Setor tecnológico luxemburguês é oportunidade para Portugal além do "mercado da saudade"
Setor tecnológico luxemburguês é oportunidade para Portugal além do "mercado da saudade"
O setor tecnológico no Luxemburgo, nomeadamente espacial ou aeronáutica, é uma oportunidade para as empresas portuguesas e pode ser um complemento ao tradicional “mercado da saudade”, defenderam responsáveis de duas câmaras de comércio.
Em declarações à agência Lusa, o presidente da Câmara de Comércio e Indústria Luso-luxemburguesa, Francis da Silva, referiu que atualmente “as principais oportunidades de negócio estão na área do agroalimentar, construção e das exportações tradicionais portuguesas”.
No entanto, defendeu, o objetivo da câmara de comércio é reforçar a exportação de serviços de “intensidade tecnológica”, tendo já sido assinados “acordos entre os dois países em áreas como o espacial ou aeronáutica”.
Este setor foi também destacado pela presidente da Câmara de Comércio Luso-belga-luxemburguesa, Maria Eduarda Godinho.
“O Luxemburgo resolveu recentemente investir em setores que eles acham que serão os setores do futuro, como o espacial, tudo o que tenha a ver com inteligência artificial tirando também partido da localização estratégica que tem na Europa”, disse, referindo que esse investimento representa uma oportunidade para as empresas ou universidades portuguesas.
A responsável referiu que o chamado “mercado da saudade” de exportação de produtos tradicionais portugueses continua a ser a principal oportunidade para as empresas portuguesas e deu como exemplo o café português, que “é muito apreciado no Luxemburgo”.
Segundo Francis da Silva, as exportações portuguesas de bens para o Luxemburgo têm subido em média 18 por cento ao ano, situando-se hoje nos 500 milhões de euros, enquanto as importações são de 480 milhões.
Em relação à exportação de serviços, “aumentaram nos últimos dois anos mais de 100 por cento, com um volume de negócios de 154 milhões de euros no ano passado”, disse o responsável, citando dados do Banco de Portugal e do Instituto Nacional de Estatística (INE).
Sobre os investimentos em Portugal oriundos do Luxemburgo, Francis da Silva referiu que “os portugueses investem em Portugal para criarem empresas que depois compram as mercadorias e as exportam para o Luxemburgo”, mas “com os estrangeiros é diferente”.
“Há muitos investimentos na área do imobiliário e as estatísticas feitas pelo Banco de Portugal confirmam que o Luxemburgo é o terceiro maior investidor em Portugal, com mais de mil milhões de euros no ano passado.
De acordo com Francis da Silva, é preciso “estabelecer pontes entre os dois países que ultrapassem alguma demagogia” e olhar para o Luxemburgo de outra forma.
“Estamos no seculo XXI, na era da globalização, as fronteiras caíram, o Luxemburgo é a segunda praça mundial de investimentos, deveríamos considerar isso com olhos pragmáticos e dentro do princípio germânico da ‘real politik’”, defendeu o português, que vive há 42 anos no Luxemburgo.
Como mais-valias dos portugueses, Maria Eduarda Godinho, que dirige uma câmara de comércio com 130 associados, destacou a mão de obra “altamente especializada e altamente qualificada” e como possível entrave a falta de segurança para os investimentos porque “não se pode estar sempre a alterar as regras”.
A Câmara de Comércio e Indústria Luso-luxemburguesa tem 40 associados por ter uma “política muito seletiva”.
O responsável destacou a capacidade de trabalho dos portugueses, mas também a sua “falta de organização”.
E citou um ex-presidente de uma conhecida marca alemã: “juntando o sentido de organização dos alemães com a capacidade de trabalho dos portugueses fazem-se milagres”.
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