Americanos "desviam" máscaras com destino ao Grand Est
Americanos "desviam" máscaras com destino ao Grand Est
Um carregamento de milhões de máscaras que estava para descolar, esta semana, de Xangai com destino a França, para ser posteriormente entregue às autoridades de saúde do Grand Est acabou por ser "desviado" para os EUA, ainda no aeroporto.
A revelação foi feita por Renaud Muselier, presidente da região de Provence-Alpes-Côte d'Azur, à RT France, que disse que um colega seu - o presidente da região do Grand Est - tinha perdido um carregamento de milhões de máscaras oriundas das China, em pleno aeroporto de Xangai, para um grupo desconhecido de americanos que tinha pago o triplo do valor, em dinheiro, no local.
A situação foi confirmada por Jean Rottner, o presidente da região de Grand Est, à RTL.
"Lutamos 24 horas por dia, e, na pista [do aeroporto], os americanos pegam no dinheiro e pagam três ou quatro vezes mais pelos pedidos que fizemos", lamentou.
A corrida mundial às máscaras para aumentar a proteção de profissionais e população contra a covid-19 está a levar a alguma escassez no material, ao consequente aumento de preços e a práticas comerciais, por vezes, pouco transparentes e a ocasionais bloqueios das próprias autoridades chinesas.
Autosuficiência até 2020
Essa dependência quase total da China em relação a um material que agora se revela vital fez com que o presidente francês, Emmanuel Macron, viesse esta semana reclamar uma "soberania francesa e europeia" na capacidade de produzir produtos básicos e essenciais.
O governante quer que até ao final deste ano, a França consiga uma "independência plena" na produção de máscaras.
"A nossa prioridade é produzir mais em França e na Europa. Esta crise ensina-nos que se impõe uma soberania europeia em relação a certos bens, produtos e materiais", disse na terça-feira, aos jornalistas, durante uma visita a uma fábrica que está a fazer máscaras, nos arredores de Paris.
Enquanto essa independência não se concretiza as encomendas a fabricantes chineses continuam, mesmo com as dificuldades crescentes.
Este sábado o ministro da Saúde da França, Olivier Véran, anunciou que a França encomendou cerca de dois mil milhões de máscaras a fabricantes da China.
“Devemos estar perto de dois mil milhões de exemplares de máscaras já encomendadas à China, mas vamos continuar a encomendar mais”, disse o ministro, em entrevista ao jornal online Brut, citada pela agência Lusa.
Apesar disso, reconheceu que os pedidos feitos pelo governo francês "são muito maiores" do que o que receberam e estão sujeitos a uma “competição mundial”, sublinhou, lembrando os esforços da França para, ao mesmo tempo, aumentar a sua produção nacional de máscaras de proteção.
“Temos de ser capazes de produzir máscaras para pessoas que não são cuidadoras, pessoas de segunda linha, que entrarão em contacto com o público ou, no futuro, para proteção de todos. Estamos a discutir isso com o conselho científico, com especialistas em virologia, agências de saúde, e vamos pedir que reavaliem a doutrina”, adiantou.
AT
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