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Portuguesa lança petição para baixar rendas das casas no Luxemburgo
Luxemburgo 3 min. 15.12.2022
Habitação

Portuguesa lança petição para baixar rendas das casas no Luxemburgo

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Portuguesa lança petição para baixar rendas das casas no Luxemburgo

Foto: Steve Eastwood
Luxemburgo 3 min. 15.12.2022
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Portuguesa lança petição para baixar rendas das casas no Luxemburgo

Paula SANTOS FERREIRA
Paula SANTOS FERREIRA
Há meses em que Catarina Rodrigues tem de pedir ajuda para sobreviver, com os dois filhos, porque a renda da casa leva-lhe grande parte do salário. Por todos os residentes em igual situação, reivindica "justiça" no mercado de arrendamento.

Já no ano passado, Catarina Rodrigues lançou uma petição idêntica, mas o número de assinaturas não foi suficiente para levar a diminuição das rendas no Luxemburgo a debate público.

Este ano, com o aumento do custo de vida, a batalha desta mãe que vive sozinha com os dois filhos para esticar o salário até ao final do mês e pagar a renda da casa é maior. Por isso, volta a insistir na sua luta criando uma nova petição pública na Câmara dos Deputados para obrigar os proprietários a baixar o preço das rendas da habitação, tornando-as "mais acessíveis e justas para todos".

"É cada vez mais difícil conseguir alugar casa no país, em virtude dos preços altíssimos que os proprietários pedem, e mais difícil para os inquilinos viverem condignamente com as altas prestações mensais", diz ao Contacto Catarina Rodrigues, inquilina de uma casa perto de Esch.

"Eu ganho 1.900 euros e pago 1.400 euros de renda da casa. Estou sozinha com os meus dois filhos, tenho a guarda partilhada, e há meses em que tenho de pedir ajuda à assistência social para fazer face a todas as despesas", relata a luso-luxemburguesa, de 37 anos, salientando que a sua situação difícil é "vivida por muitas famílias".

A petição nº 2506 "Baixar o preço das rendas" está aberta a assinaturas durante mais 15 dias, e Catarina Rodrigues gostaria de conseguir obter as 4.500 necessárias para levar a sua luta aos deputados do parlamento. 

A par com a descida das rendas, a luso-luxemburguesa defende também que sejam os proprietários que passem a suportar os custos das agências imobiliárias e a diminuir para um mês, em vez dos atuais três, as cauções iniciais de arrendamento. 

"São os proprietários que colocam a sua casa para arrendar nas agências, por isso, devem ser eles e não quem arrenda a pagar estes custos. Por outro lado, é impossível para muita gente conseguir dar três meses de renda antecipados para conseguir arrendar uma habitação", vinca a autora da petição para quem, se nada for feito, o Luxemburgo passará a ser um país cheio de casas vazias e com muito menos residentes.

Um país de casas vazias

"Até para os proprietários está mais complicado arrendarem as casas, porque as pessoas não as podem pagar. Na minha zona, há várias casas vazias há meses, porque os donos não baixam o preço da renda. Preferem continuar com as habitações vazias e esperar que haja inquilinos com poder económico que vêm do estrangeiro para cá", salienta esta portuguesa de Tondela, que chegou ao Luxemburgo com oito anos de idade, há 29 anos. 

"Espero bem que a nova lei que vai aplicar um imposto sobre as casas vazias produza efeito e faça baixar o preço da renda", anseia esta inquilina.


As casas já estão mais baratas no Luxemburgo. É uma boa notícia?
As taxas de juro dispararam e originaram a queda dos preços no mercado da habitação. Contudo, é mais difícil obter um empréstimo, o que aliado ao agravamento da situação económica das famílias, leva-as a adiar o sonho de poder comprar casa no país.

"Enquanto aqui as casas para arrendar vão ficando sem inquilinos, muitos residentes no país, inclusive luxemburgueses estão a ir em debandada morar para os países vizinhos nas fronteiras, onde os preços são mais em conta, mas também estão a subir", argumenta.

"Nem mesmo com os apoios sociais que o Luxemburgo tem, nomeadamente o subsídio de arrendamento aos mais desfavorecidos, quem ganha menos não consegue pagar os custos altíssimos do arrendamento, que levam mais de metade do orçamento familiar", alerta. "Todos temos direito a arrendar casa aqui no país. Tem de haver justiça na habitação", reclama a portuguesa.

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