Paulette Lenert, a escolha óbvia do LSAP
Paulette Lenert, a escolha óbvia do LSAP
Paulette Lenert, vice-primeira-ministra desde que Dan Kersch deixou o governo a 5 de janeiro, apontou recentemente a sua motivação para continuar envolvida na política do país e não descartou a possibilidade de encabeçar a lista dos socialistas do LSAP ao Governo. "Ainda sou feliz a fazer o meu trabalho, porque a pandemia tem atrasado muitas coisas. Tenho motivação e energia para contribuir, mas nesta fase é ainda demasiado cedo para dizer. Em qualquer caso, o nosso país enfrenta muitos desafios e eu estou pronta a ajudar", declarou a ministra da Saúde recentemente.
Durante entrevistas à imprensa, a ministra não tem escapado à questão sobre a sua possível candidatura. A 21 de outubro, Paulette Lenert disse numa entrevista ao Land que "ainda nada foi decidido"."Mas eu também não disse que não estava disponível", acrescentou. Também confidenciou estar "realmente exausta durante a pandemia". "Mas eu ainda aqui estou e ainda estou de pé. Se eu estivesse cansada do meu trabalho, reformar-me-ia", acrescentou.
Para já, uma coisa é certa: irá concorrer às eleições como deputada, como indicou recentemente na rádio 100,7.
A também ministra da Saúde é, nesta altura, a figura política mais popular no Luxemburgo, de acordo com a última sondagem publicada pela Ilres em junho, mas ainda não revelou se será ou não cabeça de lista pelo LSAP.
Em maio, a embaixadora francesa Claire Lignieres-Counathe concedeu-lhe a insígnia de oficial da Ordem Nacional da Legião de Honra para agradecer ao Grão-Ducado a sua cooperação durante a pandemia. Nessa ocasião, a ministra tinha dito ao Virgule que "não exclui nenhum cenário" relativamente a uma possível candidatura: "Há muitas decisões a serem tomadas, mas cabe primeiro ao partido decidir quem será o cabeça de lista; e, depois, tomar o tempo necessário para refletir se me for pedido que o faça."
Dan Biancalana, vice-burgomestre de Dudelange, está à frente do partido socialista com Francine Closener desde março e reconhece que Paulette Lenert pode ser uma boa opção. "Penso que há uma pessoa que se perfila para o cargo e que anunciou o seu interesse e vontade. Há ainda um processo a ser seguido em termos de validação. Caberá à pessoa, neste caso Paulette Lenert, dizê-lo abertamente, mas creio que tem todo o apoio do partido se o quiser fazer", confidenciou.
Carreira como magistrada pode ser "mais-valia"
Tal como outros funcionários do partido entrevistados, a copresidente do LSAP afirma que também vai apoiar Paulette Lenert se esta se resolver candidatar. "Ela sabe como gerir situações de crise, tais como a pandemia", observam os socialistas contactados pelo Virgule. Recorde-se que a atual ministra assumiu a pasta da Saúde a 4 de fevereiro de 2020 em substituição de Etienne Schneider, que decidiu deixar a política. Três semanas após a sua nomeação, o Grão-Ducado relatou o primeiro caso de covid-19.
"Ela foi também capaz de fazer ouvir a voz do LSAP durante a última tripartida para obter o melhor acordo", observa também Francine Closener, antiga secretária de Estado da Economia (2013/2018). O presidente do grupo LSAP no Parlamento, Yves Cruchten, assinala ainda que a ministra da Saúde "não está longe das realidades no terreno".
E lembra que, antes de entrar para a política, Paulette Lenert era magistrada. Após ter concluído 0 mestrado em Direito Europeu na Universidade de Londres (em 1992), começou a sua carreira profissional como advogada na Ordem dos Advogados do Luxemburgo antes de se tornar, cinco anos mais tarde, a primeira juíza no tribunal administrativo (1997-2010).
A deputada Lydia Mutsch acredita que este perfil pode ser "uma mais-valia", já que Lenert conhece "a administração por dentro". A ex-ministra da Saúde (2013-2018) tem rasgados elogios para a mulher que a substituiu na villa Louvigny: "Ela é sólida em caso de conflito e soube impor-se. Além disso, é popular e implementa boas políticas para o país".
Nos últimos meses, porém, Paulette Lenert tem sido alvo de muitas críticas, particularmente quando se opôs à instalação de equipamentos de Imagiologia por Ressonância Magnética (IRM) em algumas clínicas privadas. Mais recentemente, foi a Associação de Médicos e Médicos Dentistas (AMMD) que atacou a sua política de saúde, lamentando a falta de diálogo. A ministra, contudo, considerou que "muitas coisas foram exageradas" pela AMMD.
Também o copresidente dos Jovens Socialistas (JSL), Amir Vesali, se mostrou pronto a apoiar Lenert em caso de candidatura, considera-a uma política "progressista", particularmente no que diz respeito à descriminalização da canábis ou à implementação de uma reforma fiscal mais justa.
"Até agora, ela tem apoiado as exigências dos Jovens Socialistas, enquanto o LSAP nem sempre esteve na mesma linha com os JSL no passado. De facto, os JSL sempre estiveram mais à esquerda do que o partido. Ela não está a tentar impedir-nos de cumprir as nossas exigências. Penso que seria a candidata certa, se for esse o caso", declara Amir Vesali. Mas reitera que "estas discussões ainda não estão a ser conduzidas ao nível da liderança do partido para determinar se será Paulette Lenert ou outra pessoa". Amir Vesali também veria com bons olhos ter uma mulher no cargo de primeira-ministra, o que seria uma estreia no Luxemburgo.
Decisão será tomada em congresso na primavera
O congresso do LSAP na próxima primavera deverá decidir quem irá defender as cores do partido nas próximas legislativas, revela Francine Closener. "Estou surpreendida que os jornalistas estejam tão interessados no nosso partido para as próximas eleições e menos nos outros, mas isso é bom para nós", refere a copresidente. Este interesse pode ser explicado pela popularidade de Paulette Lenert, de acordo com as últimas sondagens feitas à população.
Durante a apresentação do balanço parlamentar de 2021/2022 em julho, Yves Cruchten foi taxativo nas ambições do LSAP: "Ter um primeiro-ministro ou primeira-ministra socialista no futuro", disse o presidente do grupo com um sorriso. Até agora, o Luxemburgo não teve um chefe de governo socialista.
(Este artigo foi originalmente publicado no Virgule e adaptado para o Contacto por Maria Monteiro.)
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