Homicídio de Ana Lopes. "Tenho a acusação, a parte civil e a polícia contra mim, mesmo sendo inocente"
Homicídio de Ana Lopes. "Tenho a acusação, a parte civil e a polícia contra mim, mesmo sendo inocente"
No último dia do julgamento de recurso do ex-companheiro de Ana Lopes, esta sexta-feira, o Ministério Público voltou a pedir a pena máxima. No final da sessão, Marco Silva decidiu falar. “Tenho a acusação, a parte civil e a polícia contra mim, mesmo sendo inocente”, disse, citado pela RTL.
Em resposta, a juíza disse que sabia que nas relações do português "tudo corria bem nos primeiros dois meses”, mas que depois o arguido “começava a mostrar o seu rosto oculto". Marco Silva respondeu: "Eu sei, a culpa é minha, fui eu quem escolheu essas mulheres”, afirmou, tendo depois traçado um perfil negativo da ex-companheira e mãe do filho, Ana Lopes.
"Conclusões baseadas em falsas suposições", alega defesa
Na última sessão do julgamento de recurso, o advogado do português voltou a exigir a absolvição do arguido, alegando que não existem provas suficientes para o condenar. Acusou ainda a investigação de ter colocado, desde o início, Marco Silva e a sua família como suspeitos do crime e que, por isso, terão sido retiradas muitas conclusões baseadas em falsas suposições.
A defesa de Marco Silva já tentara, na terça-feira, invocar a pouca certeza em relação à origem dos vestígios de ADN encontrados num rolo de fita adesiva junto ao carro da vítima. O perito foi ouvido e explicou que foram encontrados vestígios do haplótipo Y, o que significa que pertencem a qualquer membro do sexo masculino da família de Marco Silva: ou ele mesmo, ou um filho, o pai, um tio ou um irmão. O tribunal validou o testemunho do especialista.
No entanto, esta sexta-feira, o advogado de Marco Silva voltou a insistir na tese de que não há provas suficientes sobre a transferência de vestígios de ADN e que poderá ter havido um erro na análise dos vestígios biológicos. “Não caia na tentação da simplificação. Pedimos-lhe que use um raciocínio digno desse nome", pediu o advogado ao tribunal.
O ex-companheiro de Ana Lopes, também de nacionalidade portuguesa, é acusado de a ter sequestrado e matado - tinha a jovem apenas 25 anos -, e ainda de ter queimado o corpo e o carro da vítima, deixando-os do outro lado da fronteira francesa.
"Ana Lopes não tinha hipóteses de sobreviver"
"Um crime brutal, executado com uma frieza chocante ", disse o MP, nas suas alegações finais, na passada terça-feira, antes de pedir prisão perpétua para o acusado, a mesma a que o português foi condenado, em janeiro.
A "sua ausência de confissão, arrependimento ou responsabilidade" não o torna elegível para circunstâncias atenuantes ou qualquer adiamento, alegou, segundo o L'essentiel.
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