Recebido como uma estrela pop, Marcelo promete voltar se portugueses se recensearem
Recebido como uma estrela pop, Marcelo promete voltar se portugueses se recensearem
Marcelo foi recebido em Wiltz como uma estrela "pop”, com o discurso interrompido com palmas e gritos de “Marcelo! Marcelo!", num ambiente de verdadeira euforia. David Carreira tinha atuado antes do encontro com a comunidade portuguesa no Luxemburgo, mas desta vez o Presidente da República rivalizou em popularidade com o cantor.
Um momento que Marcelo aproveitou para repetir o apelo ao recenseamento dos portugueses no Luxemburgo, no que tem sido o seu mantra durante esta visita de Estado. Mas desta vez, com um “twist”: o Presidente da República prometeu que volta ao Grão-Ducado se houver mais dez mil inscritos para as próximas eleições municipais no país. "Há 17 mil inscritos. Se houver mais dez mil portugueses inscritos até 13 de julho [data-limite para o recenseamento para as autárquicas], eu prometo que estarei de volta antes do final do ano”, disse Marcelo.
A promessa foi recebida com mais aplausos e gritos, mas essa foi uma constante durante todo o discurso de Marcelo Rebelo de Sousa. Bastou uma frase depois dos cumprimentos da praxe - “E agora vamos falar em português!” - para que a multidão começasse a gritar. “E agora queria cumprimentar os melhores, que sois todos vós: os portugueses e as portuguesas!”, prosseguiu. “O Luxemburgo não seria o que é sem os portugueses”, elogiou o Presidente da República, recordando os imigrantes que vieram para o país “há 50 anos, pobres e sozinhos”, e que hoje são “um exemplo”.
“Vós sois um exemplo desde os anos 1960, trabalhando, estudando, criando riqueza aqui no Luxemburgo e contribuindo para o progresso económico e social deste país amigo, mostrando que os portugueses, quando são bons, são os melhores do mundo”, elogiou.
O Presidente da República evocou o Prémio Nobel da Literatura, José Saramago, os dois Pritzker da arquitetura, Cristiano Ronaldo, “o melhor da Europa e do mundo”, a vitória no Europeu de futebol e na Eurovisão, para concluir com a "vitória na crise". "Somos ainda melhores quando suportámos uma crise durante cinco anos, com sacrifícios", e agora “começamos a sair”, disse, recordando a saída do Procedimento por Défice Excessivo e o aumento do investimento e das exportações. "Portugal está a mudar, e a mudar para melhor, dentro e fora das nossas fronteiras", afirmou.
A maior parte das mensagens de Marcelo Rebelo de Sousa foram para os emigrantes: saudou “os portugueses da Venezuela”, “os irmãos no Brasil” - onde vai estar no 10 de junho, com António Costa -, os “compatriotas em França” e novamente os portugueses do Luxemburgo. “Eu recordo-vos a todos, mas permitam-me que envie um abraço especial àqueles que vêm de Celorico de Basto [onde nasceu]".
Marcelo Rebelo de Sousa falava ao lado do Grão-Duque, a quem agradeceu a forma como foi recebido durante a visita de Estado. “Recebeu-me com amizade e consideração, e não foi por minha causa, foi por vossa causa”.
O Grão-Duque Henri retribuiria os cumprimentos. "Creio que podem estar orgulhosos do vosso Presidente: é um homem caloroso, próximo das pessoas, e que vos ama". "E nós a ele!", ouviu-se entre as centenas de portugueses. O chefe de Estado elogiou também os portugueses no país, que "trouxeram o sol, o bom humor e o calor humano". "E por isso, estamos extremamente reconhecidos a todos vós", disse Henri do Luxemburgo, que instou os portugueses a "não esquecer que são portugueses" nem a sua cultura.
No fim, ouviram-se os hinos dos dois países e mais gritos no final da "Portuguesa", agora de “Portugal! Portugal! Portugal!”. À saída, de um lado, Marcelo cumprimentava os populares; do outro, era David Carreira, rivalizando em ‘selfies’ e abraços. O Presidente da República esteve mais de uma hora a cumprimentar as pessoas e a distribuir abraços. E a fazer 'selfies', muitas 'selfies'.
No recinto havia muitos portugueses a querer abraçar Marcelo. Elísia Figueiredo tem 83 anos. Veio de França, a 700 km, com a filha e o genro, que a transportaram em cadeira-de-rodas até ao liceu onde decorreu o encontro, e só lamenta não ter conseguido falar com o Presidente da República. "Eu estava aqui para lhe dar um abraço e um beijo, mas não o vejo! Eu gosto muito dele", disse ao Contacto. "É melhor que o Cavaco! Ele é que é um bom Presidente, próximo dos pobres...".
Antes de entrar para o carro oficial, Marcelo ainda ouviu uma "serenata", um antigo sucesso do Duo Ouro Negro. "Vou levar-te comigo, vou levar-te comigo", cantava Arminda Teixeira, em direção à janela aberta do carro que transportava o Presidente. A imigrante admitiu ao Contacto que é "uma fã" de Marcelo Rebelo de Sousa. Porquê? "Ele é povo como nós".
O encontro durante a peregrinação ao santuário de Fátima, em Wiltz, encerra a visita de Estado que o Presidente da República fez ao Luxemburgo, onde vivem cerca de cem mil portugueses. Marcelo Rebelo de Sousa segue esta noite para Madrid, onde amanhã vai estar presente na Feira do Livro, numa edição em que Portugal é o país convidado. Amanhã, o Presidente da República almoça com os Reis de Espanha.
Paula Telo Alves / Álvaro Cruz / Paula Cravina de Sousa
