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Biden fez parar o trânsito em Bruxelas. O que saiu do encontro com os líderes europeus?
Mundo 5 min. 25.03.2022 Do nosso arquivo online
Cimeira europeia

Biden fez parar o trânsito em Bruxelas. O que saiu do encontro com os líderes europeus?

Chegada de Biden ao Conselho Europeu. O presidente norte-americano, ao lado de Charles Michel, brinca com Olaf Scholz. Do lado direito, Xavier Bettel. Ao fundo, à esquerda, Antony Blinken, secretario de Estado da administração Biden.
Cimeira europeia

Biden fez parar o trânsito em Bruxelas. O que saiu do encontro com os líderes europeus?

Chegada de Biden ao Conselho Europeu. O presidente norte-americano, ao lado de Charles Michel, brinca com Olaf Scholz. Do lado direito, Xavier Bettel. Ao fundo, à esquerda, Antony Blinken, secretario de Estado da administração Biden.
Foto: União Europeia
Mundo 5 min. 25.03.2022 Do nosso arquivo online
Cimeira europeia

Biden fez parar o trânsito em Bruxelas. O que saiu do encontro com os líderes europeus?

Telma MIGUEL
Telma MIGUEL
Vindo do G7, Joe Biden chegou muito mais tarde do que o previsto. Já de madrugada, Ursula von der Leyen e Joe Biden publicaram o que os dois parceiros transatlânticos vão fazer juntos para enfrentar a Rússia: as sanções estão agora alinhadas, o fardo humanitário vai ser partilhado. E há uma task force para salvar a UE do gás e petróleo russo.

No comunicado conjunto já na madrugada desta sexta-feira - como já nos habituámos num mês de guerra - o documento começa com a condenação da “injustificada guerra de agressão contra a Ucrânia” e a manifestação da “solidariedade para com o povo ucraniano”. 

Von der Leyen e Biden concordaram que os EUA e a UE estão “unidos na determinação de defender os valores comuns, incluindo a democracia, o respeito pelos direitos humanos, paz global e estabilidade e a ordem internacional sustentada por regras”. Mas além do aparato de segurança e a expectativa política de receber um presidente norte-americano no meio de uma guerra na Europa, a vinda de Biden a Bruxelas trouxe algumas ideias de cooperação concretas e ações para pôr em prática.

Ajudar os ucranianos com dólares e euros


Joe Biden participou na reunião da NATO e na reunião do G7  e vai ser recebido pelos líderes europeus durante a tarde.
Mundo com os olhos postos em Bruxelas. Primeira cimeira de líderes desde o início da guerra
É em Bruxelas que todas as respostas à guerra na Ucrânia confluem nestes dois dias. Joe Biden participou na reunião da NATO e na reunião do G7 e vai ser recebido pelos líderes europeus durante a tarde. Temas? Invasão russa e possível endurecimento de sanções, além da crise da energia.

Os EUA prometeram mais mil milhões de dólares e a UE mais 550 milhões de euros para ajuda humanitária para as populações que vivem a guerra dentro da Ucrânia. A UE já tinha encaminhado 300 milhões de euros de assistência humanitária. Haverá também um “amigo americano” a colaborar com o europeu Centro Europeu de Resposta de Emergência, especificamente dedicado à Ucrânia.

Sanções alinhadas, luta contra as artimanhas de Putin e congelar o ouro internacional

Os dois blocos concordaram em alinhar os regimes de sanções, o que significa que Washington vai incluir mais 400 indivíduos e identidades à sua lista de visados. Ficando assim, tanto a União Europeia como os EUA, com os mesmos alvos. 

Os membros da Duma (o parlamento russo) que ainda não estavam na lista negra norte-americana passam a estar, bem como dezenas de empresas no setor da defesa, e a elite financeira russa. 


O primeiro-ministro luxemburguês fala aos jornalistas antes do Conselho Europeu, em Bruxelas
Sanções à Rússia devem continuar a ser graduais, defende Bettel
O primeiro-ministro luxemburguês voltou a descartar um possível embargo à energia russa, esta quinta-feira, à chegada ao Conselho Europeu.

Além do alinhamento transatlântico da lista de personas non gratas, os dois blocos combinaram coordenar esforços contra a possível evasão às sanções que a Rússia e a Bielorrússia (os dois países atualmente visados) possam tentar. 

Tarefa que os líderes dos G7 (ou seja, mais o Japão), reunidos horas antes na sede da NATO, também em Bruxelas concordaram levar a cabo. Uma outra ideia que saiu da reunião, é a de evitar que a Rússia consiga levantar as suas reservas internacionais, incluindo em ouro.

