JIF marca greve de mulheres lembrando as que estão na linha da frente da pandemia
JIF marca greve de mulheres lembrando as que estão na linha da frente da pandemia
A plataforma JIF lançou, esta sexta-feira, 27 de novembro, a campanha para a segunda greve das mulheres no Luxemburgo, que está marcada para 8 de março de 2021, no Dia Internacional da Mulher.
Segundo a organização, a pandemia expôs ainda mais a necessidade de reconhecimento do trabalho de prestação de cuidados, pago e não pago, exercido maioritariamente por mulheres. E é essa a base das reivindicações da greve do próximo ano, que já tinha estado também na origem dos protestos da primeira, realizada em março de 2020, e que, de acordo com as contas da JIF, reuniu mais de duas mil pessoas nas ruas.
"A plataforma JIF não mudará o seu foco em 2021", refere o comunicado da organização, que na manifestação deste ano reivindicou "mais dinheiro, mais tempo e mais respeito pelo trabalho de cuidados" e ação por parte do Governo.
Agora, com a pandemia em plena segunda vaga, a plataforma quer sublinhar a reivindicação, lembrando que por causa da crise de covid-19, o trabalho de cuidados remunerado e não remunerado passou a ser visível e destacado pelo seu contributo para "salvar vidas".
"O Luxemburgo viveu o seu primeiro estado de crise sanitária e durante o período de confinamento, os prestadores de cuidados foram aplaudidos, os empregados de caixas foram agradecidos e toda uma série de empregos foram considerados indispensáveis."
Para a organização, é urgente uma ação do Governo para melhorar o estado do trabalho de cuidados. Trabalho, na maior parte dos casos, desempenhado predominantemente por mulheres, mas que não impede, de acordo com a plataforma, que elas sejam também das mais afetadas pelo desemprego que a crise tem provocado.
"As pessoas mais expostas aos riscos de saúde e às consequências económicas da pandemia são também as mais precárias, as mulheres em geral, incluindo as trabalhadoras domésticas, as famílias monoparentais, imigrantes indocumentados, as mulheres imigrantes e os sem-abrigo em particular. A taxa de desemprego tem aumentado, com a particularidade de muitas mais mulheres estarem atualmente desempregadas", salienta a JIF.
Entre as medidas defendidas pela plataforma está a "reavaliação significativa do SSM e das profissões que dele dependem" e que não deve continuar a ser adiada. Por outro lado, a organização alerta para o facto de "a semana de 60 horas com até 12 horas de trabalho por dia" ser cada vez mais "imposta a várias categorias de pessoal, particularmente no sector da saúde".
O teletrabalho em conjugação com as tarefas domésticas e de cuidado, em casa, é outra das realidades para a qual a JIF quer chamar a atenção, lembrando que essa sobreposição veio aumentar o trabalho, sobretudo não remunerado, sobre as mulheres.
"Com o teletrabalho e o encerramento das escolas surgiram novas tensões entre casais na negociação da assunção do trabalho doméstico e da educação das crianças. Novas cargas de trabalho tiveram de ser asseguradas, especialmente pelas mulheres", refere a JIF, reivindicando a partilha equitativa do trabalho de cuidados e redução das horas de trabalho que as mulheres acumulam.
Em tempos de crise pandémica, a plataforma entende que o próprio futuro do sistema de saúde dependerá do reconhecimento e valorização do trabalho remunerado e não remunerado de cuidados.
Antes da greve, e já a partir desta sexta-feira, está prevista a realização de várias iniciativas, por parte da organização. Envio de boletins informativos regulares, reuniões abertas em todo o país, em formato presencial ou online, entre outros eventos temáticos.
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