Verão. O seu bilhete de avião pode vir a custar uma fortuna
Verão. O seu bilhete de avião pode vir a custar uma fortuna
Desde o final das restrições da pandemia que o número de passageiros das companhias aéreas não para de aumentar. Crescimentos inesperados, de início, para as quais as companhias não estavam preparadas, devido à falta de pessoal, drasticamente reduzido durante a covid-19.
Ainda agora, a aviação não conseguiu recuperar o equilíbrio pré-pandémico e muitas companhias tencionam fazê-lo à custa dos passageiros, com o aumento dos preços dos bilhetes.
Além de ainda não terem resolvido a falta de pessoal, a bordo e nos aeroportos, o desgaste dos aviões em constante utilização antes da pandemia, não permite que as companhias aéreas aumentem a capacidade dos voos como antigamente. A isto, junta-se o aumento do preço dos combustíveis. Como a procura é maior do que a oferta, os preços das passagens aéreas vão continuar a subir.
Recentemente, o diretor executivo da Lufthansa, Carsten Spohr, declarou aos analistas que a sua companhia não se iria apressar a aumentar a capacidade das aeronaves, apesar do aumento de passageiros, e que a subida de preço dos bilhetes iria ajudar a reparar o equilíbrio danificado pela covid, cita a agência Bloomberg, frisando que Spohr não é o único diretor de companhia aérea a pensar desta maneira.
A procura de viagens de lazer continua a crescer e as companhias aéreas não querem ou não conseguem aumentar suficientemente a sua capacidade devido à escassez de pessoal e de material, o que está a ajudar a aumentar os preços dos bilhetes. Os grandes operadores podem, portanto, redistribuir as aeronaves nas suas rotas mais rentáveis e limitar a disponibilidade de bilhetes mais baratos.
"As capacidades permanecerão limitadas durante muitos anos, ao mesmo tempo que a procura continua a aumentar", declarou o diretor executivo da Lufthansa. "É algo de que nós e a indústria temos estado à espera", acrescentou.
Bilhetes vão ser cada vez mais caros
A realidade pós-pandemia é muito distinta de antigamente. No passado, as companhias aéreas tendiam a oferecer rapidamente mais voos quando a procura aumentava. Como resultado, a utilização das aeronaves deteriorou-se e os preços dos bilhetes caíram, especialmente no competitivo mercado europeu.
Agora, o equilíbrio entre oferta e procura pende a favor das companhias aéreas, que conseguem passar os custos mais elevados de combustível e outras despesas aos passageiros. O seu poder de fixação de preços impulsionou o Índice Bloomberg EMEA Airlines para um ganho de 78% desde outubro.
Entre as transportadoras de bandeira europeias, os ‘Yelds’ – que mede as tarifas médias pagas por passageiro por quilómetro voado - são cerca de um quinto mais elevados do que antes da pandemia.
E a Lufthansa diz que podem aumentar ainda mais nos movimentados meses de primavera e verão. Já a Associação Internacional de Transportes Aéreos (IATA) é mais cautelosa, prevendo que os Yelds vão abrandar em 2023, em comparação com os níveis altíssimos do ano passado, quando alguns bilhetes de voos de curta distância foram vendidos por mil euros.
Maior procura de 1ª classe
Há outro fator novo a impulsionar também a subida de preços. Os passageiros de viagens de lazer procuram e pagam cada vez mais por um lugar em primeira classe ou em executiva. As cabines premium da Air France-KLM estão mais cheias agora do que antes da pandemia. Também as reservas para as opções de primeira classe e executiva da Lufthansa estão bem acima da tendência pré-covid.
Antes da pandemia, os preços das passagens muitas vezes não acompanhavam a inflação devido à concorrência das companhias aéreas de baixo custo. Os passageiros geralmente pagavam menos por uma passagem aérea do que pelo Uber ou passagem de comboio do aeroporto até o destino final, mas isso era já insustentável, a nível financeiro e ambiental. Por isso, algumas transportadoras low cost faliram, como sucedeu com a companhia norueguesa Air Shuttle ASA.
Acabaram os “bilhetes a 10 euros”
A era dos bilhetes de avião a 10 euros acabou, declarou o diretor executivo da Ryanair, Michael O'Leary, citado pela Bloomberg. No último trimestre, as tarifas médias foram 14% mais elevadas na Ryanair, em comparação com os níveis de 2019. Para este responsável, o mercado de aviação da Europa vai tornar-se mais parecido com o mercado norte-americano, mais consolidado, com capacidade mais estável e pressão elevada nos preços.
Embora uma recessão ainda possa prejudicar as perspetivas otimistas das companhias aéreas e convencer alguns passageiros de que um lugar económico é suficiente para a sua viagem de lazer, as restrições de capacidade parecem mais difíceis de resolver. Basta lembrar as confusões que já decorreram nos aeroportos do Reino Unido, no verão passado, por exemplo.
Conclusão: Voar neste verão não deverá ser divertido para os passageiros.
Com Bloomberg
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