Estrangeiros sem estudos superiores ganham menos do que luxemburgueses
Estrangeiros sem estudos superiores ganham menos do que luxemburgueses
Os estrangeiros sem um nível educacional superior ganham, em média, menos 18% a 25% do que os luxemburgueses com o mesmo grau de ensino. Esta é uma das conclusões de um estudo da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) sobre educação. No ’Education at a Glance’, o organismo liderado por Angel Gurría faz uma análise sobre o estado do setor do ensino nos vários países, incluindo uma avaliação por país. O documento foi divulgado na passada terça-feira, dias antes da abertura do novo ano letivo.
Uma das análises feitas tem a ver com a influência do grau de ensino nos salários recebidos pelos luxemburgueses e pelos estrangeiros. De acordo com a OCDE, as diferenças entre rendimentos são então mais significativas entre os adultos nascidos fora do Luxemburgo que não frequentaram o ensino superior, com diferenças que chegam aos 25%. Já no caso dos adultos com formação superior semelhante, os rendimentos são também similares para estrangeiros e para nativos. Isto “reflete um grupo migratório altamente qualificado, potencialmente educado nos países de origem, e bem adaptado ao mercado laboral assim que chega”, lê-se no documento da OCDE.
O estudo frisa ainda que, no Luxemburgo, mais de metade da população adulta é estrangeira, pelo que uma participação igualitária na educação é particularmente importante para garantir uma rápida integração na sociedade. A OCDE nota que os estrangeiros que chegam até aos 15 anos têm níveis de frequência do ensino superior iguais aos dos nativos. Já numa comparação com os países da OCDE para os adultos que chegaram ao país com mais de 16 anos, 40% frequentaram o ensino superior, valor acima dos 37% registados para a média.
Além de salários mais elevados, ter uma formação superior também garante emprego. A taxa de emprego no Luxemburgo é semelhante à da média da OCDE e aumenta com o grau académico: 60% dos adultos com uma formação inferior aos estudos secundários têm emprego. A percentagem sobe para 74% para aqueles que frequentaram o ensino secundário. E atinge os 89% para quem tem com um mestrado e 93% com o doutoramento.
A OCDE olhou também para o estado da educação nos infantários e creches. “Uma educação desde a infância é uma forma de ultrapassar barreiras sociais, através da construção de fortes bases para a formação escolar futura”. No entanto, há aqui um entrave significativo. É que, segundo a OCDE, a participação escolar desde cedo segue uma lógica social: uma criança vinda de uma família com mais recursos financeiros tem uma probabilidade maior de entrar na escola mais cedo. No Luxemburgo, a taxa de inscrição nas creches é de 64% para crianças com menos de três anos cuja mãe tenha formação académica superio. Esta taxa fica 15 pontos percentuais acima das crianças cujas mães não tenham aquele nível educacional.
Outro dos aspetos analisados foram os salários dos professores no Luxemburgo, os mais elevados dos países da OCDE. Um professor dos primeiros anos do ensino secundário pode esperar ganhar cerca de 68,8 mil euros no início de carreira, montante que sobe para quase 120 mil euros por ano no topo de carreira. O valor inicial é mais do dobro dos 28,7 mil euros recebidos nos países da OCDE. Aqueles montantes são dos mais altos em relação a outros professores nos países da OCDE, mas também a trabalhadores com formação superior noutros setores de atividade.
