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Jean-Claude Hollerich diz que bispos vão ser obrigados a denunciar casos de pedofilia
Luxemburgo 1 3 min. 23.02.2019 Do nosso arquivo online

Jean-Claude Hollerich diz que bispos vão ser obrigados a denunciar casos de pedofilia

Jean-Claude Hollerich.

Jean-Claude Hollerich diz que bispos vão ser obrigados a denunciar casos de pedofilia

Jean-Claude Hollerich.
Foto: Guy Wolff
Luxemburgo 1 3 min. 23.02.2019 Do nosso arquivo online

Jean-Claude Hollerich diz que bispos vão ser obrigados a denunciar casos de pedofilia

O papa Francisco convocou uma cimeira sobre abusos sexuais e pedofilia, que reúne no Vaticano, até domingo, 190 dioceses.

O arcebispo do Luxemburgo, Jean-Claude Hollerich, defende que os membros do clero devem ser obrigados a denunciar casos de pedofilia às autoridades competentes, como forma de tentar acabar com os inúmeros episódios encobertos na Igreja.

“Chegaremos à obrigação de denúncia, queremos a Igreja como Jesus quer. Se há um mal na Igreja, a pessoa tem a obrigação de informar as autoridades competentes, não queremos mais esconder as coisas”, disse esta nesta sexta Jean-Claude Hollerich, que é também presidente da Comissão de Bispos das Conferências Episcopais da União Europeia (Comece), citado pela agência de notícias italiana Ansa.

A medida foi discutida e decidida durante a cimeira sobre abusos sexuais e pedofilia, convocada pelo papa Francisco e que reúne até domingo no Vaticano 190 dioceses.

Questionado se os bispos também poderão ser depostos caso escondam casos de pedofilia, Hollerich respondeu: “Sim, se culpados, é preciso fazê-lo”.

Numa curta entrevista à Euronews, Jean-Claude Hollerich disse “acreditar que a as coisas vão mudar” e que está “muito feliz” por isso.

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Igreja destruiu dossiês sobre abusos sexuais, admitiu cardeal alemão Reinhard Marx

As palavras de Jean-Claude Hollerich poderão ficar mais difíceis de pôr em prática, isto porque a igreja católica “destruiu os dossiês sobre abusos sexuais” perpetrados no seu seio. Quem o disse foi o cardeal alemão Reinhard Marx, assessor próximo do papa Francisco, hoje, durante a cimeira no Vaticano.

"Os processos e procedimentos estabelecidos para julgar os crimes foram deliberadamente ignorados, até mesmo cancelados ou anulados, e os direitos das vítimas foram pisados e deixados à mercê de cada indivíduo", lamentou o presidente da Conferência Episcopal Alemã.

O cardeal Reinhard Marx defendeu ainda a eliminação da norma do segredo pontifício nos casos de abusos a menores.

O cardial Reinhard Marx, em primeiro plano à esquerda, à conversa com o cardeal de Chicago, Blase J. Cupich.
O cardial Reinhard Marx, em primeiro plano à esquerda, à conversa com o cardeal de Chicago, Blase J. Cupich.
Foto: AFP

O arcebispo de Munique foi um dos três relatores da sessão de hoje da cimeira sobre "a proteção dos menores na igreja", que decorre entre quinta-feira e domingo no Vaticano, e que aborda os abusos cometidos por membros do clero e na qual participam 190 representantes da hierarquia religiosa.

"Na era das redes sociais, onde é possível que todos e cada um estabeleçam contacto quase imediato e trocas de informação através do Facebook, Twitter, é necessário redefinir a confidencialidade e o segredo, e fazer uma distinção em relação à proteção dos dados", referiu.

Aos 114 presidentes ou vice-presidentes de conferências episcopais de todo o mundo, Marx disse ainda que "qualquer objeção baseada no segredo pontifício só seria relevante se fosse possível indicar razões convincentes", mas que "como estão as coias, não conheço essas razões".

A eliminação do segredo, que as vítimas de abusos pelo clero pediram em inúmeras ocasiões ao considera que protege os agressores, é uma das propostas que mais se tem ouvido desde o início da reunião no Vaticano.

Também o presidente da comissão para a proteção de menores, o cardeal norte-americano Sean Patrick O'Malley, afirmou que "é importante rever todo o conceito de segredo pontifício" para estes casos.

Na sua intervenção de hoje, Reinhard Marx insistiu também na necessidade da "comunicação ao público do número de casos e os detalhes relativos aos mesmo na medida do possível".

"Se fracassarmos, perderemos a oportunidade de manter um nível de autodeterminação sobre a informação ou nos exporemos à suspeita do encobrimento", assegurou, exortando ainda que sejam "estabelecidas normas e regras processuais transparentes para os processos eclesiásticos".


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