"Conselho das Comunidades não pode ser sindicato do bota-abaixo"
"Conselho das Comunidades não pode ser sindicato do bota-abaixo"
O presidente da Associação Cultural e Humanitária da Bairrada no Luxemburgo, Rogério de Oliveira, lidera a única lista apresentada no Grão-Ducado para as eleições do Conselho das Comunidades Portuguesas, agendadas para 6 de Setembro.
A lista "Todos pela Comunidade", de que fazem ainda parte Custódio Portásio, que foi candidato a deputado nas listas do PSD pelo círculo da Europa em 2011, e os suplentes Acácio Pinheiro e João Verdades, foi a única candidatura apresentada para aquele órgão consultivo até 17 de Agosto, data em que terminava o prazo para a apresentação de candidatos.
Ao CONTACTO, Rogério de Oliveira, que já tinha sido candidato em 2008, contra o ainda conselheiro Eduardo Dias, disse que vai promover o "diálogo" com os governantes, e não poupou críticas àquele órgão consultivo do governo português para as questões da emigração, defendendo que não pode ser "um sindicato do bota-abaixo".
"O CCP sempre foi um sindicato do bota-baixo. Era um órgão político de que faziam parte muitos sindicalistas de vários países, e iam para lá fazer sindicalismo. Eu vejo o CCP como um órgão de diálogo, para tentar encontrar soluções com os governantes, até porque os governantes não gostam de críticas e temos de tentar ser positivos e manter o diálogo", disse ao CONTACTO o candidato a conselheiro das Comunidades pelo Luxemburgo.
"O CCP é um órgão que apesar de ser consultivo pode influenciar o governo para os problemas das comunidades espalhadas pelo mundo, e é nossa obrigação alertar o Governo para os problemas", disse ainda.
Sublinhando que prefere o diálogo ao confronto, Rogério de Oliveira diz que "há problemas" no Luxemburgo, por causa da nova vaga de emigração, mas recusa apontar o dedo ao governo de Pedro Passos Coelho.
"Obviamente que há problemas, às vezes porque as pessoas vêm para cá às cegas, e não deviam vir para o estrangeiro sem se aconselharem antes nos gabinetes de apoio ao emigrante ou junto da secretaria de Estado das Comunidades, e depois acusam o governo, que por vezes não tem conhecimento de nada", disse Rogério de Oliveira.
O dirigente associativo, de 69 anos, diz também que há "problemas laborais" no Luxemburgo, mas que neste caso "são da responsabilidade das autoridades luxemburguesas, o que não impede que os conselheiros alertem também o Governo português".
Questionado sobre as críticas aos apelos à emigração feitos por Pedro Passos Coelho e por outros governantes, Rogério de Oliveira diz que o primeiro-ministro se limitou "a ter a coragem de dizer o que outros pensam mas não dizem".
"Ele [Passos Coelho] não disse exactamente as coisas assim [apelo à emigração], mas finalmente há um político em Portugal que teve a coragem de dizer a verdade. Portugal atravessa a crise que todos conhecemos, e a culpa não é do FMI, é nossa, das pessoas que não pagam impostos e dos governantes que não sabem fazer contas. Quando não se encontra trabalho no nosso país, porque não tentar outros países da União Europeia, já que os portugueses têm liberdade de circulação?", disse ao CONTACTO o dirigente associativo, que foi condecorado pelo Presidente da República no último 10 de Junho.
A lista de Rogério de Oliveira, que inclui ainda o suplente Acácio Pinheiro, ex-conselheiro das Comunidades com Eduardo Dias, foi publicada ontem em edital no Consulado, disse ao CONTACTO fonte consular. Se não houver reclamações até 19 de Agosto, a lista deverá ser aceite, de acordo com os prazos legais estabelecidos pela Comissão Nacional de Eleições.
Cerca de dois mil eleitores elegem conselheiro pelo Luxemburgo
No Luxemburgo, estão inscritos 1.896 imigrantes portugueses para votar nas eleições para o Conselho das Comunidades Portuguesas, agendadas para 6 de Setembro. Recorde-se que só podem votar nas eleições para aquele órgão consultivo do Governo os portugueses inscritos no posto consular até 60 dias antes da eleição, um prazo que terminou no dia 8 de Julho.
O voto para o CCP é presencial, devendo ser feito no Consulado, ao contrário das eleições legislativas, em que os os eleitores registados no estrangeiro votam por correspondência.
Os membros deste órgão consultivo do Governo são eleitos por círculos eleitorais correspondentes a países ou grupos de países, por mandatos de quatro anos, por sufrágio universal, directo e secreto.
As últimas eleições para o CCP realizaram-se a 20 de Abril de 2008, tendo sido reeleito Eduardo Dias, que é também o responsável do departamento de Migrantes do sindicato OGB-L. Por lei, as seguintes deviam ter ocorrido em 2012, mas o Governo alterou entretanto o regime daquele órgão consultivo, estando as próximas eleições agendadas para 6 de Setembro.
P.T.A.
