais rico do mundo, a segunda praça de fundos de investimento do mundo, tem um sistema de cartões bancários tão arcaico, a comparar com o sistema português. Pois que as caixas ATM no Luxemburgo dão para levantar dinheiro e nada mais. Enquanto os Multibanco portugueses só falta mesmo cozinhar.... dão para pagar contas, transferir dinheiro, carregar telemóveis, comprar bilhetes de comboio e até pagar dívidas fiscais.
Quanto à Coreia do Sul - onde fui acompanhar a Missão Económica liderada pelo Grão-Duque Herdeiro - guardo a memória de uma cidade altamente tecnológica, cheia de luzes de Natal e que nunca para. Onde edifícios históricos convivem com a arquitetura dos arranha céus do futuro, na quarta maior megalópole do mundo com mais de dez milhões de habitantes. Pessoas simpáticas, delicadas e que fazem tudo para nos orientar. Foram 72 horas em terras do Oriente, cheias de surpresas e de algum desrespeito pelos jornalistas, por parte das autoridades locais. À última da hora cancelaram a presença dos jornalistas no Fórum Espaço da Coreia, onde esteve presente o presidente coreano.
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