Não há missas públicas. Cardeal Hollerich dececionado com o Governo
Não há missas públicas. Cardeal Hollerich dececionado com o Governo
A vida pública no Luxemburgo está a recomeçar lentamente, mas ao contrário do que acontece em muitos países europeus, as missas públicas ainda não são permitidas.
O cardeal Jean-Claude Hollerich, nas suas palavras introdutórias à missa pontifícia do último domingo de Oitava, diz que recebeu numerosos pedidos de fiéis sobre quando poderiam celebrar novamente a missa em conjunto. "Pararam-me mesmo na rua", afirma.
O homem da igreja, normalmente diplomático, afirma claramente estar à espera de uma resposta do primeiro-ministro, Xavier Bettel, responsável pelos cultos e garante que essa reabertura não poria em causa a saúde pública: "É claro que elaborámos um conceito de proteção".
A 6 de maio, a administração da diocese apresentou ao Ministério de Estado o que era necessário para o reinício das missas. Não houve qualquer reação. "Tentámos telefonar - várias vezes", relatou Hollerich.
Apenas uma semana após a apresentação do processo, a 13 de maio, o arcebispado foi informado de que os documentos tinham agora sido enviados ao Ministério da Saúde. O arcebispado tinha tentado falar diretamente com o Ministro de Estado e primeiro-ministro, Xavier Bettel; "foi-nos dito que isso não era possível". O Governo também não respondeu ao pedido escrito do bispo auxiliar Leo Wagener.
"A liberdade religiosa é um direito humano", salientou Hollerich. "É claro que este direito tem de ser ponderado numa pandemia, razão pela qual o arcebispado tinha assumido a sua responsabilidade e cancelado as missas públicas".
Algumas pessoas tinham-lhe dito que é intencional que a Igreja não tivesse recebido qualquer resposta ao seu plano de retomar as missas com proteção adequada. Pessoalmente, não acredita nisso: "Só penso que somos completamente indiferentes - e isso deixa-me desapontado e zangado." Esperava que as autoridades dessem feedback sobre o plano; que fizessem propostas em relação ao que deveria ser mudado. Mas isso não não aconteceu.
"Absolutamente zero reações, nenhum diálogo". Para os católicos, uma missa não é um acontecimento qualquer. "Uma missa é parte da essência de ser um cristão católico."
Cardeal Jean-Claude Hollerich Hollerich prestou homenagem à criatividade e dedicação dos colaboradores, que desenvolveram e implementaram o plano para uma Oitava digital num curto espaço de tempo. O vigário Geral Patrick Muller ficou também satisfeito com o resultado da Oitava. Havia um sentimento de união entre os colaboradores. "Surgiram novas iniciativas", disse. "Ser igreja juntos significa também ousar fazer algo novo".
Infelizmente, os novos serviços digitais provavelmente não foram acessíveis a muitos crentes mais velhos. Mas o cardeal espera muito sinceramente que em breve as missas com os visitantes sejam novamente possíveis. Além disso, o altar votivo permanecerá no lugar até outubro.
O facto do Governo ainda não ter mostrado qualquer reação ao conceito de proteção é lamentável e decepcionante - não só para a liderança da Igreja, mas também para muitas pessoas no país, disse Muller. A 11 de maio, ou seja, no início da segunda Oitava semana, houve um claro relaxamento das medidas relacionadas com o novo coronavírus no Luxemburgo.
A peregrinação poderia também ter sido aberta aos peregrinos? "Também com isso fomos muito cuidadosos e perguntámos", disse Muller quando questionado. "Mas agora, depois da Oitava, queremos de facto proceder a abertura das missas com precauções rigorosas para a admissão dos fiéis, como é possível nos museus".
Afinal de contas, o Dia da Ascensão e Pentecostes estão iminentes. Não é ainda previsível saber se os Luxemburgueses poderão voltar à missa no Pentecostes: "Esperamos agora um diálogo que certamente virá agora depois deste corajoso apelo do Cardeal", sublinha Muller.
O Ministério de Estado compreende que os fiéis gostariam de voltar a assistir aos serviços religiosos em breve. Quando questionada pelo Wort, a porta-voz do primeiro-ministro afirmou que, após 6 de Março, tinha-se efetivamente realizado um diálogo entre o ministério e a arquidiocese. O Governo tinha solicitado a todas as comunidades religiosas que dessem feedback sobre o recomeço das celebrações religiosas e está a trabalhar numa solução para o Luxemburgo. As propostas serão apresentadas num futuro próximo.
Este artigo foi traduzido da versão alemã do Luxembourg Wort.
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