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Luxemburgo deve facilitar contratação de trabalhadores de fora da UE
Economia 3 min. 28.10.2022
Trabalho

Luxemburgo deve facilitar contratação de trabalhadores de fora da UE

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Luxemburgo deve facilitar contratação de trabalhadores de fora da UE

Foto: Guy Wolff
Economia 3 min. 28.10.2022
Trabalho

Luxemburgo deve facilitar contratação de trabalhadores de fora da UE

Heledd PRITCHARD
Heledd PRITCHARD
A Fedil, que representa a indústria do país, considera que há demasiados obstáculos para integrar estas pessoas, apesar da clara falta de trabalhadores qualificados.

O Luxemburgo devia flexibilizar as regras de mudança de empregador para os trabalhadores de fora da União Europeia (UE), defende a Fedil, federação empresarial multissetorial que zela pelos interesses da indústria no Grão-Ducado.

A Fedil considera ainda essencial reconhecer que os trabalhadores mais jovens mudam de emprego e mesmo de carreira mais rapidamente do que as gerações anteriores.


Nunca houve tanta falta de trabalhadores no Luxemburgo
As empresas luxemburguesas têm registado números recorde de ofertas de emprego em 2022.

Há anos que o Luxemburgo se esforça por recrutar trabalhadores qualificados e, para isso, depende cada vez mais do talento de pessoas fora da UE, apontou a Fedil num relatório publicado na semana passada.

Mas, apesar da crescente necessidade de mão-de-obra, continua a ser demasiado difícil recrutar trabalhadores de países extracomunitários, com as  empresas passarem pelo moroso processo administrativo, disse o grupo.

Os trabalhadores de fora da UE que pretendam mudar de emprego ou de setor no primeiro ano do seu visto de trabalho têm de pedir autorização ao Ministério dos Negócios Estrangeiros, explica a Fedil.

Atraso dos serviços pode levar a arquivamento

"A Fedil está a questionar a utilidade deste limite, dado que os empregados, em particular os mais jovens, tendem a mudar de empregador ou mesmo de setor com mais frequência do que as gerações anteriores", salienta a federação.

"Esta norma parece injustificada e desatualizada dada a evolução do mercado de trabalho", considera ainda.

É "absolutamente necessário" que o processo de visto de trabalho seja mais rápido para que as empresas possam recrutar mais rapidamente o pessoal necessário, insiste. As autoridades podem demorar até quatro meses para aprovar o documento, sendo que o não cumprimento desse prazo leva a que o pedido seja arquivado.

A análise avançada de dados e competências matemáticas são as principais prioridades para os recrutadores na indústria financeira luxemburguesa, revelou um outro grupo de lobby do setor, Luxemburgo for Finance, num outro relatório publicado recentemente. Atrair o talento certo para o setor financeiro é uma das principais preocupações das empresas, segundo um estudo realizado no ano passado pela Deloitte Luxembourg. 


Faltam 1.500 trabalhadores no setor da horeca
O secretário-geral da Horesca considera que o custo de vida no país é um dos motivos para esta escassez.

Devido a uma persistente escassez de talento e a uma mudança nos hábitos de trabalho durante a pandemia, os trabalhadores com pouco mais de 20 anos querem que o trabalho seja realizado mediante condições estabelecidas pelos próprios, com gestores e horários a tornarem-se mais flexíveis e as suas tarefas a adquirirem mais propósito.

Processos demorados atrasam famílias inteiras

Os familiares que solicitam uma autorização de residência para se juntarem a um trabalhador recrutado também devem ser aprovados mais rapidamente, uma vez que longos atrasos e "procedimentos excessivos" que atrasam famílias inteiras de se juntarem podem prejudicar as empresas, argumentou a Fedil.

Ter de esperar até nove meses para saber se os membros da família podem obter uma autorização de residência é "muito tempo" e é "um obstáculo considerável para que as pessoas de fora da UE venham trabalhar para um empregador luxemburguês", lamenta ainda a federação.

As autoridades luxemburguesas deveriam, ainda, ser mais ativas durante os meses de verão no processamento dos pedidos, em vez de deixarem que as decisões de imigração se amontoem, segundo a Fedil. Muitos trabalhadores extracomunitários querem começar um emprego em meados de setembro, em linha com o início do novo ano letivo.


Portugueses entre aqueles que mais se sentem discriminados no emprego
Motivos ligados à "origem estrangeira" são os mais referidos pelos inquiridos.

Por outro lado, os funcionários deveriam ser capazes de tratar do processo em inglês, apesar de não ser uma das três línguas oficiais do país, uma vez que aqueles que vêm de fora da UE muitas vezes não têm conhecimentos de francês, alemão ou luxemburguês, concluiu o grupo.

(Este artigo foi originalmente publicado no Luxembourg Times e adaptado para o Contacto por Maria Monteiro.)

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