Avó de Bianka descreve relações familiares disfuncionais
Avó de Bianka descreve relações familiares disfuncionais
"Preciso de si muito urgentemente". Com estas palavras, Sarah B. termina uma mensagem de texto para a mãe a 17 de junho de 2015. No mesmo dia, a mãe aparece à porta de casa. Mas a filha não precisava de nada de especial. Na quarta-feira, a avó de Bianka desenhou no banco das testemunhas um quadro de uma família desfeita. Desde a semana passada, Sarah, 39 anos, tem de responder pelo assassinato da filha em tribunal.
Sarah saiu de casa aos 18 anos. Desde então, a mãe tinha tido apenas um contacto esporádico com a filha. Na realidade, só a tinha contactado para obter dinheiro. Por vezes, não recebia notícias de Sarah durante anos. E, quando recebia, a filha quase nunca falava de si e da sua família. Durante muito tempo, só soube do nascimento de alguns dos netos; só mais tarde soube dos outros - bem como da colocação de cinco deles num lar de crianças.
Perguntas permanecem sem resposta
A avó nunca chegou a ver Bianka. Sarah tinha visitado a mãe várias vezes, no entanto, apareceu sempre sem a filha. Depois de ter perguntado pela neta, Sarah terá dito que a bebé, que tinha apenas alguns dias, estava com uma amiga. De acordo com a interpretação da mãe, Sarah tinha aparecido deliberadamente sem Bianka para a magoar, algo que foi se sempre o seu objetivo na relação entre mãe e filha.
Num outro encontro na casa da mãe, a 17 de junho, Sarah também tinha aparecido sem a criança. De acordo com as investigações, é muito provável que a bebé já estivesse morta nessa altura. Bianka foi vista pela última vez com a acusada no dia 15 de junho, num lago em Linger. No entanto, a bebé só foi dada oficialmente desaparecida a 3 de julho.
Antes disso, tinha havido outra visita da avó. Nessa altura, a polícia já estava à procura da criança após a ordem do tribunal para a retirada da custódia, no final de junho. A testemunha, que já sabia das buscas na altura, afirma ter tentado tudo para descobrir onde Bianka estava. No entanto, Sarah não respondeu às perguntas. Em vez disso, terá rido na cara da mãe.
Preocupações de uma conhecida
Uma conhecida da acusada também se demonstrou preocupada com a saúde da criança. No banco de testemunhas esta quarta-feira, a mulher afirmou que Sarah não tinha tomado bem conta da filha recém-nascida. E afirmou ainda que tinha tido um mau pressentimento durante a gravidez, porque Sarah fumava canábis e não estava mentalmente estável.
A mulher tinha visto Bianka pela primeira vez no apartamento de Sarah. A casa estava muito suja e a criança tinha dormido numa banheira de bebé, relatou.
Alguns dias mais tarde, por volta de 11 de junho, foi a vez de Sarah visitou esta conhecida com a filha Bianka. Segundo o relato, a mãe tinha alimentado a bebé com leite da vaca e a criança tinha os lábios azuis. A mulher expressou preocupações sobre a criança, mas Sarah não a tinha deixado falar. Sarah B. deixou o apartamento com a criança e regressou pouco tempo depois sem ela, e não respondeu às perguntas sobre o paradeiro da criança, postas pela conhecida.
De acordo com os relatórios, as declarações desta testemunha em tribunal diferem em parte das descrições de um interrogatório policial de há sete anos. No entanto, existem sobreposições, como por exemplo ter dito à polícia que tinha visto a criança deitada nos dejetos do gato.
Em todo o caso, a mulher estava preocupada, e cerca de duas semanas mais tarde contou à assistente social o que tinha visto. Informação que foi encaminhada para o Serviço Central de Assistência Social. Nessa altura, já não havia vestígios da bebé.
(Este artigo foi originalmente publicado no Luxemburger Wort e adaptado para o Contacto por Tiago Rodrigues.)
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