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FMI diz que 'index' luxemburguês prejudica as famílias mais pobres
Economia 3 min. 13.03.2023
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FMI diz que 'index' luxemburguês prejudica as famílias mais pobres

Foto: Shutterstock
Economia 3 min. 13.03.2023
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FMI diz que 'index' luxemburguês prejudica as famílias mais pobres

A política de aumento automático de salários prejudica as famílias mais pobres e atinge o mercado imobiliário, diz o Fundo Monetário Internacional.

(Por John Monaghan e Andréa Oldereide) 

O sistema de indexação salarial do Luxemburgo tem beneficiado desproporcionalmente quem ganha mais e pode estar a contribuir para a espiral dos elevados preços da habitação no país, alertou o Fundo Monetário Internacional (FMI) ao Governo do Luxemburgo, na sexta-feira.  

A política do país em aumentar de forma automática todos os salários, pensões e benefícios sociais em 2,5%, assim que a inflação ultrapassar um certo limite, deve ser reformada, entende o FMI. O organismo considera que o sistema do index também pode levar as empresas a atrasar decisões de investimento, prejudicar as que competem no exterior e aumentar os já altos preços dos imóveis.

Esta indexação "tem sido generosa demais para famílias relativamente mais ricas, o que pode gerar uma pressão de subida nos preços das casas", realça o relatório com as conclusões preliminares do FMI à inspeção anual da saúde financeira do Luxemburgo.

A crítica ao sistema de indexação salarial do país faz eco às preocupações levantadas pela OCDE num relatório em novembro passado.


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Apoiar as famílias mais pobres

Para o FMI, as indexações salariais futuras deviam ser vinculadas à inflação base e acompanhadas de medidas direcionadas para "apoiar os segmentos mais pobres da população". O Luxemburgo também deve considerar um mecanismo para suspender aumentos salariais automáticos se for comprovado que isso prejudica a competitividade do país, considera ainda FMI.

"O ambiente de inflação elevada reacendeu as preocupações sobre as espirais salários-preços e a capacidade de ajustamento das empresas. A reforma da indexação salarial, juntamente com medidas para conter o aumento do custo de vida, em particular a habitação, poderia ajudar a continuar a atrair talentos, preservando simultaneamente a competitividade", afirmam os peritos no relatório.

A subida em flecha dos custos de habitação no país foi, uma vez mais, o fator central do novo relatório do FMI, com o organismo a prever que a acessibilidade económica é "suscetível de piorar ainda mais" a curto prazo. O preço de uma casa ou apartamento disparou 140% entre 2010 e 2022 no Luxemburgo, segundo um relatório do Eurostat em janeiro, significativamente mais do que o ganho médio da UE de 49% no mesmo período.


As novas medidas de apoio às famílias
Além das três indexações previstas para este ano haverá um credito fiscal equivalente a duas parcelas do 'index'.

Habitação. Grande problema

O Luxemburgo deve concentrar esforços no aumento da oferta de habitação e retrair as políticas existentes que alimentam a procura, aconselha o FMI. 

Para tal, o organismo aponta no seu relatório medidas que permitem créditos fiscais para pagamento de juros hipotecários e para custos relacionados com a compra de uma casa ao abrigo do Bëllegen Akt, ambas alargadas no acordo recente da tripartida. 

Outras das recomendações passam por desenvolver todas as potencialidades da sua força de trabalho, terminando com os obstáculos para as trabalhadoras mulheres, facilitando o acesso dos cônjuges aos vistos e desencorajando a reforma antecipada. "A participação dos seniores e o emprego poderiam ser melhorados através da redução da generosidade do sistema de pensões", disse o FMI.


Há mais casas à venda e menos compradores no país, devido à subida das taxas de juro e dificuldades em obter crédito imobiliário.
"Um proprietário 'chico esperto' já não consegue vender a casa" no Luxemburgo
A crise está a acabar com a especulação no imobiliário e, agora, as casas vendem-se a "preços justos". Os vendedores ou baixam o preço ou esperam.

Após uma forte recuperação após a pandemia, a economia do Luxemburgo abrandou um pouco, devido às consequências da invasão russa da Ucrânia. Contudo, a implementação de medidas de apoio "generosas e dispendiosas atenuaram o impacto do choque do custo de vida na procura", entende o FMI. No país, existem "bolsas de fragilidade, especialmente os fundos imobiliários e de investimento, que devem, por isso, continuar a ser acompanhadas de perto e, em caso de necessidade, serem adotadas medidas".

(Artigo originalmente publicado no Luxembourg Times e adaptado para o Contacto por Paula Santos Ferreira.)

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