Luxemburgo. Gás sobe 80% já em outubro e eletricidade aumenta 45% em janeiro
Luxemburgo. Gás sobe 80% já em outubro e eletricidade aumenta 45% em janeiro
Os riscos crescentes de escassez de gás na Europa estão a fazer subir não apenas os preços do gás, mas também os preços da eletricidade. Um impacto que se está a começar a refletir nos preços ao consumidor e a pressionar a subida do valor da inflação, alerta o Statec.
Na análise da conjuntura, divulgada esta quinta-feira, o instituto de estatísticas luxemburguês, avisa que a inflação vai voltar a subir no outono, "com vários aumentos nos preços do gás a partir de outubro de 2022 e um aumento nos preços da eletricidade em janeiro de 2023".
O Statec estima um aumento de 80% na tarifa do gás no próximo mês e de 45% na eletricidade em janeiro de 2023.
"A inflação no Luxemburgo permaneceu estável em agosto de 2022 (6,8%) mas deverá atingir um pico de 8,7% em janeiro de 2023", aponta o organismo, justificando que este aumento é explicado "pela transmissão direta e indireta dos preços mais elevados da energia nos preços finais" sentidos pelos consumidores.
A recente decisão da Gazprom, a empresa de gás russa, de prolongar por tempo indefinido o encerramento do Nord Stream 1, que transporta o combustível para a Europa, veio aumentar a tensão no mercado europeu do gás, o que afeta, de acordo com o instituto luxemburguês, diretamente o preço da eletricidade no mercado grossista europeu.
"A 1 de janeiro de 2022, o preço da eletricidade no mercado alemão, com o qual a rede luxemburguesa está mais ligada, era de 85 euros por megawatt hora. Após meses de aumentos contínuos, foi atingida a marca de 660 euros no final de agosto. Os contratos futuros para 2023 foram negociados a 560 euros em agosto, contra 350 euros em julho", exemplifica o instituto de estatísticas do Grão-Ducado.
Tarifas do gás com subidas até ao final do ano
Além do aumento de 80% nos preços do gás em outubro, o Statec estima ainda um novo aumento de 10% em novembro e de 30% em janeiro de 2023.
As previsões de subidas do gás e da eletricidade (em 2023) contribuirão com 2 pontos percentuais para o aumento da inflação no próximo ano. E, avisa o organismo, "o impacto seria ainda mais pronunciado se as tarifas da rede de gás, para as quais se espera um aumento no início de 2023, não fossem cobertas pelo Estado".
A inflação esperada em 2022 é mantida em 6,6%, para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor, e em 4,3% para a inflação subjacente. Já as previsões para 2023 são revistas em alta, com o Statec a apontar para um valor de 6,6% para a taxa de inflação geral e de 4,9% para a inflação subjacente (face aos 5,3% e 4,5%, respetivamente, previstos numa análise anterior).
Aumentos de preços generalizados
Mesmo com as ajudas do Estado o aumento generalizado dos preços nos próximos meses e início do próximo ano será inevitável.
Os problemas no fornecimento do gás decorrentes da invasão da Rússia à Ucrânia e das sanções da União Europeia a Moscovo vão também ter reflexo não só no aumento dos preços da eletricidade, mas nos outros bens e serviços, antecipa o Statec.
"O aumento da incerteza sobre o fornecimento de gás na Europa está a ser transferido para os preços da eletricidade e, de um modo mais geral, para os preços de uma vasta gama de bens e serviços".
Além da crise energética reforçada pela guerra na Ucrânia, o organismo salienta também a influência da estratégia "covid zero" da China e dos respetivos confinamentos na perturbação das cadeias de produção globais, "assim como os persistentes desequilíbrios entre a oferta e a procura, com impacto positivo no preço de uma vasta gama de bens e serviços". "Na Europa, estas pressões sobre os preços são reforçadas pelas sanções contra a invasão russa da Ucrânia e a depreciação do euro, o que torna as importações mais caras", sublinha o Statec.
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