Crianças do Luxemburgo têm mais medo da pandemia do que as de outros países
Crianças do Luxemburgo têm mais medo da pandemia do que as de outros países
O confinamento levou ao encerramento das escolas e obrigou os estudantes ao ensino à distância em casa, o que trouxe consequências para o seu bem-estar trazendo novas emoções e preocupações, conclui o estudo Covid Kids realizado entre maio e julho, junto de crianças e jovens entre os 6 e os 16 anos do Luxemburgo, Alemanha, Suíça e Brasil.
No estudo realizado através de um inquérito online e de entrevista, da responsabilidade de Claudine kirsch e Pascale Engel de Abreu, da Universidade do Luxemburgo e Sacha Neumann da Universidade de Tübingen, participaram 675 crianças e jovens do Luxemburgo e os resultados mostram que os menores sofreram com o confinamento gerado pela pandemia da covid-19.
Os menores do Grão-Ducado foram os que revelaram ter sentido mais receio de ser contaminados pela doença da covid-19, indica o Luxemburger Wort. Por outro lado, os menores das famílias mais desfavorecidas, os estudantes do ensino secundário e as raparigas foram psicologicamente os mais afetados conclui o estudo.
Alerta para o bem-estar dos menores
Outro fator importante para o bem-estar dos menores é a atenção que os pais lhes dedicam. As crianças e adolescentes que se sentiam satisfeitas após os desabafos ou conversas com os progenitores durante o confinamento sentiam um maior bem-estar.
De acordo com os autores 77%dos participantes do estudo provêm de famílias com alto nível socioeconómico, e isto é explicado devido à forma como foi feita a sondagem através da internet e para a qual era necessário ter computador. Apenas 7% dos inquiridos pertencem a famílias mais desfavorecidas, cita o Wort alemão. A maioria, 60% dos participantes assumiu-se como “bom aluno” e tinha um dos pais em teletrabalho em casa durante o confinamento.
Antes do confinamento 96% das crianças diziam estar satisfeitas ou muito satisfeitas com a vida, salientou Pascal Engel de Abreu sublinhando ao Paperjam que este era um resultado clássico dos menores de países ricos em tempos normais. Com a chegada da pandemia e o isolamento em casa esta percentagem de satisfação entre os menores baixou para 67% segundo o estudo Covid Kids.
A experiência do ensino à distância foi uma das razões para essa insatisfação, conclui o estudo.
Sem contacto com os professores
Pouco contacto com os professores, “55% dos alunos do secundário referiu não ter contacto com os docentes ou ter raro contacto”, repetição de tarefas, dificuldade na execução dos exercícios, fraca exploração das capacidades das ferramentas digitais foram as principais queixas apresentadas pelos menores em relação às aulas virtuais.
“O potencial dos meios digitais não foi totalmente explorado. Se a escola fechar novamente, terá que ser organizada de outra forma”, sublinhou Neumann ao Wort.
Os trabalhos em excesso foram outro dos pontos negativos apontados e que teve impacto no bem-estar: Metade dos alunos do ensino médio e um quarto dos alunos do ensino fundamental queixaram-se de demasiados trabalhos no ensino em casa.
“O confinamento deve ter conduzido a consideráveis atrasos de aprendizagem para alguns alunos” que devem ser compensados”, frisa Claudine Kirsch.
Recorde-se que antes do início deste ano escolar cerca de 6.000 alunos do fundamental e secundário beneficiaram de cursos especiais de revisão de matéria dada durante o confinamento. A medida colocada em prática pelo Ministério da Educação destinava-se a quem sentiu maiores dificuldades durante o ensino à distância para diminuir a desigualdade de aprendizagem neste ano letivo.
Repensar o ensino à distância
O estudo Covid Kids pretende alertar os decisores políticos, educacionais e da própria sociedade para a importância do bem-estar das crianças, sobretudo no ensino à distância em casa. “Não basta perguntar quais os alunos que têm bons resultados com o ensino online”, frisa Claudine kirsch. “Sabemos que os alunos mais velhos estão mais preocupados e que o contacto social é muito importante. Se as escolas voltarem a ser encerradas este fator tem de estar em cima da mesa e o ensino em casa tem de ter presente o contacto dos alunos com os seus professores e colegas, eles têm de poder trocar ideias”, alerta este investigador.
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