Crime em Pétange. Suspeito em fuga clama inocência por e-mail
Crime em Pétange. Suspeito em fuga clama inocência por e-mail
Ele não é um assassino e nunca teve uma arma na sua posse. A imprensa teria espalhado falsas acusações e a polícia nem sequer o teria ouvido. Isto é o que Edinjo Pulti, que está na lista dos mais procurados da Europa, desde novembro de 2021, escreveu num e-mail a vários meios de comunicação social - incluindo o Luxemburger Wort.
Edinjo Pulti é procurado por várias tentativas de assassinato, a 2 de agosto de 2020, em Pétange. Nessa noite, dois grupos rivais entraram em confronto num restaurante e na rua, atacando-se violentamente e partindo em perseguição pelas ruas da cidade, situação que terminou numa colisão frontal deliberada.
O homem, hoje com 42 anos, é acusado de com uma faca esfaquear dois homens várias vezes. De acordo com a polícia, uma das vítimas sofreu ferimentos graves no abdómen. Desde janeiro de 2021, que é alvo de um mandato de captura europeu e internacional por ordem do juiz de instrução encarregado do caso.
O suspeito, cuja última morada conhecida foi em Nancy, desapareceu após os acontecimentos, foi localizado no seu país natal, a Albânia. Em fevereiro deste ano foi mesmo preso pela polícia local, mas teve de ser libertado por falta de um acordo de extradição.
Críticas à polícia e à imprensa
Por essa altura, alguém próximo do homem procurado declarou ao Luxemburger Wort que Pulti estava desesperado, estava a ser ameaçado e que há meses que tentava regressar ao Luxemburgo. O suspeito queria responder às acusações de que era alvo. Mas isto nunca aconteceu. Tanto quanto é sabido, Edinjo Pulti continua a escapar às autoridades judiciais luxemburguesas.
Esta quarta-feira, o suspeito enviou um e-mail ao Luxemburger Wort. Edinjo Pulti identificou-se com uma cópia do seu passaporte e declarou que tinha contactado a polícia luxemburguesa, a fim de explicar os acontecimentos aos investigadores. No entanto, foi-lhe negada autorização para o fazer. Assim, enviou aos investigadores uma declaração escrita na qual explicava mais pormenores sobre "a verdade sobre este evento".
No correio eletrónico enviado ao Wort e a outros meios de comunicação social, cuja lista de destinatários é visível escreve: "As vossas falsas notícias circulam por toda a parte através dos meios de comunicação social, o que levou à destruição da minha imagem e a preocupações consideráveis da minha família". Segundo o suspeito é fácil para os meios de comunicação espalhar "informação incorreta com cliques".
Pulti adianta ainda que os meios de comunicação devem estar conscientes das consequências dos seus atos: "Espero verdadeiramente que assim que os investigadores esclareçam tudo o que aconteceu, publiquem a verdade sobre o sucedido e retirem as acusações injustas que publicaram contra mim”.
A versão do clandestino
A verdade segundo Edinjo Pulti escreve no e-mail enviado ao Wort é a seguinte: "Nunca tive uma arma consigo, nem sequer uma faca, nem outras armas citadas na vossa publicação. Tenho também a precisar que nunca feri outra pessoa, em momento algum". Pulti diz ainda que o ataque com faca foi alegadamente levado a cabo por outra pessoa que o tinha perseguido de carro e atropelado, a ele e aos seus companheiros.
Essa pessoa saiu depois do carro, sem camisa, e atacou-o a ele e aos seus companheiros com uma faca. Isto pode ser visualizado num vídeo publicado por testemunhas oculares no YouTube. O homem de t-shirt cinzenta e chinelos de dedo estava sentado no banco de trás do carro, à direita. É evidente que estava desarmado e estava simplesmente a tentar fugir.
Apenas um processo legal- no qual o vídeo desempenhará certamente um papel de relevo- determinará se a versão de Pulti corresponde realmente à realidade. É quase certo que a polícia tem estado na posse do filme original há muito tempo. As imagens do YouTube são, manifestamente, cópias de cópias e não permitem quaisquer conclusões sólidas.
Mas para tal processo ocorrer, Edinjo Pulti terá primeiro de se entregar ao sistema judicial luxemburguês, ou ser detido. Até lá, e enquanto o mandado de procura for mantido pelo juiz de instrução, este homem continua a ser um suspeito em fuga e a precisar de dar explicações.
Este artigo foi traduzido da edição francesa do Wort e foi publicado originalmente no Luxemburger Wort.
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