Escolha as suas informações

O Luxemburgo poderá ser abalado por um terramoto?
Luxemburgo 2 min. 07.02.2023
Sismo

O Luxemburgo poderá ser abalado por um terramoto?

Em dezembro de 2019 a terra tremeu no Grão-Ducado.
Sismo

O Luxemburgo poderá ser abalado por um terramoto?

Em dezembro de 2019 a terra tremeu no Grão-Ducado.
Photo: D.R.
Luxemburgo 2 min. 07.02.2023
Sismo

O Luxemburgo poderá ser abalado por um terramoto?

Simon MARTIN
Simon MARTIN
Uma catástrofe como aconteceu na Turquia e Síria pode ocorrer no Grão-Ducado? A resposta é de Adrien Oth, diretor científico do Centro Europeu de Geodinâmica e Sismologia (ECGS).

O violento terremoto que atingiu a Turquia e a Síria durante a madrugada de segunda-feira fez milhares de mortos e feridos. O balanço provisório só aumenta de hora em hora, perspetivando o pior.   

Adrien Oth é investigador e diretor científico do Centro Europeu de Geodinâmica e Sismologia (ECGS). Criado em 1988, o ECGS visa prevenir, proteger e assistir contra os principais perigos tecnológicos e naturais, o que inclui a monitorização constante dos movimentos das placas tectónicas em todo o mundo. "Neste contexto tão tectónico, um terramoto desta magnitude é excecional", diz este cientista. "Por outro lado, recordamos que o Japão registou um terramoto de magnitude 9.1 em 2011 que, no contexto tectónico da Turquia e da Síria, seria mais difícil de observar".

A devastação na Turquia e Síria deixada pelo sismo de 7,8 na escala de Richter.
A devastação na Turquia e Síria deixada pelo sismo de 7,8 na escala de Richter.
AFP

"Um contexto tectónico diferente"

As regiões afetadas são muito ativas, sismicamente falando, e já ocorreram no passado vários terramotos de menor magnitude. E o Luxemburgo? Coloca-se a questão: poderá um tal desastre abalar o Luxemburgo em algum momento? "Do meu ponto de vista, não", responde Adrien Oth. 

"Encontramo-nos num contexto tectónico diferente. A falha do leste da Anatólia que originou o terramoto na Turquia e na Síria é um interface entre duas placas, a placa da Anatólia e a da Arábia". Um verdadeiro entrelaçado de placas e falhas geológicas que exercem impulsos e tensões, e que a dada altura causam estes terramotos.


Porque é que o terramoto na Turquia e na Síria foi tão devastador?
O impacto avassalador do sismo desta segunda-feira, que fez pelo menos 2.600 mortos, deve-se a uma combinação de fatores.

No Luxemburgo, a situação é bastante diferente: "O país está bem dentro da placa euroasiática. Pelo que nunca houve realmente qualquer sismicidade histórica significativa no Luxemburgo".

Mas, não muito longe do Grão-Ducado, existe uma zona sísmica ativa, a chamada "Rhine Graben". Esta é uma zona que tem sido responsável por muitos terramotos devastadores ao longo dos séculos. Estende-se desde a Basileia (Suíça) a Frankfurt am Main (Alemanha) e tem mais de 300 km de comprimento e 40 km de largura. 

A "fossa tectónica do Reno" passa pelas montanhas dos Vosges e pela floresta do Palatinado (Alemanha). "Nas Ardenas, no século XVII, registou-se um terramoto de uma magnitude de 6,2", lembra Adrien Oth. "Tal evento poderia ser repetido e ter um ligeiro impacto no Luxemburgo, mas é pouco provável que aconteça durante a nossa vida".

É possível prever um tal desastre? "Ainda há muito por compreender acerca dos terramotos. O que é certo é que o ciclo de recorrência é bastante diferente do que encontramos em outras áreas do mundo".

"Mini-sismo" em 2019

Há quem se recorde que em dezembro de 2019 a terra tremeu no Luxemburgo. O epicentro não estava longe de Alzingen e o fenómeno atingiu uma magnitude de 1,9 na escala de Richter. No início desse ano, foram registados tremores de magnitude 2.1 em Remerschen. Como referiu Adrien Oth na altura, não havia necessidade de preocupação. "Repito, há atividade sísmica no Luxemburgo, mas é muito rara".

Mais recentemente ocorreu nova atividade sísmica no país, sem agitar a população, recorda este cientista. "Esta teve lugar em Mondorf e a sua magnitude situou-se entre 1,5 e 2 na escala de Richter, o que é demasiado pequeno para ser sentido pela população".

Artigo publicado originalmente no Virgule e traduzido por Paula Santos Ferreira

O Contacto tem uma nova aplicação móvel de notícias. Descarregue aqui para Android e iOS. Siga-nos no Facebook, Twitter e receba as nossas newsletters diárias.


Notícias relacionadas