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Governo defende avaliação do sistema de armazenamento de gás e da estratégia de compra
Economia 4 min. 27.10.2021 Do nosso arquivo online
Energia

Governo defende avaliação do sistema de armazenamento de gás e da estratégia de compra

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Governo defende avaliação do sistema de armazenamento de gás e da estratégia de compra

Foto: AFP
Economia 4 min. 27.10.2021 Do nosso arquivo online
Energia

Governo defende avaliação do sistema de armazenamento de gás e da estratégia de compra

Ana TOMÁS
Ana TOMÁS
O ministro Claude Turmes participou ontem na reunião dos ministros da Energia da UE e apelou a uma avaliação, a médio e longo prazo, do funcionamento do sistema de armazenamento e da estratégia de compra do gás, rejeitando uma reforma do mercado europeu.

O ministro da energia luxemburguês, Claude Turmes, apelou, na reunião extraordinária dos ministros da Energia da União Europeia (UE), a uma reavaliação do funcionamento do sistema de armazenamento de gás. 

O Grão-Ducado é um dos nove Estados-membros que se opõe à estratégia, impulsionada por Paris, de fazer uma reforma do mercado europeu de energia que permita dissociar os preços da eletricidade e do gás, para fazer face à escalada de aumentos. E Claude Turmes reafirmou isso mesmo no encontro de ontem, onde os ministros se centraram na estratégia a adotar e em possíveis ações a tomar face à subida dos preços da energia. 

Segundo o comunicado do Ministério da Energia e do Ordenamento do Território,  Turmes defendeu que "pôr completamente em causa um mercado interno do gás e da eletricidade vai contra uma maior independência energética e seria contraproducente", recordando que a União Europeia permanece largamente dependente do abastecimento energético.


França vai dar 100 euros a quem ganhar menos de 2.000 para atenuar crise energética
O primeiro-ministro, Jean Castex, anunciou um "subsídio de inflação" excecional para ajudar as famílias a enfrentar a subida dos custos da energia. Portugal também avança com subsídios e reforço especial para transportes públicos.

No imediato, o governante defende que sejam tomadas medidas de curto prazo, por cada país, através da concessão de apoios. "No Luxemburgo, por exemplo, o governo decidiu aumentar o subsídio de custo de vida em pelo menos 200 euros por família a partir de 1 de janeiro de 2022", referiu. Este reforço foi anunciado, no discurso do Estado da Nação, como um aumento do apoio social para as famílias de baixos rendimentos, mas os sindicatos alegam que não é suficiente para fazer face aos aumentos da energia.

Apesar dos possíveis apoios no imediato, o ministro luxemburguês apelou para que a médio prazo seja feita uma avaliação do funcionamento do sistema de armazenamento de gás e, a longo prazo, da estratégia de compra desta fonte de energia aos fornecedores no mercado europeu, mas também a uma avaliação da posição dominante de alguns intervenientes no mercado do gás. 

A evolução dos preços do gás no Luxemburgo, na primeira metade deste ano, seguiu uma evolução ascendente, em contraciclo com a tendência dominante na União Europeia (UE), no mesmo período, segundo revelou um relatório do Eurostat publicado na semana passada.


Preços do gás desceram na primeira metade deste ano na UE mas subiram no Luxemburgo
No mesmo período, os preços médios da eletricidade doméstica nos Estados-membros aumentaram ligeiramente em comparação com 2020.

De acordo com os dados do gabinete de estatísticas europeu, os preços médios do gás registaram nos primeiros seis meses de 2021 uma trajetória de descida, face a igual período de 2020, diminuindo ligeiramente para 6,4 euros por 100 kWh, nos 20 dos 23 Estados-membros da UE que comunicaram os preços do gás natural no sector doméstico.

No entanto, o Grão-Ducado e outros dois países -  Dinamarca e Alemanha - viram os preços subir. O Luxemburgo foi, dos três, o que teve a terceira maior subida, 6%, enquanto na Alemanha o aumento foi de 8% e na Dinamarca de 19%.

Por outro lado, esta terça-feira, o mesmo organismo revelou que no que toca ao preço dos combustíveis e lubrificantes para o transporte privado, em setembro, o Luxemburgo foi o Estado-membro que registou a maior subida anual, com um aumento na ordem dos 30,7%. No mesmo mês, a própria UE atingiu um pico de 22,9%, em termos de subida dos preços dos combustíveis e lubrificantes para uso privado.

Reforçar energias renováveis, mas não a nuclear

Para reduzir a dependência da Europa dos combustíveis fósseis, o ministro luxemburguês defendeu a aceleração da implementação do pacote "Fit for 55", que visa reduzir as emissões de gases com efeito de estufa em 55% até 2030.

A forma de lá chegar passa, como já fora anunciado, pelo "desenvolvimento massivo das energias renováveis, apoio à eficiência energética e aumento das interligações entre os mercados energéticos", sublinhou o ministro. 


Luxemburgo contra reforma do mercado de energia
Nove países, entre os quais o Grão-Ducado e a Alemanha, opõe-se ao pedido de Paris para dissociar os preços da eletricidade e do gás.

Para já, a energia nuclear não é uma das soluções defendidas por Claude Turmes para travar essa dependência.   

O Ministério da Energia e do Ordenamento do Território diz, naquele comunicado, que continua a acompanhar de perto a evolução dos preços e a consultar os fornecedores de energia para monitorizar a situação do aumento dos preços.

Atualmente, o gás ajuda a fixar o preço global no mercado comum da eletricidade. O preço médio da eletricidade tem subido à medida que os combustíveis fósseis mais caros são utilizados para satisfazer o consumo crescente. 

Como noticiava ontem a AFP, a Comissão Europeia considera que este sistema, conhecido como "preço marginal", é "eficaz" porque incentiva o desenvolvimento das energias renováveis (que têm baixos custos operacionais mas exigem um investimento inicial maciço). Em meados de Outubro, a Comissão disse que iria investigar possíveis "comportamentos anticoncorrenciais" e manipulações, mas não pôs em causa o mercado da energia. 

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