França trava ligação de gasoduto ibérico à Alemanha
França trava ligação de gasoduto ibérico à Alemanha
As aspirações de Portugal, Espanha e Alemanha de verem construído um gasoduto que ligue a Península Ibérica à Europa Central foram goradas, esta semana, pelo governo de Emmanuel Macron.
O executivo francês continua a rejeitar a passagem de um novo gasoduto pelos Pirenéus, segundo noticiou esta quinta-feira o jornal espanhol El País. Na base dos argumentos para contestar o projeto estão questões de eficiência e rapidez e ambientais.
Num comunicado, citado pela rádio espanhola Cadena SER, o Ministério da Transição da Energia francês considera que "este projeto levaria anos a tornar-se operacional e não responderia à crise atual". Em vez disso, o governo de Macro vê a construção de terminais de GNL em zonas offshore em países como a Alemanha como uma solução alternativa "mais rápida".
O documento acrescenta, de acordo com a rádio, que "os Estados-membros da UE com uma frente marítima empreenderam a construção de terminais de metano, uma solução mais rápida e que permite a importação de gás dos países do Golfo e dos Estados Unidos". O executivo francês insiste que "estes terminais no norte e leste da Europa, e especialmente na Alemanha, representam investimentos menores e mais rápidos".
Os dois gasodutos nos Pirenéus, via Biriatou, no País Basco, e Larrau, em Navarra, "têm estado a funcionar em plena capacidade desde o início da crise ucraniana", com 225 gigawatts-hora, reconhece o governo francês. O projeto MidCat, um gasoduto de 120 quilómetros entre a fronteira espanhola e a cidade de Barbaira, a leste de Carcassonne, que foi abandonado em 2019, duplicaria a capacidade dos outros dois.
Contudo, há questões climáticas que se colocam, sobretudo quando os países da União Europeia estão comprometidos com metas e com a transição energética. O governo francês, que tem feito uma aposta crescente na energia nuclear, questiona a criação "infra-estruturas de gás permanentes quando a Europa está a acelerar a transição para a neutralidade de carbono em 2050", lançando também dúvidas sobre a possibilidade de no futuro esse gasoduto poder ser utilizado para o transporte de hidrogénio verde.
"As incertezas são muito elevadas sobre as capacidades de produção e consumo de hidrogénio e, subsequentemente, sobre a necessidade de uma infra-estrutura de tão grande escala com tanta antecedência", remata o relatório.
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