Madeira está 93% mais cara face a janeiro de 2020
Madeira está 93% mais cara face a janeiro de 2020
São apenas alguns exemplos. O preço da madeira disparou 93% e o do trigo de moagem 86% face a janeiro de 2020. O custo dos materiais e matérias-primas usados pela manufatura permanecem num nível muito elevado face ao período pré-pandemia, o que leva a Câmara dos Ofícios a alertar para uma situação preocupante no setor.
De acordo com o inquérito de conjuntura realizado pela instituição, referente ao segundo trimestre do ano, o indicador de atividade do setor da indústria manufatureira começa a estagnar num nível substancialmente inferior ao registado antes da crise sanitária.
Perante um aumento dos preços, da inflação e de todas as despesas, a Câmara dos Ofícios alerta para o risco de problemas de liquidez e de rentabilidade. O organismo lembra que, "após dois anos de pandemia, as reservas financeiras de muitas empresas da manufatura estão esgotadas e estas novas dificuldades financeiras poderão pôr em perigo a sobrevivência de algumas empresas que já estão fragilizadas".
Ainda sobre o aumento dos preços, o organismo salienta também a "subida em flecha" dos preços da energia fóssil, devido à invasão russa da Ucrânia, apesar da ligeira quebra durante os meses de verão. Mesmo assim, adverte que "este conflito tem consequências imprevisíveis para os países europeus, sobretudo no que diz respeito ao abastecimento de produtos energéticos para o próximo inverno".
Empresas preocupadas com o 'index' e com a falta de mão-de-obra
A Câmara dos Ofícios alerta igualmente para o aumento das despesas relacionadas com o pessoal, agravada por uma forte penúria de mão-de-obra qualificada que acaba por exercer uma "pressão constante" nos salários.
O inquérito de conjuntura do organismo confirma que aumentou a percentagem de empresas cuja atividade está a sofrer com a falta de pessoal. No segundo trimestre deste ano, essa taxa ascendia aos 36%, sendo que os setores da alimentação e da construção são os mais afetados.
A instituição sublinha que o problema de falta de mão-de -obra deverá acentuar-se nos próximos dez anos, já que deverá ser necessário substituir entre 22 mil a 25 mil trabalhadores em idade de reforma.
A indexação dos salários também pesa nas faturas das empresas do setor. Apesar do adiamento da tranche de julho, a Câmara dos Ofícios recorda que as empresas tiveram de pagar duas parcelas no espaço de sete meses (uma em outubro de 2021 e outra em abril de 2022).
De acordo com o organismo, as empresas estão "muito preocupadas" com a indexação, já que as previsões sobre a inflação para o segundo semestre do ano e para 2023 não são animadoras. Razão pela qual apela para que sejam "encontradas soluções à altura dos desafios" deste setor.
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