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Preço elevado das casas no Grão-Ducado é um fardo para famílias, alerta OCDE
Economia 3 min. 27.05.2019 Do nosso arquivo online

Preço elevado das casas no Grão-Ducado é um fardo para famílias, alerta OCDE

Preço elevado das casas no Grão-Ducado é um fardo para famílias, alerta OCDE

Foto: Chris Karaba/Luxemburger Wort
Economia 3 min. 27.05.2019 Do nosso arquivo online

Preço elevado das casas no Grão-Ducado é um fardo para famílias, alerta OCDE

OCDE faz novo puxão de orelhas ao governo luxemburguês.

A renda da casa é a parcela com o gasto mais elevado do rendimento familiar no Luxemburgo. E que muito contribui para o "elevado endividamento das famílias". Um novo relatório da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE) divulgado recentemente volta a alertar para a necessidade urgente de resolver o problema da habitação no Grão-Ducado, e volta a "puxar as orelhas" ao governo. 

O estudo sobre o novo Panorama Económico da OCDE agora divulgado traça o retrato de cada um dos 36 países pertencentes à organização e de outros 10 países externos, a inclui as principais dificuldades de  cada Estado-membro. No caso do Luxemburgo, a organização ressalva que "a relação entre o crescimento da população e construção da habitação contribuem para o "alto endividamento das famílias".

O "uso limitado da terra disponível" para habitação aliado às consequentes "restrições de oferta no setor de habitação" provocou "fortes aumentos nos preços das casas, dificultando a acessibilidade" às mesmas, indica o relatório da OCDE na sua análise sobre o Grão-Ducado. No documento, a organização puxa novamente as orelhas ao executivo luxemburguês, e sublinha mesmo "fraca coordenação entre o governo e os municípios" para resolver o problema dos terrenos que poderão vir a servir para construção.

 "As restrições à oferta de habitação precisam ser resolvidas, pois os preços das habitações continuam a aumentar e o endividamento das famílias é alto", pede a OCDE. E estima também que imigração tenderá a continuar "impulsionada por um mercado de trabalho dinâmico" e, consequentemente, a procura de casas. 

No Grão-Ducado apenas são construídas pouco mais de metade das casas em comparação com o crescimento anual da população, este último devendo-se em grande parte à imigração. De acordo com os dados do estudo, entre 2014-2015 a população aumentou quase 2,4% sendo que a percentagem de novas casas ficou abaixo do 1,2%.

Quando comparado com a França, a Suíça e a Alemanha, o Luxemburgo é o único país com esta realidade, isto é, onde o número de novas casas corresponde a metade do crescimento populacional. Em França, por exemplo, verifica-se o contrário: a população cresce 0,4% e o crescimento habitacional 1,2%; na Alemanha e na Suíça, a construção habitacional quase acompanha o crescimento populacional.

Já não é a primeira vez que a OCDE alerta o Grão-Ducado para o problema. Já o tinha feito no final de 2o17

Quanto custa alugar e comprar uma casa 

De acordo com os dados mais recentes divulgados pelo Contacto em abril de 2019, alugar um apartamento custa em média 1.520 euros por mês, ao mesmo tempo que o preço para uma casa subiu para os 2.892 euros. O aumento nos preços para compra de apartamentos e de casas, no Luxemburgo, chegou a 12 e 11%, respetivamente

Um outro estudo do gabinete de estatísticas da União Europeia (Eurostat) no final de 2018 revelava uma realidade igualmente preocupante. As famílias residentes no Grão-Ducado gastam quase 25% do total do dinheiro que têm alocado para gastar com a casa, água, gás e aquecimento. De acordo com o Eurostat, este valor fica mesmo a cima da média europeia, de 24,2%, e é o sétimo mais elevado da União Europeia. É na Finlândia que as famílias despendem com a casa, dedicando-lhe quase 29% da fatia de rendimento destinada ao pagamento de despesas.

Também nas contas feitas pela Radio Latina, em abril de 2018 o preço médio das rendas de casa ultrapassava o salário mínimo qualificado no Luxemburgo

Paula Santos Ferreira


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O preço louco da habitação está a obrigar os luxemburgueses a ir viver para os países vizinhos, e os seus habitantes a deixar de poder morar também na sua terra, como Arlon. O efeito bola de neve da habitação no Grão-Ducado tem diversas direções: filhos adultos a viver mais tempo com os pais, desigualdades a aumentar e o país a deixar de ser atrativo para os emigrantes.