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Covid-19. Mais de 13 mil pais contra a reabertura das escolas em maio
Luxemburgo 5 min. 21.04.2020 Do nosso arquivo online

Covid-19. Mais de 13 mil pais contra a reabertura das escolas em maio

Covid-19. Mais de 13 mil pais contra a reabertura das escolas em maio

Luxemburgo 5 min. 21.04.2020 Do nosso arquivo online

Covid-19. Mais de 13 mil pais contra a reabertura das escolas em maio

Paula SANTOS FERREIRA
Paula SANTOS FERREIRA
A Representação Nacional de Pais, no Luxemburgo diz que "ainda é cedo demais" para os alunos regressarem à escola. E a petição online já vai com mais de 13 mil assinaturas. Mas terá de ser relançada no site oficial do governo, porque assim não irá ao parlamento.

Mais de 13 mil pais, irmãos, professores e outros habitantes do Luxemburgo já assinaram a petição de Tania Pragana contra a reabertura das aulas a partir de 4 de maio, como prevê o governo. Agora, a Representação Nacional dos Pais vem também manifestar-se publicamente contra esta decisão do Ministério da Educação, que considera prematura e perigosa e que pode por em risco a saúde dos alunos e funcionários dos estabelecimentos.

Os pais do Luxemburgo manifestam-se cada dia com mais força contra o regresso à escola dos seus filhos.

A petição pública atual “Não à reabertura das escolas e liceus em maio, há que proteger os nossos filhos, irmãos, etc”, lançada pela portuguesa Tânia Pragana no site change.org (clique aqui para ver) não vai poder ser debatida no parlamento como esta autora pensava. E como o Contacto erradamente escreveu, pelo que pedimos desculpas. Porque está a decorrer num site que não é o oficial da Comissão das Petições.

“Eu não sabia que a inscrição neste site não era válida para levar o assunto a debate e peço, desde já, desculpa a todos quantos assinaram a petição e continuam a assinar. Contudo, já apresentei a requisição para a abertura desta petição no site oficial para que possamos levá-la a debate público com o ministro da Educação”, conta ao Contacto esta irmã de um adolescente de 15 anos, com problemas de saúde, que considera ser ainda “muito arriscado” abrir as escolas do país.


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O governo já veio desmentir o boato que começou a circular nas redes sociais e prometeu dar mais pormenores na próxima semana.

O Contacto contactou fonte da Comissão das Petições que confirmou que as únicas petições que possam vir a ser discutidas em público são as que estão inscritas no site oficial desta comissão e que estão autorizadas.

No texto da petição esta portuguesa radicada no Luxemburgo pede ao estado que seja encontrada “outra solução excecional para esta situação de covid-19, fazê-los repetir ou passá-los de ano, mas um ano perdido é melhor do que uma vida perdida”.

 “Quem nos dirá com certeza que esta é a coisa certa a fazer? Qualquer pessoa pode ser afetada, não há limite de idade para as preocupações de saúde”, continua o texto da petição.  

Adesão impressionante de pais

Tânia Pragana diz-se “absolutamente impressionada” com o número de assinantes da sua petição e por isso mesmo, vai agora “fazer todo os possíveis” para relançar o seu abaixo-assinado no devido lugar.

“Falei com a Comissão de Petições e agora, tenho de esperar para que seja aprovada esta petição no site oficial. Já alertei as pessoas para o que se passa e para que possam de novo assinar a petição”, vinca. “Há professores, pais, familiares que me disseram ser contra a reabertura das escolas agora em maio, quando o ano escolar termina já em meados de julho”. O governo, insiste, “deveria só permitir a abertura das escolas e creches no próximo ano lectivo porque a epidemia ainda numa fase perigosa”. Além de que, “os professores sublinham ser impossível conseguir controlar os mais pequenos e obrigá-los a manter as distâncias necessárias e não tirarem a máscara de proteção”.

As 4500 assinaturas necessárias

Quando a petição estiver aberta no site oficial da Comissão de Petições Tânia vai pedir a todos os assinantes que assinem de novo. “Eu acredito que vamos conseguir reunir as 4500 assinaturas necessárias para levar o assunto a debate público com o ministro. Já temos mais de 13 mil assinaturas e só vamos precisar de 4500”. A esperança de conseguir travar a reabertura das aulas é o que move agora esta portuguesa e conta com o apoio de milhares de residentes no Luxemburgo.


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O ministro explicou como é que é possível regressar progressivamente à escola mantendo medidas para impedir o contágio do novo coronavírus.

Também os Representação Nacional dos Pais (RPN) no Grão-Ducado deu ontem a conhecer a sua opinião sobre esta medida do ministério da Educação, liderado pelo ministro Claude Meisch, e junta a sua voz à de Tânia Pragana e de todos quantos assinaram a petição.

Representação dos pais contra decisão

“É inegável que muitos pais estão atualmente a manifestar os seus receios quanto à reabertura gradual das escolas em maio”, alerta a RPN em comunicado fazendo também referência “à petição online” de Tânia Pragana e a sondagens publicadas nas redes sociais.

Estes inquéritos mostram que apenas 20% dos inquiridos concordam com os planos do Governo e que dois terços das pessoas consideram ser cedo demais para reabrir as escolas” neste momento da crise sanitária da pandemia. Sobretudo as crianças com menos de seis anos, como refere esta representação e a petição de Tânia Pragana.

A RPN defende por isso que o calendário de reabertura das aulas, previsto para acontecer gradualmente entre 4 a 25 de maio, deva ser orientado “por estudos e pareceres científicos em matéria de segurança e saúde” e não por “eventuais imperativos económicos”.

Aumento de desigualdades entre alunos

Por outro lado, estes representantes dos pais também não concordam com o método decidido pelo ministério da Educação das semanas alternadas entre aulas presenciais e aulas em casa, para os alunos. “É uma situação que se torna muito difícil de gerir tanto para os alunos, como especialmente para os professores, pais, escolas e estruturas de apoio”.

Como farão os pais que recomecem a trabalhar? A RPN sugere ao governo para organizar as aulas, em todos os níveis, apenas entre as 8h00 e as 13h00. Isso permite aos pais beneficiar do “congés” especial da parte da tarde e permite que os alunos almocem em casa.


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Há pais portugueses no Luxemburgo muito preocupados por não terem competências para apoiar nos trabalhos escolares nestes tempos de confinamento. Alguns nem têm computador. O relato de vários pais e os alertas de associações e sindicatos.

Mais há mais críticas. O regresso às escolas nestes moldes aumenta também as desigualdades entre alunos. “Enquanto alguns estudantes vão continuar a beneficiar de uma supervisão familiar ideal nas semanas em casa, outros irão continuar com os mesmos problemas linguísticos e técnicos”

Nesta crise pandémica os representantes dos pais lamentam que o governo não tenha considerado útil os consultar no “âmbito da implementação dos planos e modalidades da reabertura, dado que a voz dos pais deve ser absolutamente levada em consideração no este contexto particular ". 

Os pais do Luxemburgo prometem continuar a lutar por outra alternativa ou pelo fecho das escolas até setembro de 2020.

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