Como é que surgiu a Festa Nacional do Luxemburgo? Perguntas e respostas
Como é que surgiu a Festa Nacional do Luxemburgo? Perguntas e respostas
A Festa Nacional acontece todos os anos a 23 de junho para assinalar o aniversário do Grão-Duque, mas este não é mesmo o seu aniversário e a festa nem sempre foi celebrada em junho.
A tradição de celebrar os anos do monarca com um feriado remonta ao século XIX, altura em que o Luxemburgo ainda era parte dos Países Baixos. Quando os tronos luxemburguês e neerlandês seguiram caminhos diferentes em 1890 (porque, na altura, o do Grão-Ducado não podia ser herdado através da linha feminina, e a princesa Wilhelmina sucedeu ao pai como rainha dos Países Baixos), a Casa de Nassau-Weilburg decidiu, em vez disso, celebrar o Dia do Grão-Duque, então assinalado no aniversário do monarca que reinava à época.
No início, os festejos eram sobretudo de caráter institucional, mas os arquivos mostram que, em 1840, houve uma procissão de tochas que incluiu um desfile com música e a interpretação do hino nacional. Em 1870 a procissão foi oficialmente integrada nas celebrações e nos anos 1890 foi acrescentada uma dança pública.
Porquê 23 de junho?
Tudo começou com um dos membros mais acarinhados da família real luxemburguesa, a Grã-Duquesa Charlotte, que liderou o Grão-Ducado entre 1919 e 1964. O seu aniversário era a 23 de janeiro, numa altura do ano não muito boa para uma festa com fogo de artifício. Assim, a grã-duquesa alterou os festejos para 23 de junho. O dia tornou-se feriado em 1948 e foi inscrito em decreto grão-ducal em 1961. O aniversário do atual Grão-Duque, Henri, é a 16 de abril.
Como é celebrada a Festa Nacional?
Os festejos começam na véspera, 22 de junho, às 16h, com a troca solene da guarda no Palácio Grão-Ducal, evento em que participa a banda militar luxemburguesa e que conta com a presença do Grão-Duque e da Grã-Duquesa.
Depois, o casal grão-ducal visita uma cidade luxemburguesa, que varia de ano para ano. Por seu turno, os Grão-Duques Herdeiros, Guillaume e Stéphanie, habitualmente assistem às celebrações em Esch-sur-Alzette, que incluem uma procissão de 40 associações locais pela Place l'Hôtel de Ville, e a colocação de uma coroa de flores no Monument aux Morts.
Por volta das 21h30, a "Fakelzuch" ou procissão das tochas, na capital, começa na Puits Rouge e passa pela família grão-ducal e a burgomestre, que têm a melhor vista para as celebrações num pódio da avenida Frank D. Roosevelt.
Em anos anteriores, a procissão contou com vários carros alegóricos e cerca de 2000 pessoas, incluindo associações, grupos de música folclórica e bandas filarmónicas. Depois, uma atmosfera festiva toma conta das ruas com vários DJs e concertos.
Às 23h, o céu da capital é iluminado pelo "Freedefeier", o magnífico fogo de artifício sobre a ponte Adolphe, ao som da música, e com a duração de entre 15 a 20 minutos. A festa não acaba aí. Na verdade, está só a começar.
A Festa Nacional propriamente dita é um evento mais discreto e arranca com uma cerimónia oficial no dia 23 de junho às 10h na Philharmonie. Normalmente, o primeiro-ministro faz um discurso e o Grão-Duque condecora cidadãos que tenham dado um importante contributo ao Grão-Ducado. Os músicos da Philharmonie interpretam a obra de um compositor diferente a cada ano. Em 2019, a orquestra tocou uma peça chamada "Regis ostium", da autoria do compositor e trumpetista luxemburguês Ernie Gammes.
Depois da cerimónia, são disparados 21 tiros de canhão a partir do planalto Fetschenhaff, em Cents, e há um desfile militar que envolve o exército, a polícia, os bombeiros e a Cruz Vermelha. Além das bandas filarmónicas a tocar, é mostrado equipamento militar e há aviões militares a sobrevoar a cidade. No passado, este desfile seguia pela Avenue de la Liberté, com uma feira do exército ou "Arméifest" a acontecer na Place des Martyrs. Mas, quer a demonstração de equipamento, quer o desfile, passaram para a Place d'Europe em Kirchberg.
O hino nacional "Ons Heemecht" (A Nossa Pátria, em português) é cantado durante o desfile militar.
Já durante a tarde, a oração Te Deum acontece na Catedral de Notre Dame, encabeçada pelo Arcebispo do Luxemburgo, com a presença do Grão-Duque e da Grã-Duquesa e de outros convidados como o Rabino-Chefe do Luxemburgo, representante da comunidade muçulmana, e o Reverendo da Igreja Anglicana do Luxemburgo. É uma oportunidade para ouvir o grande órgão da catedral em ação, assim como aos trompetistas da banda militar.
Os mais pequenos são convidados a experimentar diferentes jogos no "Spillfest", que acontece a partir das 14h no parque Kinnekwiss, e há concertos gratuitos na Place d'Armes durante a tarde.
Normalmente, o casal grão-ducal serve de anfitrião a uma outra festa no Palácio Grão-Ducado.
O que está planeado para este ano?
Ao contrário do que aconteceu nos últimos dois anos, devido à pandemia, este ano as celebrações da Festa Nacional vão decorrer a bom ritmo nos quatro cantos do Luxemburgo.
A Comuna do Luxemburgo publicou o programa completo de desfiles, concertos e celebrações para ambos os dias, nomeadamente a informação sobre os concertos previstos para quinta-feira na City Sounds - Glacis in Concert, onde atuarão Rag'n'Bone Man e Emeli Sandé.
Quem preferir ficar fora da capital, pode ver o que é que a sua comuna organizou para assinalar a data. Esta quarta-feira, há uma banda de tributo aos U2 em Steinfort, e em Mamer subirão ao palco os Murphy's Law e Hoffi-Zambesi.
Para ter uma ideia do ambiente que se vive na Festa Nacional, veja o vídeo.
(Este artigo foi originalmente publicado na edição inglesa do Luxemburger Wort.)
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