A hora mais negra desde o fim da Guerra Fria
A hora mais negra desde o fim da Guerra Fria
À saída do mais longo – durou 10 horas – e do mais intenso conselho de ministros dos Negócios Estrangeiros de que Josep Borrell confessou lembrar-se, o chefe da diplomacia europeia salientou, num tom sombrio, que a situação é grave e que "na Ucrânia, a Rússia criou a maior ameaça à paz e à estabilidade desde a II Guerra Mundial".
"Estamos numa encruzilhada crítica, tudo aquilo em que acreditámos e que tem orientado as nossas vidas, as regras internacionais e o progresso desde o fim da Guerra, tudo isso está a ser posto em causa", disse esta tarde aos jornalistas. Borrell salientou que a União Europeia condena "o acumular de tropas perto da Ucrânia, o aumento das violações ao cessar-fogo e as provocações dos separatistas russos". Durante as discussões de segunda-feira ao longo do dia em Bruxelas, os responsáveis da diplomacia europeia estiveram, disse Borrell, "a seguir as discussões do Conselho de Segurança Russo com muita preocupação".
Borrell louvou a Ucrânia pela sua contenção desde o início do aumento da presença russa nas suas fronteiras, mas neste domingo, na Conferência de Segurança de Munique, o presidente ucraniano Zelensky fez um apelo desesperado ao ocidente para que avançassem já com as sanções, mesmo antes da Rússia invadir, como medida de dissuasão.
Aprovado pacote de 1,2 mil milhões
Os ministros aprovaram hoje o pacote de apoio macro-financeiro proposto pela Comissão de 1,2 mil milhões de euros à Ucrânia. E foi decidido dar apoio militar de uma força europeia com educação profissional ao exército ucraniano.
Outro dos pontos aprovados foi o de aumentar o apoio contra os ciberataques e campanhas de desinformação e será ainda enviado um grupo de peritos em cibersegurança.
"A Rússia está a criar uma campanha de manipulação e desinformação, tentando criar um pretexto para uma agressão contra a Ucrânia. É uma maneira clássica", salientou Borrell, numa alusão, por exemplo, ao começo da I Guerra Mundial.
Reagir com toda a força: sanções económicas duríssimas
Caso a Rússia invada, segundo Borrell, o pacote de sanções – criado pela Comissão Europeia e pelo Serviço de Ação Externa – está pronto para ser proposto aos ministros para aprovação. Todos os países concordam com estas medidas – que têm que ser tomadas por unanimidade – garantiu Borrell. "O apoio é total", assegurou.
Borrell salientou que se a Bielorrússia – "que se está a tornar um satélite de Moscovo - apoiar Putin e as tropas passarem pelo seu território terá as mesmas sanções".
"Agora cabe à liderança russa decidir como querem ser vistos pela comunidade internacional e pela história", sintetizou o chefe da diplomacia europeia .
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