Pais e professores pedem ao Governo para travar situação "muito preocupante" nas escolas
Pais e professores pedem ao Governo para travar situação "muito preocupante" nas escolas
"A situação atual nas escolas do nosso país é muito preocupante, devido à rápida propagação da variante Omicron", escrevem estes pais e professores na introdução da carta. A comunidade escolar está a preocupada com o número de casos positivos de covid-19, que "está a aumentar todos os dias".
De acordo com o último relatório semanal do Ministério da Saúde, o número de novos casos nas escolas correspondeu a metade do total de casos no país na semana de 17 a 23 de janeiro.
Para os encarregados e docentes, os ministérios da Educação e da Saúde "não parecem ter tido em consideração dois aspetos importantes da pandemia". Por um lado, o "risco de doenças graves" para as crianças, professores e as suas famílias, e as "potenciais consequências" da covid longa. Por outro lado, alertam para as "muitas ausências" de docentes que representam um "problema real" e um "risco para a qualidade da educação".
Questionado pelo Contacto, o Ministério da Educação confirmou que recebeu a carta. "No Luxemburgo, como em outros países, as medidas sanitárias relacionadas com a covid-19 são apreciadas de forma diferente pela população. Os comentários e exigências feitas na carta aberta expressam as opiniões de alguns pais, neste caso aqueles para quem as medidas não vão suficientemente longe, enquanto outros pais, noutras comunicações, apelam à flexibilização ou mesmo à abolição das medidas de saúde em vigor. Estas diferenças de opinião sobre as medidas covid refletem a pluralidade de opiniões na nossa sociedade", respondeu uma fonte do Executivo.
Assim, para o Ministério, "o objetivo permanece inalterado: manter as escolas abertas para garantir o direito à educação e a continuidade da aprendizagem para todos os alunos, limitando o mais possível a propagação do vírus. As medidas sanitárias postas em prática para as escolas cumprem este objectivo, definindo medidas e regras claras para o funcionamento das aulas".
Na carta, que pode ser lida aqui, os signatários referem ainda que muitos estudos científicos indicam que a infeção pelo SARS-CoV-2 pode ter graves efeitos na saúde das crianças. Desta forma incluem uma lista com sete tópicos que representam as suas principais preocupações:
Ventilação. Os encarregados questionam o Governo sobre a ventilação nas escolas e se foram tomadas medidas para equipar todas as salas de aula com purificadores de ar adequados, uma vez que estes "devem evidentemente satisfazer uma série de critérios definidos, a fim de serem eficazes e adequados".
Testes rápidos. Outra questão tem a ver com a eficácia dos testes rápidos, que "varia muito entre fabricantes/marcas". Os pais e professores questionam que testes existem e se o tipo, qualidade e número de testes atualmente utilizados nas escolas são adequados para detetar casos positivos numa fase precoce e assim evitar a propagação do vírus.
Comunicação. Os autores da carta afirmam que a comunicação de casos nas escolas "não é clara" e que é "imperativo" aumentar a transparência para restaurar a confiança nas autoridades e ajudar os pais a compreender a situação epidemiológica no seu local de residência.
Máscaras. Os encarregados perguntam por que é que a reintrodução das máscaras nas escolas não aconteceu antes das férias de Natal, como tinha sido pedido por pais e pediatras, mas apenas depois das festas, "na altura da explosão muito rápida dos casos Omicron". Questionam ainda qual foi a base científica do Governo para essa decisão e quais foram os critérios.
Crianças vulneráveis. Há uma grande preocupação da comunidade escolar em relação às crianças vulneráveis e crianças que vivem com pessoas vulneráveis, que se encontram numa "situação muito difícil devido à instabilidade e ansiedade". Os signatários questionam como é que o Ministério assegura a proteção dos seus direitos.
Transparência. Em relação à consulta de peritos por parte do Ministério, os encarregados perguntam que membros da comunidade científica são consultados e se as medidas de prevenção e proteção são tomadas com base nessas consultas.
Covid longa. Dada a incidência da covid longa entre crianças e adolescentes, mesmo nos assintomáticos, os pais e professores questionam se existe um sistema de identificação e informação nas escolas para evitar que os efeitos duradouros afetem o bem-estar e educação desses alunos.
Reforço da testagem no ensino fundamental
Desde a passada sexta-feira, 21 de janeiro, está em vigor nas escolas uma nova regra que reforça a testagem no ciclo 1 do ensino fundamental, medida que abrange as crianças entre os três e seis anos.
Assim, quando surge um caso positivo numa turma, as crianças devem fazer um autoteste todos os dias, durante uma semana. Uma medida que pôs fim à quarentena para os não infetados.
O autoteste deverá ser feito com o consentimento dos pais e em casa, ao contrário das crianças dos ciclos 2 a 4. Se os pais recusarem realizar os autotestes, as crianças estão impedidas de ir à escola, tendo de ficar em quarentena.
Segundo as anteriores regras, quando havia casos positivos numa turma do ciclo 1, as crianças ficavam em quarentena sem necessidade de testagem. Cabe à Inspeção da Saúde decidir se uma turma deve seguir o ensino à distância, na existência de um surto numa ou várias turmas.
(Notícia atualizada às 16h45)
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