UE quer 40% de mulheres na chefia das grandes empresas
UE quer 40% de mulheres na chefia das grandes empresas
Foi em 2012, quando o português Durão Barroso era presidente, que a Comissão Europeia fez a proposta de uma diretiva para que os conselhos de administração das empresas listadas em Bolsa tivessem uma quota de mulheres. O argumento dessa proposta de 2012 era de que "as administrações das empresas europeias são caracterizadas por desequilíbrios de género persistentes, como é evidente pelo facto de que apenas 13,7% dos quadros nas grandes empresas são atualmente detidos por mulheres (e 15% Idos cargos não executivos). Em comparação com outras áreas da sociedade, especialmente no setor público, a falta de representação de mulheres nos quadros das empresas em Bolsa é muito significativa".
Nesta quarta-feira ao fim do dia, finalmente, os negociadores do Parlamento Europeu e do Conselho Europeu puseram fim às discussões com uma proposta que pretende puxar o barco de levar as mulheres a quebrarem as barreiras que as impedem de atingir o topo. "Women on board" (um trocadilho com mulheres a bordo e nos quadros das administrações) é o nome informal da proposta. E a ideia é reverter destes 13, 7% em 2012, para 40% a partir de 2026, data em que as empresas terão que cumprir esta obrigação legal. Os 27 países devem garantir que estes objetivos são efetivamente aplicados.
"Obrigada a todos os que durante uma década trabalharam neste dossier fundamental. Este é um grande dia para as mulheres na Europa. E é também um grande dia para as empresas. Porque mais diversidade significa mais crescimento, mais inovação", escreveu a atual presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, na sua conta de Twitter.
Não há falta de mulheres, elas não chegam é ao topo
Atualmente, 60% dos licenciados na UE são mulheres, mas "as mulheres estão sub-representadas em posições de topo. Apenas um terço dos membros não executivos das administrações das grandes companhias são mulheres e esse número é ainda menor nos lugares executivos". A nova diretiva cria - para as empresas em bolsa - uma quota de 40% de mulheres entre os diretores não executivos e 33% entre todos os lugares de chefia.
Além disso, as empresas serão obrigadas a garantir que as nomeações para estes lugares são claras e transparentes e que "os candidatos são avaliados objetivamente de acordo com os seus méritos individuais, independentemente do género". Ou seja, a diretiva propõe que o mérito seja incluído no sistema de quotas. Mas quando dois candidatos dos dois sexos se apresentam com qualificações equivalentes, a escolha da mulher para o cargo deve prevalecer. As empresas em bolsa que não atingirem estes objetivos terão que reportar a razão da falha, podendo esse incumprimento resultar na aplicação de multas.
O acordo que foi feito esta terça-feira pelo Parlamento Europeu e pelo Conselho terá agora que ser sujeito à aprovação formal das duas instituições (uma votação no plenário do PE e a assinatura pelos chefes de Estado reunidos em Bruxelas).
A diretiva ganha força de lei 20 dias após a publicação no Jornal Oficial da União Europeia. Cada um dos 27 países da UE terá então dois anos para transpor para as suas leis nacionais as obrigações legais da diretiva europeia.
A vice-presidente da Comissão com a pasta dos Valores e Transparência, Vera Jourová, salientou que "a primeira vez que a Comissão colocou a questão das mulheres nas decisões económicas no topo da agenda foi em 2010. Desde então, as mulheres nas administrações cresceram em 17%, sobretudo por causa de iniciativas legais de alguns Estados-membros. Mas isto é um progresso dolorosamente lento. Com esta diretiva, vamos coletivamente acelerar os nossos esforços para garantir igualdade de género e maior equilíbrio nas decisões económicas".
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