Luxemburgo entra hoje em dívida e vai ter de viver a crédito o resto do ano
Luxemburgo entra hoje em dívida e vai ter de viver a crédito o resto do ano
Se todos os países vivessem como o Grão-Ducado, seria preciso termos os recursos de mais de sete planetas, segundo a Global Footprint Network. A pegada ecológica do Luxemburgo é a segunda pior do mundo, a seguir ao Qatar. Ambos estão aliás nos primeiros lugares em dois tops: são os dois países mais ricos do mundo e os mais devedores, em termos de gasto de recursos e de pegada ecológica.
No ano passado, a "bancarrota ambiental" do planeta - uma média de todos os países - chegou a 1 de agosto. É o chamado "overshoot day", que em português tem sido traduzido por "dia da dívida ecológica" ou "dia da sobrecarga da Terra". É nessa altura que o consumo de recursos naturais ultrapassa a capacidade de renovação anual da natureza. A data é calculada com base em vários dados, incluindo a relação do consumo total da humanidade (pegada ecológica) e a capacidade de a Terra se regenerar, criando recursos naturais (biocapacidade). A pegada ecológica tem em conta vários recursos: o uso de terra cultivada, florestas, pastagens, áreas de pesca e o dióxido de carbono proveniente de combustíveis fósseis. A biocapacidade mede a quantidade de área biologicamente produtiva disponível para regenerar esses recursos.
Desde 1970 que o planeta entra em dívida ecológica antes de o ano acabar, e a data da falência ambiental chega cada vez mais cedo. No Luxemburgo, é no dia 19 de fevereiro, segundo o ranking publicado no ano passado pela Global Footprint Network. No Qatar, a data chegou ainda mais cedo, no dia 9 deste mês. No top dos países que mais tempo "vivem a crédito", depois de Qatar e Luxemburgo, estão ainda os Emirados Árabes Unidos, que entram em dívida a partir de 4 de março, os Estados Unidos, a 15 de março, e o Canadá, a 18. No extremo oposto está o Vietname, um país que só começará a viver a crédito a partir de 21 de dezembro.
Portugal nem é dos piores no ranking, e mesmo assim tem uma pegada ecológica que corresponde aos recursos de 2,2 planetas. Se a humanidade consumisse ao ritmo dos portugueses, os recursos chegariam ao fim no dia 16 de junho.
A Global Footprint Network foi fundada pelo engenheiro suíço Mathis Wackermagel, que criou o conceito de "pegada ecológica", a superfície terrestre necessária para suportar um indivíduo, uma cidade, um país ou a uma população.
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