Economia. Inverno difícil, mas luz ao fundo do túnel
Economia. Inverno difícil, mas luz ao fundo do túnel
“As nossas dificuldades não acabam a 31 de dezembro”, salientou Paolo Gentiloni na apresentação das previsões económicas de inverno para a União Europeia. Apesar de a Europa estar submersa pela segunda vaga de covid-19, o arranque das campanhas de vacinação permite um “otimismo moderado”, quanto à saída da crise, refere a introdução do relatório sobre previsões económicas.
No relatório da autoria da Comissão Europeia estima-se que as economias da zona euro cresçam 3,8% tanto em 2021 como em 2022. A economia da União Europeia (no total dos 27 países) deverá crescer, segundo as previsões, 3,7% em 2021 e 3,9% em 2022. Um resultado melhor do que se desenhou nas previsões de outono de 2020, levando a que as economias europeias possam atingir o nível anterior à crise pré-covid mais cedo.
Estas previsões “moderadamente otimistas” podem no entanto ser contaminadas por eventos imprevistos. Como a emergência de novas variantes do SARS-CoV-2 mais contagiosas e as feridas económicas e sociais serem mais profundas do que a avaliação atual. As falências que foram também em muito menor número do que esperado, poderão também acontecer a um ritmo maior e mais catastrófico no futuro próximo.
Por outro lado, há imprevistos, sobretudo dependentes de boas políticas, que podem igualmente levar a situação a melhorar mais do que se espera. É o caso do arranque em força das campanhas de vacinação – que pode ganhar impulso com a “task force” anunciada ontem por Ursula von der Leyen para acelerar a produção. Ou os investimentos inovadores que poderão dar novo ânimo à economia. Por avaliar, como elemento de alavanca, segundo Paolo Gentiloni está o Instrumento de Recuperação e Resiliência com o valor total de 672 mil milhões de euros que entrará em funcionamento no final deste mês, e cujos fundos poderão começar a ser alocados já no início do verão.
672 mil milhões que vão mudar o jogo
O Instrumento de Recuperação e Resiliência (a quase totalidade do Próxima GeraçãoUE) foi apresentado como o elemento que poderá virar o jogo levando sobretudo as economias mais debilidades a reerguerem-se. Os países deverão submeter à Comissão Europeia os seus planos até final de abril. A aprovação posterior por parte do Conselho Europeu garantirá um pré-financiamento de 13%. E cada nova tranche será desembolsada consoante os países atinjam as metas dos projetos definidos. Segundo a Comissão, a boa aplicação destes empréstimos e subsídios, poderá levar a um crescimento do Produto Interno Bruto até 2% ao ano no período em que está em vigor (até 2026).
Há uma luz ao fundo do túnel: a vacinação
Embora o inverno europeu tenha arrancado mal, com novos confinamentos e medidas extremas em vários países, há agora uma luz ao fundo do túnel que há meses parecia estar mais longe, referiu Paolo Gentiloni. Trata-se da vacinação. “À medida que as campanhas de vacinação ganham força, as medidas de contenção irão ser gradualmente relaxadas. A atividade económica irá ser retomada, ainda moderadamente no segundo trimestre, mas mais vigorosamente no terceiro, fomentada por consumo privado e pela recuperação do comércio internacional”.
A saída do Reino Unido do Mercado Interno europeu com acordo - que foi conseguido quase nos últimos dias de 2020 - evitou também as consequências difíceis para a economia europeia de um “hard Brexit”, que implicaria maiores perdas, sobretudo para os países com maiores trocas comerciais com os países para lá do Canal da Mancha.
Finalmente, refere o documento, as economias europeias provaram ser mais resilientes do que o esperado - com uma recuperação vigorosa no terceiro trimestre de 2020.
No mundo, risco de uma “geração perdida”
Enquanto que a economia mundial está a caminho de recuperar, “o quadro é muito negro em grande parte do planeta”, alertou Gentiloni que citou Kristalina Georgieva, quando a diretora do Fundo Monetário Internacional referiu que poderá haver uma “geração perdida”, com mais de 29 milhões de pessoas a arriscar entrar no patamar de pobreza extrema. E quando metade dos países em vias de desenvolvimento não irá atingir os objetivos de desenvolvimento para 2030 traçados pelas Nações Unidas.
Siga-nos no Facebook, Twitter e receba as nossas newsletters diárias.
