Juncker: "O fosso entre ricos e pobres é cada vez maior"
Juncker: "O fosso entre ricos e pobres é cada vez maior"
(MS) - Em entrevista à RTL Radio Lëtzebuerg este sábado, Jean-Claude Juncker falou sobre as medidas decididas durante a tripartida. Segundo o antigo primeiro-ministro, o pacote é adequado para conter a inflação no país.
Contudo, o ex-presidente da Comissão Europeia criticou o facto de, em tempos de crise, as pessoas com salários elevados beneficiarem mais das parcelas de indexação do que os salários pequenos e médios. Para Juncker, não é correto que uma pessoa no cargo de ministro de Estado receba três a cinco vezes mais do que um salário mínimo quando uma tranche do 'index' é acionada.
Segundo o político do CSV, seria necessário fazer nivelamentos no sistema de indexação e fixar um teto máximo para o 'index' em tempos de crise. Mas até agora, nenhum partido, nem mesmo o CSV, deu sinais de sugerir uma proposta semelhante. O ex-chefe do governo, de 68 anos salientou também que, independentemente do 'index', o fosso entre ricos e pobres não parou de aumentar. Juncker chamou "espetacular" à medida da tripartida segundo a qualo Estado vai pagar às empresas públicas e privadas os custos da terceira parcela do 'index' de 2023.
Juncker explicou que não esperava a decisão referida de um governo liderado pelos liberais. No entanto, reconhece que a medida é implementada em contexto de crise. Relativamente à liderança do CSV e ao estado do partido em geral, o político diz não estar preocupado. No seu entender, o partido da oposição afigura-se "realmente bem posicionado" antes do início da campanha eleitoral. Ele não quis comentar a sua visão para o governo naquela altura.
Luc Frieden, uma boa escolha
Jean-Claude Juncker considera o seu antigo ministro das finanças Luc Frieden uma boa solução como cabeça de lista do CSV para as eleições legislativas, acrescentando que, na Alemanha, não é trocar a política pela economia e voltar à política de novo. Juncker referia-se ao líder da CDU, Friedrich Merz, cujo percurso comparou ao de Luc Frieden no mundo corporativo. Segundo Juncker, Luc Frieden não deve ser apresentado exclusivamente como um liberal económico. Juncker vê o candidato como alguém que sabe refletir sobre os assuntos, que nunca bloqueou um projeto social quando o CSV estava no poder.
A entrevista de uma hora centrou-se também no atual período turbulento para muitos bancos internacionais, que Juncker disse não ser comparável à crise bancária de 2008.
O ex-presidente da Comissão Europeia criticou, ainda, a decisão da sua sucessora, Ursula von der Leyen, de considerar a energia nuclear como uma fonte de energia limpa, passo que, na sua opinião, não deveria ter sido dado.
(Artigo originalmente publicado no Luxemburger Wort e adaptado para o Contacto por Maria Monteiro.)
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