Covid-19. Como o governo vai testar toda a população do Luxemburgo
Covid-19. Como o governo vai testar toda a população do Luxemburgo
Neste momento, a taxa de infeção do novo coronavírus no Luxemburgo está no “limiar 1”, o que para a ministra da Saúde Paulette Lenert “é uma boa base para iniciar o desconfinamento”.
Contudo, o governo não vai parar de estudar a epidemiologia da doença tendo como objetivo testar toda a população do Luxemburgo e os trabalhadores transfronteiriços, num espaço de um mês, como adiantou hoje esta governante. Estes testes são voluntários, e estarão disponíveis em 17 centros de testes pelo país, entre eles drive in.
"O elevado número de testes realizados ajudará a avaliar a extensão da propagação do vírus e ajudará a detectar, pela primeira vez, casos assintomáticos que, de acordo com as estimativas actuais, representam até 80% dos casos. Isto significa que podemos detectar muito mais pessoas infectadas do que antes, colocá-las em isolamento e seguir os seus contactos, e assim quebrar o cadeia de infecção", declarou a ministra da Saúde, Paulette Lenert.
Como a "protecção é fundamental" para combater a pandemia a ministra convidou "todos os cidadãos do país a participar nesta iniciativa única de saúde pública".
O Grão-Ducado já é o país que realiza mais testes à população, voltou a lembrar a ministra salientando que o governo quer utilizar tudo o que estiver ao seu alcance para conhecer o melhor que puder o comportamento da covid-19 no país.
Por isso, já começou a realizar um novo teste que permite identificar as pessoas infetadas, mas que não apresentam sintomas.
Este é um dos três testes que irão ser realizados em grande escala para testar todos os residentes no Grão-Ducado e os transfronteiriços também. No total serão 20 mil testes por dia a partir de 19 de maio. “Nenhum outro país realizou tal desafio”, declarou a ministra. E este irá ser possível graças à parceria do governo com os investigadores do Luxemburgo, a “Task force Covid-19”.
A monotorização de toda a população e a interpretação dos dados só é possível graças à parceria da Universidade do Luxemburgo com o Instituto de Saúde do Luxemburgo (LIH).
Três géneros de testes
E quais são então os três testes que irão ser realizados? Os testes de despistagem habituais, “testes reativos” realizados a pessoas que apresentem sintomas da doença. “Temos capacidade para realizar mil testes por dia”, salientou Paulette Lenert. Até agora já foram analisadas 39.102 pessoas, e destas 3.729 testaram positivo.
Há depois os “testes proativos” destinados a pessoas que estiveram em contacto com doentes infetados, e que identificam as pessoas que ganharam anticorpos ao vírus e estão imunizadas e, também os doentes assintomáticos. Trata-se de pessoas que, de facto, foram contagiadas, mas são apresentam qualquer sintoma da doença, e sem o saber podem infetar outras pessoas. Os trabalhadores das casas de saúde e lares de idosos são uma das populações prioritárias na realização deste teste, explicou a ministra.
Por fim serão realizados "testes de prevalência" da covid-19 entre a população, para saber descobrir os doentes assintomáticos, e que serão realizados, faseadamente, por setores de trabalho. Paulette Lenert referiu que a construção civil foi o primeiro setor a ser testado pois reabriu a 20 de abril.
Também aqui o objetivo, além de traçar a evolução da epidemia no país, é o de poder isolar os doentes assintomáticos evitando a disseminação da doença.
Evitar a segunda vaga da pandemia
Esta medida é uma das fundamentais para "evitar uma segunda vaga da epidemia no país", declarou por seu turno, Ulf Nehrbass, diretor do LIH também presente na conferência de imprensa desta manhã. De acordo com dados já obtidos "cerca de 2% das pessoas são afetadas pelo vírus, mas permanecem assintomáticas". Numa amostra de 50 mil pessoas, existem mil que são doentes assintomáticos que têm de ser isolados.
Paulette Lenert anunciou que irão chegar cerca de 500 mil testes ao país, para começarem a ser realizados, no âmbito da triagem nacional à pandemia.
Após o desconfinamento, os testes continuam. "Será seleccionado um grupo representativo pouco tempo após a implementação das medidas de desconfinamento para ser testado uma segunda vez. Isto permite controlar se e como o vírus se está a propagar", como explicou Ulf Nehrbass.
O desconfinamento
Por outro lado, os serviços hospitalares não podem ficar sobrelotados de doentes covid-19, como aconteceu noutros países, por isso a monotorização do vírus na população é tão importante.
Paulette Lenert foi clara. As medidas de desconfinamento dependem do número de pessoas infetadas. Mais concretamente dos doentes hospitalizados nos cuidados intensivos. “Entre 60 a 80 doentes”, é este o número que não deve ser ultrapassado. “Uma taxa de ocupação superior já se torna problemático”, assumiu a ministra.
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