Refugiados: 100 mil vão para os EUA

Depois de mais de 3.5 milhões de refugiados terem atravessado a fronteira da Ucrânia, também os EUA vão envolver-se em ajudar nos esforços de apoio aos refugiados na Europa, incluindo admissão, realocação e apoio aos países vizinhos que recebem os milhões em fuga. Os EUA anunciaram que vão admitir até 100 mil refugiados ucranianos através de processos legais ao abrigo do Programa de Admissão de Refugiados.

Equipas no terreno a recolher evidências para acusar Putin


A lista dos EUA de personalidades russas que foram alvo de sanções já inclui o próprio Presidente russo Vladimir Putin.
EUA anunciam sanções contra deputados russos e grandes empresas do setor da defesa
Os EUA anunciaram esta quinta-feira novas sanções financeiras contra a Rússia, visando políticos, oligarcas e a indústria de defesa, em resposta à invasão da Ucrânia.

Os dois parceiros estão a apoiar o trabalho de especialistas em crimes de guerra para recolher provas no terreno, na Ucrânia, quando crescem evidências cada vez mais concretas de ataques diretos contra população civil e uso de armas ilegais. A preservação das provas servirá para garantir a responsabilização de Putin perante o Tribunal Penal Internacional.

Salvar a Europa dos combustíveis russos com o Acordo de Paris em mente

Segundo a declaração conjunta dos líderes – os EUA e a UE vão criar uma equipa (“task force”) para tomar passos concretos no questão da cooperação em matéria de energia, para assegurar o fornecimento e reduzir dependência dos combustíveis fósseis russos. 

Esta questão está a ser alvo de discussão na reunião de líderes europeus que arrancou na manhã desta sexta-feira em Bruxelas, e que é das mais difíceis de chegar a acordo, porque há uma clara linha divisória entre os países que são alimentados pelo petróleo e gás russos – sobretudo a Alemanha e a Holanda – e os que bem podem passar sem ele, como Espanha e Portugal, por exemplo.

No texto do compromisso entre os EUA e a UE está escrito que além dos esforços de libertar a UE dos combustíveis fósseis russos, os dois blocos não se esqueceram que o objetivo final é a erradicação total do uso de hidrocarbonetos, de acordo com o compromisso do Acordo de Paris, e chegar a emissões zero de gases com efeito de estufa em 2050. A “task force” conjunta também vai explorar a transição acelerada para as energias limpas.

Fome mundial

Decidiram também que os EUA e a UE irão coordenar-se para evitar a crise alimentar mundial que a guerra na Ucrânia vai provocar se não existirem medidas robustas de “fornecimento de ajuda alimentar direta, quando pedido, aos nossos parceiros no mundo inteiro”. 


Líderes europeus reconhecem "aspirações europeias" de Kiev mas aguardam parecer
No final de fevereiro, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, assinou o pedido formal para a entrada do país na UE, solicitando o estatuto de candidato, seguindo-se solicitações da Geórgia e Moldova no mesmo sentido.

Num documento publicado na quarta-feira, também a Comissão Europeia já tinha anunciado apoio aos agricultores ucranianos debaixo de bombas para garantirem as sementeiras da primavera e ajuda para canalizar exportações de trigo para os países em risco no Norte de África e Médio Oriente. 

Os EUA comprometeram-se a apoiar em 11 mil milhões de dólares ao longo dos próximos cinco anos para evitar as ameaças de fome no mundo inteiro provocadas pela quebra de produção de trigo ucraniano.

Cibersegurança, Internet e luta contra financiamento a terrorismo

Os EUA e a UE irão fornecer acesso de Internet aos governos da Ucrânia e da vizinha e também fragilizada Moldávia e comprometeram-se a continuar a cooperação em ciber segurança, “através de uma variedade de ações, desde o apoio ao governo ucraniano a aumentar a sua proteção contra os ciber ataques e contra o “abuso de moeda virtual”, incluindo o seu potencial de evasão às sanções impostas pelos países da NATO, União Europeia e G7.

Os EUA e a União Europeia concordaram em aprofundar colaboração na luta contra a lavagem de dinheiro e o uso ilegal de ativos digitais para financiar terrorismo. Neste sentido, vai ser criado uma ligação entre especialistas europeus e norte-americanos para partilhar informação e evitar a evasão às sanções impostas à Rússia, mas também o uso de lavagem de dinheiro e ativos digitais para financiar terrorismo ou outras atividades ilícitas.

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Os Chefes de Estado e de Governo da União Europeia UE sentam-se juntos numa reunião informal de dois dias no Palácio de Versalhes.