Embargo total ao petróleo russo ainda não está decidido
Embargo total ao petróleo russo ainda não está decidido
Quando Ursula von der Leyen apresentou no Parlamento Europeu, esta quarta-feira o sexto pacote de sanções à Rússia com o embargo total ao petróleo russo até ao fim do ano, a hipótese de esse pacote ser aprovado pelos 27 países estava longe de garantido.
O embargo às importações de petróleo russo é considerado por muitos políticos e analistas como a maneira mais poderosa de cortar o financiamento ao Kremlin e acabar com a guerra na Ucrânia. Esta sexta-feira, os embaixadores dos países da União Europeia estão reunidos para analisar a proposta e espera-se que a reunião se arraste pelo fim-de-semana. O documento final que sairá das negociações entre as várias capitais terá que ser aprovado por todos os 27 países, sem exceção.
O mais difícil será convencer a Hungria e a Eslováquia – os dois países europeus que dependem a 100% do petróleo russo – a assinar esta proposta draconiana. O primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, disse esta sexta-feira que a proposta, como está, equivale a uma “bomba nuclear” para a economia húngara.
A proposta da Comissão é de que dentro de seis meses deixe de ser importado crude (o petróleo em bruto) e até ao fim de 2022 todos os produtos do petróleo russo. Segundo o documento da Comissão, que está agora a ser “martelado” pelos embaixadores das várias capitais em Bruxelas, até final deste ano será proibido importar “todo o petróleo, crude ou refinado, quer chegue por mar ou via pipeline”.
A atual proposta já permite à Hungria e à Eslováquia - por causa das suas especificidades - mais um ano para acabar com o petróleo russo, ou seja, até ao fim de 2023. Mas tanto o governo húngaro como o esloveno entendem que isso não é suficiente.
Orbán disse a uma rádio húngara que quer um prazo mais longo, de cinco anos, uma vez que o país recebe todo o seu petróleo por pipeline diretamente da Rússia. Orbán salientou que não assinará este sexto pacote de sanções enquanto a situação da Hungria não estiver garantida. Também a Eslováquia e a Bulgária querem que o prazo seja menos rigoroso.
A proposta de sexto pacote de sanções, com a “bomba nuclear” do embargo total ao petróleo russo foi enviada na terça-feira à noite aos responsáveis de cada um dos países da UE e na quarta de manhã, no plenário do Parlamento Europeu em Estrasburgo, Ursula von der Leyen anunciou o pacote com cinco novas sanções. Entre as mais poderosas, a exclusão do Sberbank (o maior banco russo) do sistema bancário internacional SWIFT e o embargo ao petróleo russo. No próprio dia de quarta-feira começaram as discussões entre a Comissão e os países.
A versão final - e quão gravosa poderá ser para Putin ou não - só se conhecerá nos próximos dias.
A UE paga cerca de 261 mil milhões de euros pela compra de petróleo russo todos os dias. E um milhão de euros diários pela compra dos três combustíveis fósseis: carvão, petróleo e gás.
Numa entrevista recente à BBC, um ex-conselheiro de Putin, Andrey Illarionov, explicou que um embargo total às importações de combustíveis fósseis da Rússia da UE levaria ao fim da guerra na Ucrânia em oito semanas. Visto de um ponto de vista contrário, é o Kremlin que é altamente dependente da União Europeia para se financiar.
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