11 de fevereiro de 2021. Há um ano Portugal aceitava a ajuda do Luxemburgo para combater a covid-19
11 de fevereiro de 2021. Há um ano Portugal aceitava a ajuda do Luxemburgo para combater a covid-19
A 11 de fevereiro de 2021, Portugal registava 167 mortes por covid-19 e tinha internadas nos hospitais 5.570 pessoas com a doença, 836 das quais nos cuidados intensivos. Um número muito acima do total de camas disponibilizadas para os doentes covid-19 em situação crítica.
Com as estruturas de saúde a acusar a pressão e, em alguns casos, com a sua capacidade à beira da rutura, o Governo português aceitava formalmente neste dia a ajuda oferecida pelo Luxemburgo logo em janeiro desse ano, quando os casos e as mortes por covid-19 dispararam em Portugal.
O Grão-Ducado, que inicialmente se tinha oferecido para receber doentes portugueses, acabaria por enviar duas equipas de profissionais de saúde - dois médicos e duas enfermeiras, entre elas uma portuguesa e uma lusodescedente.
No comunicado do Ministério da Saúde português era referido que a equipa do Luxemburgo iria apoiar o serviço de Medicina Intensiva do Hospital do Espírito Santo de Évora, cujo serviço de Cuidados Intensivos se encontrava, à altura, pressionado pelos casos de covid-19.
A primeira das duas equipas luxemburguesas chegaria a Portugal dias depois trazendo um raio de esperança ao hospital alentejano. O país recebeu também equipas de França e da Alemanha, que reforçaram hospitais da Área Metropolitana de Lisboa. As do Grão-Ducado foram as únicas que apoiaram uma estrutura do interior do país.
"Esta ajuda significa imenso para o hospital", disse na altura ao Contacto a responsável do conselho de administração do hospital de Évora, Maria Filomena Mendes, sublinhando a generosidade dos profissionais que deixavam o seu país para ajudar outro numa pandemia "transversal a todos". "Esta generosidade de saírem do seu país da sua zona de conforto e virem apoiar os hospitais portugueses, no nosso caso um pequeno hospital do interior, tem um enorme significado para nós", salientou.
Foi também a oportunidade de pôr em prática o significado da palavra solidariedade o que mobilizou as duas equipas luxemburguesa nessa ajuda a Portugal, como testemunhou então a reportagem do Contacto em Évora, que pode ler, ou reler, aqui.
"Esperava que houvesse uma boa integração na equipa porque acima desta missão há um valor, que é o da solidariedade. Quando abraçamos este valor, a integração é natural", resumiu na altura ao Contacto o médico Samuel Luyasu, da segunda equipa que o Grão-Ducado enviou para apoiar o hospital alentejano.
Ao médico, que trouxe de Portugal "um profundo sentido de respeito" pelos colegas do Hospital de Évora e por aquilo "que o hospital fez num tão curto período de tempo" juntou-se a enfermeira portuguesa Mónica Almeida Valente. A dupla chegou uma semana depois da primeira equipa, composta pela enfermeira lusodescendente Filomena Silva Costa e a médica alemã Modesta Dargeviciute.
De Évora, a enfermeira Filomena trouxe a experiência de proximidade diferente entre profissionais de saúde que a marcou. "Aqui há um ambiente familiar que nós lá [no Luxemburgo] não temos assim tanto. Cá são como uma grande família, conhecem-se todos". "Para nós não foi só primavera quando chegámos cá", disse, aludindo às temperaturas amenas que se faziam sentir em Portugal quando chegaram, vindas dos nevões que se abatiam sobre o Luxemburgo. "Foi também primavera a nível de sentimentos e valores humanos."
Siga-nos no Facebook, Twitter e receba as nossas newsletters diárias.
