Portugal e países vizinhos do Luxemburgo mantêm vacina da AstraZeneca
Portugal e países vizinhos do Luxemburgo mantêm vacina da AstraZeneca
Portugal, assim como os países que fazem fronteira com o Luxemburgo - Bélgica, França e Alemanha - não suspenderam a vacina da AstraZeneca, mesmo depois de efeitos adversos registados em alguns estados europeus, com consequências mortais num caso e necessidade de internamento hospitalar, noutro.
No domingo, a Áustria anunciou a retirada de um lote da vacina da AstraZeneca depois de ter registado vários casos de coágulos no sangue. Um deles culminou na morte de uma enfermeira, de 49 anos, 10 dias depois de ter sido vacina, devido a "graves problemas de coagulação do sangue". Registaram-se mais quatro casos de pacientes com coágulos, depois de receberem a dose do mesmo lote do fármaco. Este quatro casos incluem-se nos 22 de tromboembolia já reportados pela Agência Europeia do Medicamento (EMA) associados à AstraZeneca.
EMA garante que riscos não superam benefícios
Apesar da suspensão em alguns países, a Agência Europeia do Medicamento afirmou que não existem provas, até ao momento, de um aumento de risco de coagulação sanguínea em pessoas vacinadas contra a covid-19.
“As informações disponíveis até ao momento indicam que o número de tromboembolias em pessoas vacinadas não é superior ao observado em toda a população”, referiu a EMA numa nota à AFP.
O organismo europeu acrescenta também que "não há atualmente qualquer indicação de que a vacinação tenha causado estas patologias, que não estão listadas como efeitos secundários com esta vacina" e que "os benefícios da vacina superam os riscos".
A EMA garante estar a acompanhar e a investigar estes casos, mas para já desaconselha a interrupção das campanhas de vacinação com a AstraZeneca.
Países vizinhos do Luxemburgo mantém vacina
É com base nesta indicação da Agência do Medicamento Europeia que os países vizinhos continuam a vacinação com este fármaco.
Em França, o ministro da Saúde Olivier Véran já tinha afirmado não haver necessidade de suspender a AstraZeneca, considerando que "o lado positivo das vacinações, nesta fase, compensa os riscos".
Também as autoridades belgas garantiram que vão continuar a administrar a vacina, seguindo as orientações da EMA, assegurou o o ministro federal da Saúde, Frank Vandenbroucke.
A Alemanha, que recentemente aprovou o uso da AstraZeneca para todas as idades, vai igualmente manter a vacinação com o fármaco.
"Até agora tudo aponta para que os benefícios da vacina, mesmo depois dos casos individuais reportados, sejam maiores que os riscos, e continua a ser esse o cenário", afirmou, esta sexta-feira, o ministro da Saúde, Jens Spahn, citado pela Reuters.
Polémica em Portugal um dia depois da vacina ser autorizada para maiores de 65 anos
No caso português, a decisão do Governo de manter esta vacina está a gerar polémica, com o PSD, maior partido da oposição, a questionar, esta quinta-feira, a ministra da Saúde sobre o posicionamento de Portugal em relação à vacina da farmacêutica. Os sociais-democratas querem a apresentação, ao Parlamento, de um relatório mensal sobre reações adversas às inoculações com as várias vacinas contra a covid-19, já adquiridas e administradas no país.
Num requerimento citado pela agência Lusa, os sociais-democratas pedem que “os portugueses sejam informados sobre existência de qualquer caso semelhante [de coágulos no sangue após a toma da vacina] em Portugal, se existe alguma diretriz internacional da Agência Europeia do Medicamento ou da Organização Mundial da Saúde sobre este tema” e questionam Marta Temido sobre “qual vai ser o posicionamento de Portugal perante esta suspensão, a que vários países têm vindo a aderir nas últimas horas”.
Além da Áustria, países como o Luxemburgo, Estónia, Lituânia, Letónia, Dinamarca, Noruega, Islândia e Itália anunciaram a suspensão temporária da vacina até serem conhecidos mais detalhes. Hoje a Tailândia também anunciou o adiamento da campanha de vacinação com a AstraZeneca.
O requerimento do PSD foi apresentado um dia depois da Direção-Geral da Saúde (DGS) ter alargado a vacina da AstraZeneca a pessoas com idades acima dos 65 anos, depois de comprovada a sua eficácia.
Na quarta-feira, a DGS atualizou a norma relativa à vacina "de forma a permitir a sua utilização sem reservas a partir dos 18 anos, dada a sua segurança, qualidade e eficácia comprovadas, tal como foi aprovado pela Agência Europeia de Medicamentos".
Segundo a autoridade de saúde portuguesa, a decisão baseou-se "na divulgação de dados conhecidos nos últimos dias, que indicam que a vacina da AstraZeneca é eficaz em pessoas com mais de 65 anos".
Siga-nos no Facebook, Twitter e receba as nossas newsletters diárias.
