Asselborn revela que UE vai avançar com novas sanções contra o Irão
Asselborn revela que UE vai avançar com novas sanções contra o Irão
A União Europeia (UE) vai adotar novas sanções contra os membros da Guarda Revolucionária Islâmica do Irão. A contínua repressão contra os manifestantes que têm contestado as leis que oprimem as mulheres do país e que já terá provocado a morte de mais de 300 pessoas, segundo a ONG Iran Human Rights, assim como a retoma de ataques aéreos no norte do Iraque estão na base de decisão da UE.
Segundo revelou o ministro dos Negócios Estrangeiros luxemburguês, Jean Asselborn, aos repórteres em Bruxelas, e citado pela Bloomberg, a União Europeia está a preparar cerca de 30 sanções contra o regime de Teerão. Jean Asselborn está esta segunda-feira em Bruxelas para participar na reunião do Conselho dos Negócios Estrangeiros da UE e na reunião do Comité de Ministros do Benelux.
As finanças da Guarda Revolucionária Islâmica do Irão também serão penalizadas, acrescentou a ministra dos Negócios Estrangeiros alemã, Annalena Baerbock, sem, contudo, dar mais pormenores.
A UE tem vindo a alargar as sanções contra o Irão desde o mês passado, citando a onda de repressão contra os manifestantes e a venda, pelo país, de drones militares à Rússia para utilização na sua guerra contra a Ucrânia.
Novas sanções da UE reforçam as americanas
As sanções europeias juntam-se às americanas, que são mais abrangentes e acabam por restringir o comércio daquele país do Médio Oriente com a Europa.
O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros do Irão, Nasser Kanaani, disse aos repórteres em Teerão que o país vai responder às sanções, mas sem especificar de que forma.
De acordo com a ONG Iran Human Rights, com sede em Oslo, pelo menos 326 pessoas foram mortas pelas forças de segurança desde setembro, quando eclodiram os protestos desencadeados pela morte sob custódia policial de Mahsa Amini. A mulher curda-iraniana de 22 anos de idade tinha sido detida por alegadamente ter desrespeitado os códigos de vestuário islâmicos.
Entre as mais de 300 pessoas que a ONG diz terem morrido desde então incluem-se 43 crianças. Além disso, pelo menos 14.000 pessoas foram presas desde que os protestos começaram.
As autoridades iranianas não têm dado um número de mortos desde 24 de setembro e negaram que alguém tenha sido morto pelas forças de segurança. No entanto, este domingo um manifestante foi formalmente condenado à morte por "corrupção na terra", noticiou o portal de notícias, Mizan Online, sem nomear o indivíduo ou dar quaisquer outros detalhes sobre a sua prisão ou julgamento.
As autoridades políticas iranianas acusam os países estrangeiros, incluindo os EUA, Israel e grupos políticos curdos, de inflamar e organizar as manifestações contra o regime. Os ativistas curdos têm negado as acusações e os grupos de direitos humanos disseram que dezenas de pessoas nas províncias curdas do Irão foram mortas recentemente pelas forças de segurança.
Ataques no Iraque
Já no que respeita aos ataques aéreos no norte do Iraque, a Guarda Revolucionária Islâmica do Irão voltou a essas operações esta segunda-feira, depois de o ter feito pela última vez, a 24 de setembro, refere a Bloomberg.
Segundo Teerão, os ataques visaram os "terroristas" concentrados na zona de Koysinjaq, cerca de 70 quilómetros a leste da cidade de Erbil, de acordo com a agência noticiosa semioficial Tasnim.
Este ataque terá provocado a morte de uma pessoa, noticiou a agência francesa AFP.
A televisão estatal iraniana afirmou que a Guarda Revolucionária Islâmica também tinha atacado "bastiões terroristas" na cidade de Piranshahr, na província do Azerbaijão Ocidental, perto da fronteira com o norte do Iraque e com uma população curda significativa.
(Com Bloomberg)
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