Estudar ainda garante emprego no Luxemburgo
Estudar ainda garante emprego no Luxemburgo
Estudar ainda compensa. No Luxemburgo, os adultos com um nível educacional mais alto – com mestrado ou doutoramento – têm maiores perspetivas de emprego. Quem o diz é a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) no seu relatório Education at a Glance, divulgado dias antes do início do novo ano letivo. Este facto é tanto mais importante, tendo em conta que o Grão-Ducado tem uma das mais elevadas taxas de abandono escolar no ensino secundário.
De acordo com o relatório que analisa o estado da educação em 35 países, no Luxemburgo, a taxa de emprego é oito pontos percentuais mais elevada para aqueles que têm um mestrado em comparação com aqueles que têm um bacharelato. Aquele valor é o dobro da diferença média de emprego da OCDE. Se se olhar para os dados do desemprego divulgados pela Agência para o Desenvolvimento do Emprego (Adem), a tendência é de subida do desemprego entre aqueles que têm estudos superiores. Contudo, olhando para os números absolutos, há muito menos desempregados que frequentaram a universidade do que aqueles que têm estudos de nível primário ou secundário. De acordo com os dados referentes a julho, o número de pessoas com estudos superiores inscritas no centro de emprego subiu mais de 14%, para 3.422. Valor que compara com as 12.246 pessoas que frequentaram o ensino primário e secundário à procura de emprego.
Muitos desistem da escola
A OCDE alerta, por outro lado, para o facto de o Grão-Ducado ter um elevado número de alunos que acaba por desistir da escola, sobretudo no secundário. Mas por que motivo a taxa de abandono escolar é tão elevada? Em declarações ao Contacto, a OCDE explica que a performance dos alunos no Luxemburgo é fraca e há uma alta taxa de cumbos. A média dos resultados dos testes Pisa – que comparam a performance dos estudantes entre países – está abaixo da média da OCDE e o impacto das condições socio-económicas dos alunos está entre os mais altos. A OCDE afirma ainda que, a grande presença de estrangeiros no país torna a população estudantil heterógenea “e aqueles que falam uma língua diferente em casa podem ter dificuldades em lidar com o sistema trilingue do Luxemburgo”. Como consequência, uma parte significativa dos alunos repete o ano. O relatório de 2018 indicava que 10% dos alunos até ao nono ano e 11% até ao 12° repetiam, pelo menos, um ano escolar. A média da OCDE é de 2% e 4%, respetivamente.
Trabalho mais qualificado, menos tempo para a família
O relatório conclui também que quem frequentou um nível de ensino elevado e tem um trabalho mais qualificado, tem menos tempo para dedicar à família. Segundo o estudo, no Luxemburgo, os trabalhadores declaram ter um equilíbrio entre vida pessoal e profissional mais alto do que a média da OCDE, mas este equilibrío vai diminuindo à medida que o nível educacional aumenta. 45% dos adultos que frequentaram o ensino superior tiveram dificuldades em cumprir com as suas obrigações familiares nos últimos 12 meses, valor que baixa para os 38% no caso de trabalhadores com o ensino secundário.
Os professores mais pagos com as turmas mais pequenas
Uma das tendências identificadas em quase todos os relatórios da OCDE repete-se neste: os professores luxemburgueses são os mais bem pagos do conjunto dos 35 países analisados. Os docentes do ensino pré-primário e primário com 15 anos de experiências têm um salário 88% mais elevado do que o de outros trabalhadores que frequentaram o ensino superior. No caso de professores do ensino secundário, a diferença sobe para dobro. Em relação à média, a OCDE explica que os professores – qualquer que seja o nível de ensino – recebem menos do que outros trabalhadores com educação superior.
O Grão-Ducado destaca-se ainda por ter turmas mais pequenas do que a média da OCDE. As salas de aula do ensino primário têm 15 alunos e 19 estudantes no ensino secundário até ao nono ano, números que comparam com os 21 e 23, respetivamente, da média da OCDE.
