Cerca de 140 mil trabalhadores tiveram cortes salariais no Luxemburgo
Cerca de 140 mil trabalhadores tiveram cortes salariais no Luxemburgo
Estima-se que mais de 140 mil trabalhadores tenham tido cortes salariais durante um ou mais meses no Luxemburgo. A estimativa é feita pelo STATEC, instituto de estatísticas do Luxemburgo. Apesar das medidas de apoio à economia "o mercado de trabalho está claramente a sofrer uma grave desaceleração", escreve este organismo numa nota de conjuntura divulgada hoje.
E as previsões não são otimistas. O custo salarial médio deverá "diminuir cerca de 5% em 2020 (e mesmo 8% no sector privado) pelo facto do Estado estar a assegurar o salário dos trabalhadores que estão em desemprego parcial ou que têm licenças parentais".
Mas "as consequências da pandemia de Covid-19 só se tornarão visíveis gradualmente" e as medidas governamentais "não serão capazes de absorver o choque na sua totalidade", escreve-se na nota de conjuntura divulgada esta quinta-feira.
No Luxemburgo, o emprego e o desemprego foram também fortemente afectados pelo choque da crise sanitária. O aumento do desemprego em março deveu-se "ao encerramento dos estaleiros de construção e à diminuição do emprego temporário", explica o STATEC. Durante os próximos meses, a situação deverá estabilizar.
"Profunda recessão no Luxemburgo"
O instituto de estatísticas do Luxemburgo prevê que o país "irá viver este ano uma profunda recessão, com repercussões acentuadas no mercado de trabalho e nas finanças públicas". Nos indicadores, divulgados hoje, prevê-se que "o PIB real do Luxemburgo diminua 6% este ano". Mas para o próximo ano estima-se "uma recuperação de 7%"
"A atividade económica no Luxemburgo foi relativamente sustentada durante os dois primeiros meses do ano, mas caiu drasticamente a partir de março com a introdução de medidas de contenção", pode ler-se nesta nota de conjuntura. Assim, os setores mais prejudicados foram aqueles diretamente afetados por um encerramento total ou parcial: construção, restaurantes, cafés e comércio e/ou áreas para os quais as oportunidades de teletrabalho são limitadas.
Agora a supressão gradual do confinamento "deverá permitir a recuperação da atividade a partir do terceiro trimestre", prevê o STATEC.
Quanto ao setor financeiro, um dos mais importantes da economia luxemburguesa, foi graças ao teletrabalho que "conseguiu aparentemente manter o nível de emprego da sua mão-de-obra, mas a desaceleração dos mercados bolsistas e a desaceleração económica afetarão os seus resultados". Assim, a atual crise "está a pressionar o sector financeiro através do aumento da procura de crédito a curto prazo por parte das empresas, mas espera-se que o valor acrescentado em termos de volume diminua significativamente ao longo do ano no seu conjunto."
Preços de produtos alimentares devem subir
No Luxemburgo, os preços no consumidor "abrandaram consideravelmente na sequência da introdução dos transportes públicos gratuitos e do colapso dos preços do petróleo sob o choque da covid-19". Esta desaceleração cíclica deverá também resultar em tendências desinflacionistas nos próximos trimestres, na sequência do enfraquecimento da procura.
No entanto, a curto prazo e para certos sectores "as dificuldades de abastecimento podem exercer uma pressão ascendente sobre os preços, o que é o caso dos produtos alimentares", sublinha-se na nota.
A projectada recuperação dos preços do petróleo, embora muito gradual, contribuirá para uma recuperação da inflação de 0,6% em 2020 para 1,6% no próximo ano.
Recessão global
O contexto da economia mundial "é fortemente afectado, este ano, pelas consequências da pandemia do coronavírus", sublinha o STATEC.
Assim, "as medidas de contenção implementadas em muitos países estão a provocar uma quebra muito acentuada da actividade no primeiro semestre do ano e as medidas de apoio monetário e orçamental adoptadas não conseguirão evitar uma recessão profunda ao longo do ano".
Na zona euro, esta recessão será ainda mais acentuada do que a de 2009, mas repartida por um período mais curto. Espera-se uma recuperação em 2021, cuja amplitude dependerá da evolução da situação sanitária.
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