Tripartida é a "poção mágica do Luxemburgo", diz Bettel
Tripartida é a "poção mágica do Luxemburgo", diz Bettel
A não concretização da reforma fiscal é um dos arrependimentos do primeiro-ministro, Xavier Bettel. É o próprio quem o assume, numa entrevista à RTL, onde faz o balanço do seu trabalho como chefe do governo luxemburguês.
Respondendo sobre aquilo que se arrepende de não ter feito no mandato que está a terminar, o primeiro-ministro aponta "a reforma fiscal". "Gostaria de a ter concluído mas não a posso financiar", admitiu, reconhecendo que a tabela fiscal única, prometida em 2019, terá de ser adiada.
Estes quatro anos foram repletos de desafios para o atual chefe do executivo do Grão-Ducado. Eventos climáticos extremos, como o tornado de 2019, as cheias de 2021, uma pandemia de proporções inéditas e agora uma guerra na Europa, puseram alguns dos planos do primeiro-ministro e do seu governo em pausa e obrigaram a canalizar recursos para os desafios que se foram apresentando.
"Teria preferido não ter crises e ter feito outras coisas", afirmou na entrevista à RTL, acrescentando que "5,5 mil milhões foram mobilizados para a pandemia, para a guerra e sobretudo para ajudar diariamente os agregados familiares (...) Poderíamos ter feito muitas outras coisas com esses meios", defendeu.
Tripartida explica o sucesso do modelo social
Apesar das dificuldades, para Xavier Bettel, o Luxemburgo saiu "reforçado" das crises que tem enfrentado na última década e isso deve-se, segundo o primeiro-ministro, à tripartida, "a poção mágica" que explica o sucesso do modelo social luxemburguês.
"Nem sempre é fácil, mas nos últimos nove anos conseguimos sempre sentar-nos à volta da mesa para encontrar soluções". É a "poção mágica do Luxemburgo", como diz, que garante a paz e o modelo social do Grão-Ducado.
Nem mesma a recente oposição da OGBL ao adiamento da indexação e a manifestação de 2.500 pessoas a contestar essa decisão parecem esmorecer a confiança do primeiro-ministro.
"Devo ter a coragem de tomar decisões, mesmo que por vezes sejam impopulares", afirmou, considerando que foram "as decisões certas" e apontando os resultados económicos como prova: a taxa de inflação luxemburguesa é inferior à de muitos outros países europeus e a taxa de desemprego e a dívida pública têm-se mantido controladas.
Bettel comparou também a paz social do Luxemburgo com a agitação social que se vive nos países vizinhos.
"Olhe-se para a Bélgica, olhe-se para a França, para a greve da semana passada, olhe-se para a Alemanha e para as greves [nesse país]. Nem sequer me lembro da última greve [no Luxemburgo]", sublinhou.
Na entrevista, Xavier Bettel reiterou ainda a vontade de ser reeleito nas eleições legislativas deste ano e de continuar no cargo de primeiro-ministro, mas ainda está à espera que o DP o confirme como candidato.
"Tenho a energia, tenho a paixão e tenho o desejo de o fazer, mas os membros do meu partido ainda não mo propuseram. A escolha será deles" , afirmou.
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