UE teme mais sabotagem russa na rede de energia
UE teme mais sabotagem russa na rede de energia
As fugas de gás no Mar Báltico em três tubos diferentes dos dois gasodutos russos – Nord Stream 1 e Nord Stream 2 – detetadas desde segunda-feira foram consideradas pela primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen, como "provocadas" e "extremamente graves". E poderão não se ter ficado por aqui.
Já há vários países europeus a tomar medidas de emergência para proteger os seus gasodutos, terminais e portos de receção de gás natural liquefeito, e estruturas de captação de combustível.
Mas o caso que está a ter mais atenção é o da Noruega – que é também agora o maior fornecedor de gás natural para a UE. Segundo as autoridades norueguesas, foram avistados drones não identificados a sobrevoar as suas plataformas de captação de petróleo e gás. Oslo aumentou o nível de alerta de segurança na zona das plataformas.
Por coincidência, ou não, as explosões no Mar Báltico, aconteceram na véspera da inauguração do gasoduto que liga a Noruega à Polónia através do Mar Báltico, e que é uma das iniciativas recentes da UE, para se livrar da dependência do gás russo. Desde o começo da invasão da Ucrânia, a UE passou de ter na Rússia a seu principal fornecedor de gás, com 40% do total das entregas, para, neste momento enviar menos de 9%.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, salientou que "qualquer disrupção das infraestruturas energéticas europeias é inaceitável e levará à resposta mais forte possível".
Incidente internacional grave
A primeira fuga, no Nord Stream 2 (que não chegou a fornecer gás à Alemanha, mas que está cheio de gás) foi detetada pelas autoridades dinamarquesas no domingo, nas suas águas territoriais. Foi emitido um aviso à navegação para as frotas circularem longe da zona afetada. Também as autoridades de aviação emitiram recomendação para os voos se fazerem a maiores altitudes.
Na segunda-feira, as autoridades alemãs alertaram para uma quebra de pressão inexplicada no Nord Stream 1 (o gasoduto que conduzia gás para a Alemanha, mas que desde 31 de agosto, por decisão da Rússia, não está a funcionar por alegados problemas técnicos). Na terça-feira, a Suécia avisou que foram detetadas explosões subaquáticas na zona perto da passagem dos gasodutos, na madrugada de segunda-feira, dia 26. Várias estações sísmicas escandinavas registaram incidentes.
Ao site PBS, o sismologista da Universidade de Uppsala, Bjorn Lund, afirmou que a primeira explosão foi registada na madrugada de segunda-feira a sudeste da ilha dinamarquesa de Bornholm. A segunda explosão foi registada a nordeste da ilha e foi mais forte: equivalente a um sismo de magnitude entre 2 e 3 na escala de Richter. "Sabemos muito bem o que é uma explosão subaquática, não há dúvida nenhuma de que não foi um sismo", explicou Lund.
O ministro dos Negócios Estrangeiros dinamarquês, Jeppe Kofod, salientou que os incidentes configuram um "caso de proporções internacionais e é muito importante que nos mantenhamos todos em contacto próximo para descobrir exatamente o que aconteceu". A confirmação técnica da sabotagem ainda não existe, e poderá nunca acontecer, devido aos tubos do gasoduto estarem a grande profundidade. Mas já há políticos e diplomatas europeus a considerarem que não há coincidências, sobretudo pela sequência e gravidade dos incidentes.
Esta semana, também está a ser discutida, e haverá uma posição na sexta-feira, se o gás russo será comprado a um preço limitado. Ao mesmo tempo, a Comissão está a desenhar um novo pacote de sanções dirigidas a Putin, na sequência do escalar da ameaça do nuclear e das iniciativas de mobilização geral.
O Kremlin, entretanto, já acusou os ucranianos de terem sido eles a sabotar os seus gasodutos.
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