Covid 19. Os novos casos vão "duplicar a cada sete dias". Estamos na "segunda vaga"
Covid 19. Os novos casos vão "duplicar a cada sete dias". Estamos na "segunda vaga"
O Luxemburgo registou 163 novos casos de infeção pela covid-19. Desde os primeiros dias de abril que não havia um dia com um número tão alto de novas infeções no país. Foram mais 97 pessoas que testaram positivo do que na quarta-feira.
Esta subida tão elevada de novos casos de infeção no Luxemburgo não espanta os cientistas de um dos grupos da ‘task force’ Covid-19 que têm por missão traçar cenários e fazer previsões sobre a evolução da epidemia no país. Eles já previam esta tão grande subida diária de infeções.
Em plena "segunda vaga"
Um aumento elevado cujo número de casos “irá duplicar a cada sete dias a oito dias” no Luxemburgo, como explica ao Contacto o investigador Paul Wilmes, um dos autores do relatório e o porta-voz da task force Covid-19.
O que já estamos a assistir agora no país não é mais do que a famosa “segunda vaga” da epidemia. Um fenómeno que se começou a desenhar a “meio de junho”, e por isso estamos a assistir a este aumento de novas infeções, declara Paul Wilmes que assina o relatório intitulado “Análise dos números de casos COVID-19 no Luxemburgo, à luz da situação atual”. O investigador português Jorge Gonçalves, de Stefano Magni, Françoise Kemp, Ulf Nehrbasse e Alexander Skupin são os outros autores deste estudo publicado no site da Universidade do Luxemburgo que descreve a evolução da covid-19 no Grão-Ducado.
Crescimento exponencial
O relatório que agora publicaram descreve a evolução da covid-19 no Grão-Ducado sobretudo após o desconfinamento até ao passado dia 13 de julho. Já a meio de junho estes autores tinham publicado um relatório semelhante onde previam já o início de uma segunda vaga.
“O enfoque sobre os últimos 14 dias mostra que o número de casos tem vindo a crescer rapidamente desde meados de junho. A curva corresponde a um crescimento exponencial, que pode ser esperado no início de uma segunda vaga”, lê-se no relatório. “Os dados correspondem a um crescimento exponencial com a duplicação de casos nos próximos 8 dias. Embora seja mais lento do que sucedeu no início de março, esta é, no entanto, uma indicação clara de uma segunda vaga”, justificam.
Também a análise da curva da realização de testes em larga escala é semelhante à da análise dos números totais de casos sugerindo a mesma duplicação de casos no mesmo período de tempo, salienta o relatório.
De acordo com os seus autores, esta análise mostra que período de duplicação de casos indica que “as infeções já são percetíveis na população total não se devendo apenas aos clusters de infeções”. Assim sendo, “ter-se-á de assumir uma segunda vaga geral com base nos números de casos atualmente disponíveis”.
Taxa de reprodução da infeção
A taxa de reprodução (Rt) das infeções é outro dos indicadores do crescimento exponencial de casos e do caminho para a segunda vaga. O Rt é o valor de quantas pessoas um indivíduo infetado pode contaminar e deve ser mantido abaixo do 1, para se poder controlar a propagação da epidemia. Até início de junho este valor foi inferior a 1 no país, mas a partir de 6 de junho subiu acima de 1 e nunca mais desceu. Na quinta-feira era de 1,27.
Aumento de doentes hospitalizados
Uma segunda vaga poderá significar um aumento do número de hospitalizações e de doentes nos cuidados intensivos, alertam os autores do relatório que mostra também que a análise da curva da realização de testes em larga escala é semelhante à da análise dos números totais de infeções, ou seja, sugerindo a mesma duplicação de casos no mesmo período de tempo.
E quanto tempo demorará esta segunda vaga no Luxemburgo? “Isto dependerá de se e como podemos controlá-la”, vinca Paul Wilmes.
Respeitar as medidas sanitárias
A prevenção da epidemia começa em cada um de nós. Para que o controlo da propagação de casos de infeção seja possível este investigador alerta que os residentes no Luxemburgo “devem seguir estritamente as medidas impostas, tais como o uso de máscaras e a lavagem regular das mãos”.
“As pessoas devem evitar muitos contactos sociais. Novas restrições podem ser impostas pelo Governo para limitar a transmissão e propagação”, realça o porta-voz da task force.
Ontem, quinta-feira, 16 de julho foi aprovado um projeto de lei que deverá entrar em vigor sábado, dia 18 com mais medidas restritivas e domingo, dia 19 o primeiro-ministro Xavier Bettel poderá acrescentar novas restrições para controlar esta segunda vaga que assola agora o país.
"É possível ocorrer uma segunda vaga da epidemia este verão", já tinha declarado Paul Wilmes numa entrevista ao Contacto a 14 de maio. E de facto, de acordo com os estudos que está a realizar com os seus colegas a sua previsão estava correta.
Siga-nos no Facebook, Twitter e receba as nossas newsletters diárias.
